Ela me perguntou se eu faço isso todo dia, eu disse "muitas vezes"
Perguntei com qual frequência ela entra na onda, ela disse "não muitas vezes"
- Often
Seul, Capital da Coréia do Sul
Soyoon se sentou na escadaria do segundo andar com as duas mãos bem apoiadas no próprio rosto. O sinal já havia tocado há algum tempo, mas ela não estava preocupada em entrar na sala de aula. Não naquele momento. Ela precisava pensar, pensar em si mesma, pensar em decisões a quais pudesse tomar, mas a única coisa que conseguia era sentir uma vontade enorme de voltar correndo para casa e abraçar sua mãe dizendo que havia perdido o controle da própria vida.
Ela estava há apenas dois dias sem sua mãe e ainda assim sentia tanta falta da mulher que quase jogou fora todo o seu orgulho.
Soyoon estava confusa, não sabia como agir, mas precisava pensar.
Ela olhou para o lado quando ouviu as passadas que se aproximavam de seu corpo, assistiu o instante em que Syru se sentou ao seu lado e desviou o olhar cansada.
— Eu não vou dizer nada. — ele soltou baixo, apoiando os ombros nos joelhos dobrados.
Soyoon voltou a olhá-lo sem esconder sua expressão curiosa. Syru parecia inquieto, embora tivesse dito que permaneceria como estava.
— Diga alguma coisa. — ela soltou, passando uma mão à outra.
Takog levantou as sobrancelhas e soltou um som nasal parecido com riso, mas não havia humor.
— Eu sempre imaginei como seria esse dia. Quando eu tivesse que assistir seu rosto de decepção graças à uma desilusão amorosa. Pensei que teria que ver isso de longe com as mãos coçando para fazer algo, mas no fim... estou do seu lado. Isso é complicado pra mim, entende?
Yoon abaixou levemente a cabeça e molhou os lábios demoradamente.
— Mesmo tendo um outro pai... eu sempre me curei sozinha. Não se preocupe. — respondeu ela, mexendo no botão do blazer.
— Mas eu estou aqui agora. — afirmou ele.
— Takog, as coisas não são complicadas só pra você.
— Eu quero descomplicar. Eu te juro que quero muito quebrar o nariz daquele moleque.
Ela chegou a rir, negando indignada.
— Não há tantos motivos assim. Pare de agir como um... pai protetor.
Syru engoliu saliva olhando para frente com seriedade na face.
— Eu tenho todos os motivos do mundo. Você pode nunca ter visto ou sabido, mas eu fui seu pai de longe, e você não sabe o quanto foi difícil te ver ralar o joelho enquanto brincava e não poder te ajudar a levantar. Eu sei que você não sabe andar de bicicleta, e eu queria tanto ter te ensinado... Eu sou um cara errado dos pés à cabeça, e meu único acerto foi você. Eu não valho nada, Soyoon, mas se quisessem me matar agora, eu lutaria contra porque você é o único motivo pelo qual eu quero viver. Quero viver pra te proteger e ver seu sorriso mesmo que seja de longe como sempre foi. Você não me conhece, mas o amor que eu sinto por você é tão forte que me sufoca. Você é minha filha, você tem o meu sangue, traços meus e ninguém vai mudar isso.
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Sete Finais
FanfictionPara Yun Soyoon, ter entrado na escola mais cara e importante da Coréia do Sul foi uma grande vitória. Em uma escola onde a questão social vale muito, e os alunos são divididos por fortuna, Soyoon se sente perdida por ser filha de donos de uma peque...