"Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados". 1 Pedro 4.8
O primeiro dia de volta ao escritório fora mais perfeito do que Fernanda imaginara. Após um café na padaria da esquina, o novo casal saiu de mãos dadas conversando animadamente e trocando carinhos bem comportados. Estacionaram o carro na Ong e como se tivessem combinado voltaram a serem apenas colegas de trabalho.
_ Nanda! – sua chefe foi ao seu encontro assim que avistou-a entrando no corredor principal do prédio _ Não sabe como queria abraçá-la – sussurrou e apertou-a em seus braços _ Pelo jeito esse fim de semana fez muito bem para você! Está toda coradinha, os olhos brilhantes e o que é esse sorriso? – arqueou a sobrancelha desconfiada de alguma coisa _ Pelo jeito Victor cumpriu certinho o nosso combinado.
_ Rancho Queimado é uma cidade que vale a pena visitar! – sorriu se afastando da amiga que observava Victor conversando com a secretária.
_ Claro, claro... Tenho certeza disso – sorriu e voltou a sua pose de chefe _ Então, teremos reunião em meia hora. Avise o seu querido amigo – deu uma piscada e voltou para a sala, esbanjando toda a elegância que só ela tinha.
Fernanda apenas sorriu para si mesma. Por um instante esqueceu que a chefe tinha um faro muito bom, principalmente quando algo acontecia entre um homem e uma mulher. Com o sorriso contido entrou em sua sala. Observou o ambiente com saudades. Era bom estar trabalhando diretamente com as pessoas nos bairros, mas ali era o cantinho onde sempre surgia novas ideias para seus projetos. Sentou em sua confortável cadeira e ligou o seu laptop. Precisava verificar os e-mail e pesquisar se houve alguma notícia sobre o vídeo que haviam mandado para a conferência. Será que haviam gostado? Estava ansiosa para saber a resposta.
_ Bom dia! – escutou uma voz rouca atravessando a porta. Fechou os olhos e respirou fundo tentando controlar as batidas do seu coração. Os segundos se passavam rapidamente, e ela não queria encará-lo, sabia que facilmente um sorriso surgiria e precisava ser profissional. No entanto, Victor acabara com seus planos quando colocou sobre a mesa uma caixinha rosa com uma pequena fita ao meio.
_ Espero que possamos começar do zero – sentou-se na outra cadeira observando-a.
Em silêncio, ela focou na caixa e abriu-a com cuidado como se a sua vida dependesse daquilo. Retirou de dentro um pequeno objeto. Observou-o por um instante. Era uma âncora dourada, muito linda. Estreitou os olhos, não compreendendo porque ele dera aquilo. Quando o fitou percebeu a seriedade em seu ser. Ele não se moveu, apenas continuou a encará-la.
_ A âncora é um objeto que significa confiança e estabilidade, além da esperança. Para os marinheiros, ela é o último refúgio em uma tempestade, a esperança de que tudo fique bem. E essa âncora – se aproximou e colocou a sua mão sobre a dela passando um dedo sobre o objeto _ É a âncora da minha alma!
_ Victor – ela procurou as palavras dentro de si, emocionada. Ele precisava parar de falar aquelas coisas. Soltou um pequeno suspiro o encarando profundamente _ Obrigada! – se afastou e levantou-se saindo da sala sem dizer uma palavra. Apoiou a cabeça na parede do corredor respirando profundamente enquanto uma lágrima teimosa descia sobre o seu rosto. Ele não podia falar aquelas coisas, simplesmente não podia. Estava sendo demais para ela.
Em um ato inesperado, voltou para a sala, fechou a porta fazendo Victor levantar-se preocupado. A assistente social não disse uma palavra, mas aproximou do psicólogo sem menção de parar. Colocou as mãos sobre a sua face e o beijou colocando todos os seus sentimentos naquele beijo, na intensidade que suas mãos se tocavam num abraço insaciável. Minutos depois os dois se afastaram, perdidos em seus olhares, ofegantes e com um sorriso em seus olhos. Fernanda se afastou ainda mais e com dificuldades começou a falar.
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Incondicional
RomanceFernanda era uma mulher bem sucedida profissionalmente. Com seus 26 anos tinha uma vida estável, mas ainda não se apaixonara. Apesar de ser uma mulher cheia de atitude, carregava algo que a impedia de amar. No entanto, o destino a fez conhecer Victo...