"Jesus chorou..."
João 11.35O ano não importava, não quando as lembranças permaneciam freneticamente em sua mente. Fora difícil perdoar aquele a quem deveria amar. E apenas o que fazia era ir até o seu túmulo e forçar a sua mente a esquecer tudo o que vivera.
A última lembrança era amarga demais para ser lembrada, no entanto, foi impossível não sonhar com ela durante os últimos anos. As brigas, os palavrões, a faca, a mesa, fizeram parte daquele crime. Era apenas um menino assustado tentando proteger a mãe contra o monstro do seu pai. Ele o odiava com todas as forças e se pudesse o mataria. E foi o que decidiu fazer naquela hora, pegou uma tesoura que sabia onde sua mãe guardava e esperou o momento certo para atacá-lo. O pai urrou quando percebeu o objeto fincado em sua perna. O menino arregalou os olhos assustado e começou a chorar. Tentou correr e se jogar nos braços daquela que o protegeria, entretanto, o inevitável aconteceu. Sua mãe morreu!
Os anos seguintes após a morte de sua mãe foram os piores possíveis. Já estava com oito anos e tudo o que desejava era fugir de casa. Todos os dias era aquela velha história, seu pai chegando tarde da madrugada bêbado, tirando-o da cama e batendo sem motivo, mas sempre deixando claro que a culpa era dele. O menino não aguentava mais aquela vida e tudo o que desejava era que o velho morresse. Havia tanto ódio naquele coração carente que seu comportamento começou a mudar dia após dia.
Brigas faziam parte da sua rotina escolar. Suspensões eram sempre bem vindas. O pequeno menino não se importava com as consequências dos seus atos. De acordo com a justiça seu pai nunca fora culpado pela morte da sua mãe, e porque ele, apenas uma criança se culparia por seus atos?
O percurso da vida muda quando menos imaginamos. O pai teve um derrame inesperado, e o que restara era apenas um homem na cama e um menino que o odiava.
Victor se revirou na cama mais uma vez, inconformado. Por que aquelas lembranças nunca o deixavam? Isso havia acontecido há tantos anos que já deveria ter esquecido. Era um homem adulto, em uma boa profissão e que já enfrentara muitos desafios, e porque aquilo ainda o atormentava? Um psicólogo formado com honra que não conseguia se libertar do seu próprio passado! Bufou ao sair da cama.
Olhou o relógio da cabeceira indignado. E mais uma noite se passou, eram cinco horas da manhã e novamente não conseguiu dormir direito. Alias, fazia meses que passa por isso, insônias, pesadelos e o coração acelerado. Trocou de roupa, calçou um tênis e saiu pela porta da sua casa. A única coisa que renovava suas forças todas as manhãs era a corrida. O momento que sentia uma conexão grande entre ele e seus pensamentos. Só assim tinha força o suficiente para enfrentar mais um dia e principalmente, o seu passado.
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Incondicional
RomanceFernanda era uma mulher bem sucedida profissionalmente. Com seus 26 anos tinha uma vida estável, mas ainda não se apaixonara. Apesar de ser uma mulher cheia de atitude, carregava algo que a impedia de amar. No entanto, o destino a fez conhecer Victo...