Capítulo 18

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"No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo..." I João 4.18aa*

Eram dez horas da noite quando Victor decidiu ligar para o número já conhecido. Foram poucas as ligações, mas o suficiente para que ele percebesse o quanto aquele telefonema lhe fazia bem.

A espera do outro lado da linha se tornou longa, estava pensando em desistir quando alguém atendeu.

_ Oi! - a voz soou fraca, diferente das outras vezes.

_ Poderia dizer que disquei o número errado, mas devido as últimas ligações sabemos que isso seria coincidência demais, estou certo?

_ Sim - a resposta curta denunciava que ela não estava bem.

_ Como você está se sentindo hoje?

_ Um vulcão prestes a entrar em erupção – ela riu ao final, mas era uma risada triste.

_ Qual o motivo?

_ Lembra da primeira vez em que me ligou?

_ Sempre – sussurrou com o olhar ao longe.

_ O meu maior medo está para acontecer.

_ E o que você pensa em fazer para evitar isso?

Um silêncio se apossou do outro lado da linha enquanto ele esperava angustiado pela resposta.

_ Não há o que evitar...

Victor sentiu algo apertar em seu peito. Aquilo que temia acontecer estava vindo à tona e da pior maneira possível. Respirou fundo, tentando manter o controle da conversa. Precisava falar alguma coisa, necessitava ter certeza da sua desconfiança.

_ E o que mais te assombra?

_ Não posso falar disso – a resposta demorada demonstrou que andava pensando muito naquele assunto. Ele arfou indignado. Por que justamente ela?

_ Sou um psicólogo e você uma assistente social, certo?

_ Sim – confirmou sem perceber o que aquilo significava para eles.

_ E temos um projeto para seguir adiante... Custe o que custar!

Ele escutou o suspiro profundo do outro lado.

_ Victor? – o sussurro revelou a surpresa instalada em sua voz.

_ Nunca chegamos a falar pelo celular, não havia como descobrir.

_ Você... – ainda estava chocada.

_ Comecei a desconfiar faz pouco tempo.

O silêncio se fez presente. Ele não teve a intenção de revelar a sua descoberta, mas as palavras saíram tão rápidas que quando percebeu fora tarde demais. Então a desconfiança antes tão infantil tornou-se real e o xeque mate foi ouvi-la falar da sua profissão.

_ Temos um projeto para seguir, custe o que custar, certo?

_ Certo! – ele concordou contrariando a si mesmo.

_ Até amanhã! - ouviu o seu sussurro e depois o telefone sendo desligado.

Victor encarou o celular em suas mãos por minutos intermináveis. Foram apenas três ligações, mas foram tão intensas que não conseguia parar de pensar nela. Na primeira vez em que viu Fernanda achou engraçado ser o mesmo nome da mulher com quem havia conversado dias atrás, mas ao escutar o jeito que ela falava sempre que atendia ao celular, achou familiar. Aquilo seria coincidência demais. No entanto, as coisas começaram a fazer sentido para ele de uma maneira que jamais imaginou.

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