Capítulo 27

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"O amor (...) Não maltrata".
I Cotintios 13. 5ª

O tempo deveria parar, as horas congelar, nem que fosse por apenas um dia. Esse era o desejo de Fernanda ao sair da pequena cidade que aprendeu a admirar. Apenas um fim de semana, exatamente dois dias, mas parecia uma semana inteira longe de compromissos, preocupações e lidando com seus dilemas. Desejava ficar mais um dia, mas não podia abusar da boa vontade da sua chefe. Aqueles dias em Rancho Queimado deram a coragem que ela precisava. A chance de se aproximar de Victor de uma maneira que ela jamais poderia imaginar.

Victor era um homem muito interessante, tinha todo o seu lado misterioso, autêntico e difícil, mas nas últimas horas se revelara um amigo, mais do que isso, um verdadeiro cavaleiro. Após aquele beijo que a deixou estarrecida, não pôde mais resistir e entregou todos os seus sentimentos. Não havia mais como lutar contra eles, não era mulher de se apaixonar por qualquer homem bonito, mas o psicólogo tinha algo especial que os atraiu igualmente desde que se conheceram.

Toda aquela raiva era uma tentativa frustrada de espantar sentimentos que não desejavam. Fernanda desistiu de tentar compreender a vida, os propósitos e dar vasão ao seu sexto sentido. Sabia do seu histórico terrível e das escolhas erradas. Com força, amor, e o carinho que ele vinha mostrando o medo foi se evaporando pouco a pouco.

Pegaram a saída da serra catarinense e ela começou a sorrir sozinha ao relembrar da cara da irmã ao vê-los juntos de mãos dadas. Victor não escondia o seu sentimento, pelo contrário, surpreendeu as duas mulheres da casa ao falar o quanto Fernanda o deixava maluco, das discussões e ao mesmo tempo da necessidade de querer abraça-la em todo o tempo.

_ Se você não parar com esse sorriso vou ser obrigado a parar o carro! – escutou a voz profunda de Victor e instante depois ela sentiu o veículo parar.

_ Victor, o que está fazendo?

Ele não disse uma única palavra, mas gentilmente colocou a mão sobre a sua face e tocou seus lábios deixando a marca do seu desejo e de como ela o enlouquecia.

_ Bom, acho que até amanhã chegaremos ao nosso destino – sorriu travessa ao se afastarem.

_ Isso é um convite? – arqueou uma sobrancelha.

_ De maneira alguma – assustou-se com aquela possibilidade. Não poderia negar que ficar nos braços de Victor era como estar em chamas, precisava aprender a se controlar. Ainda estava assustada com a química que havia entre eles, mas não queria avançar o sinal.

_ Então, evite sorrir por muito tempo – deu uma piscada e voltou a colocar o carro na estrada.

_ Por acaso o meu sorriso te enfeitiça? – provocou aproximando a mão em sua nuca.

_ É apenas uma pequena faísca – respondeu e ligou o som em uma musica completamente diferente. Era agitada, mas ela não reconheceu a banda. Percebeu ele sorrir e respirar fundo algumas vezes. Compreendeu a situação. Victor não era qualquer homem e ela precisava aprender a parar de brincar com fogo.

Chegaram a cidade perto das dez da noite. Ambos estavam cansados, porém felizes. Victor estacionou o carro em frente ao apartamento de Fernanda. Retirou sua bagagem do porta-malas e encarou-a seriamente. Ela estava na calçada o aguardando enquanto encarava a porta de entrada do seu prédio. A chave remexia-se em sua mão, indecisa.

_ Não se preocupe, só deixarei sua mala no elevador e já vou embora.

A mulher o fitou confusa. Ele não parecia chateado, mas compreensível. Ela sorriu e estendeu a mão. Destrancou a porta da entrada e chamou o elevador. Quando Victor colocou a mala no chão ela ficou petrificada, com dificuldades pediu algo que não estava em seus planos.

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