Capítulo 28

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"Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados". 1 Pedro 4.8

O primeiro dia de volta ao escritório fora mais perfeito do que Fernanda imaginara. Após um café na padaria da esquina, o novo casal saiu de mãos dadas conversando animadamente e trocando carinhos bem comportados. Estacionaram o carro na Ong e como se tivessem combinado voltaram a serem apenas colegas de trabalho.

_ Nanda! – sua chefe foi ao seu encontro assim que avistou-a entrando no corredor principal do prédio _ Não sabe como queria abraçá-la – sussurrou e apertou-a em seus braços _ Pelo jeito esse fim de semana fez muito bem para você! Está toda coradinha, os olhos brilhantes e o que é esse sorriso? – arqueou a sobrancelha desconfiada de alguma coisa _ Pelo jeito Victor cumpriu certinho o nosso combinado.

_ Rancho Queimado é uma cidade que vale a pena visitar! – sorriu se afastando da amiga que observava Victor conversando com a secretária.

_ Claro, claro... Tenho certeza disso – sorriu e voltou a sua pose de chefe _ Então, teremos reunião em meia hora. Avise o seu querido amigo – deu uma piscada e voltou para a sala, esbanjando toda a elegância que só ela tinha.

Fernanda apenas sorriu para si mesma. Por um instante esqueceu que a chefe tinha um faro muito bom, principalmente quando algo acontecia entre um homem e uma mulher. Com o sorriso contido entrou em sua sala. Observou o ambiente com saudades. Era bom estar trabalhando diretamente com as pessoas nos bairros, mas ali era o cantinho onde sempre surgia novas ideias para seus projetos. Sentou em sua confortável cadeira e ligou o seu laptop. Precisava verificar os e-mail e pesquisar se houve alguma notícia sobre o vídeo que haviam mandado para a conferência. Será que haviam gostado? Estava ansiosa para saber a resposta.

_ Bom dia! – escutou uma voz rouca atravessando a porta. Fechou os olhos e respirou fundo tentando controlar as batidas do seu coração. Os segundos se passavam rapidamente, e ela não queria encará-lo, sabia que facilmente um sorriso surgiria e precisava ser profissional. No entanto, Victor acabara com seus planos quando colocou sobre a mesa uma caixinha rosa com uma pequena fita ao meio.

_ Espero que possamos começar do zero – sentou-se na outra cadeira observando-a.

Em silêncio, ela focou na caixa e abriu-a com cuidado como se a sua vida dependesse daquilo. Retirou de dentro um pequeno objeto. Observou-o por um instante. Era uma âncora dourada, muito linda. Estreitou os olhos, não compreendendo porque ele dera aquilo. Quando o fitou percebeu a seriedade em seu ser. Ele não se moveu, apenas continuou a encará-la.

_ A âncora é um objeto que significa confiança e estabilidade, além da esperança. Para os marinheiros, ela é o último refúgio em uma tempestade, a esperança de que tudo fique bem. E essa âncora – se aproximou e colocou a sua mão sobre a dela passando um dedo sobre o objeto _ É a âncora da minha alma!

_ Victor – ela procurou as palavras dentro de si, emocionada. Ele precisava parar de falar aquelas coisas. Soltou um pequeno suspiro o encarando profundamente _ Obrigada! – se afastou e levantou-se saindo da sala sem dizer uma palavra. Apoiou a cabeça na parede do corredor respirando profundamente enquanto uma lágrima teimosa descia sobre o seu rosto. Ele não podia falar aquelas coisas, simplesmente não podia. Estava sendo demais para ela.

Em um ato inesperado, voltou para a sala, fechou a porta fazendo Victor levantar-se preocupado. A assistente social não disse uma palavra, mas aproximou do psicólogo sem menção de parar. Colocou as mãos sobre a sua face e o beijou colocando todos os seus sentimentos naquele beijo, na intensidade que suas mãos se tocavam num abraço insaciável. Minutos depois os dois se afastaram, perdidos em seus olhares, ofegantes e com um sorriso em seus olhos. Fernanda se afastou ainda mais e com dificuldades começou a falar.

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