Início do fim

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"Apenas sei, que nada vai estar igual. Algumas pessoas, já sei que não estarão lá." 


 L.Krsna


-Você está ficando cada vez melhor.

A voz do meu avô me incentivou quando consegui interceptar outro golpe dele, me afastando em um salto logo depois. Estávamos no galpão. O mesmo da minha infância, mas desta vez eu não estava consertando um avião ou ajudando meu avô nisso.

Eu havia contado a ele sobre Obito. Com o julgamento chegando, eu precisava falar com alguém sobre isso. Eu teria que falar tudo em juízo em duas semanas, então eu preferia que minha família ouvisse primeiro. Eu não contara tudo, ainda não conseguia, mas pelo pouco que foi dito meu avô decidiu me ensinar a lutar. Não apenas para que eu pudesse me defender e impedir que alguém me machucasse de novo, mas também para ajudar em meus novos sentidos que se desenvolveram em compensação com a falta de visão.

E também para  controlar toda a frustração que por vezes, apesar de tudo, queria aflorar em mim. Eu precisava pensar em algo além do julgamento, e do grande nada que vinha pela minha frente.

Concentrei minha audição e senti o deslocamento de ar, me abaixando e armando meu punho. Ouvi um xingamento baixo e uma risada.

-Vovô?

-Está tudo bem Naru, você pegou seu velho de jeito!

-Desculpe.

Senti um carinho em minha cabeça e tensionei um pouco, até relaxar. Minha família já estava acostumada com isso, a não se aproximar de mim tão bruscamente. Ele bagunçou meu cabelo com força, me fazendo relaxar e rir. Eu estava deixando o cabelo crescer, desde que saíra do hospital. Agora ele já passava da linha dos meus olhos.

Ouvimos então um barulho de carro vindo. Devia ser a minha mãe, na nossa nova rotina ela trabalhava durante o dia enquanto eu ficava com meus avôs. Era como voltar a ser criança.

-Vamos descansar um pouco. Ver o que sua mãe trouxe para o lanche.

Assenti e segurei seu braço enquanto ele me guiava para fora. Podia sentir o calor do sol na minha pele, mas havia um vento frio, que era bem-vindo no meu corpo suado. Podia ouvir mais vozes, o que não era tão estranho. Itachi havia retornado para o fim de semana, e Kakashi havia aparecido de surpresa de visita na casa dele, apenas para ter uma chance de flertar com minha mãe no restaurante.

Sinceramente.

-Naruto! Tem uma visita para você.

Levantei a cabeça em direção a voz dela, como se pudesse enxergar. Velhos hábitos. Não imaginava quem me visitaria. Neji já havia vindo tantas vezes naquelas semanas que minha mãe nem considerava ele visita. Era bom conversar com Neji, eu nunca imaginaria isso. Depois de anos com Hinata, ele sabia exatamente como agir para me ajudar sem deixar tudo estranho. Ele estava me ensinando braile, que havia aprendido ainda criança por conta de Hinata. Por vezes eu me sentia frustrado, até ao ponto de jogar os livros na parede, mas ele não me deixava desistir, nem Senhor Hiashi, me ligando duas vezes pela semana para perguntar coisas sobre os livros.

Eles estavam me fazendo bem. Apesar de eu saber que Neji estava projetando Hinata em mim, eu me sentia bem. Ele dissera que Hanabi havia voltado para os Estados Unidos logo depois do funeral, que ela precisava do tempo dela para assimilar o que acontecera, e que tudo estava sendo mais complicado para ela, por isso eles não tinham nada mais importante para fazer. Esse jeito Hyuuga de dizer que se importava comigo era mesmo muito estranho.

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