Capítulo 31

36 6 0
                                    

"Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados".  1 Pedro 4.8

A porta estava aberta. Fernanda inspirou fundo tentando encontrar coragem para adentrar naquele recinto, mas a cena que vira quebrou o seu coração. O burburinho aumentava a medida que entrava na casa. Estava chocada com o que estava acontecendo.

Gabriel e Adriel tentavam segurar Érique que ameaçava dar mais um soco em Victor que já estava caído ao chão e com o nariz sangrando. A fúria e o ódio estavam estampados em sua face. Melissa estava desesperada sem conseguir conter o marido. Este conseguiu passar pela barreira que seus cunhados faziam e se aproximou mais uma vez de Victor, estava fora de si. Fernanda arregalou os olhos ao ver o que aconteceria. Correu ao seu alcance impedindo que um novo golpe fosse dado, porém, o inevitável aconteceu.

Fernanda sentiu o rosto virar violentamente para o lado e caiu ao chão. Havia sido atingida por um soco. Seus olhos arderam tamanho a dor que sentia. Não conseguiu se levantar. Todos vieram ao seu encontro desesperados. Érique estava abismado com o que havia acontecido e pedia perdão. Melissa gritava com o marido e Victor começou a ficar indignado. Ele afastou todos da namorada, não importando se eram seus familiares. Pegou-a em seu colo e a levou para a cozinha. Abriu o freezer e pegou um pedaço de carne congelada colocando sobre o rosto da sua amada.

_ Fernanda, porque você fez isso? – Érique colocou as mãos em sua cabeça, enfurecido com o que havia acontecido.

Ela não respondeu. Deixou que Victor fizesse a compressa em seu rosto e apenas fechou os olhos deixando que as lágrimas liberassem a dor. Não sabia identificar o que doía mais, o seu rosto, ver a fúria de Érique, Victor com o nariz sangrando ou toda aquela aglomeração por um passado triste. Ele realmente tivera que ter muita coragem para voltar ali e reviver tudo o que acontecera. Será que isso não seria prova da sua mudança? Pela primeira vez ela percebeu algo que esteve estampado claramente nos últimos dias. Victor estava empenhado em mudar a sua história. Realmente, estava se esforçando em ser uma pessoa cada dia melhor.

_ Por favor, Fernanda, me perdoe... Fale comigo! – Érique suplicava ao seu lado _ Queria acertar esse canalha aí que destruiu a vida da minha irmã, e não você...

_ E quem foi o canalha aqui, Érique? Quem foi o machista? Quem foi o idiota que partiu para a briga? Quem? Me responda! – ela levantou e o encarou deixando todos espantados pela fúria com que falava _ Victor foi um canalha, sim. Ele errou e ainda tenta se perdoar por isso. Mas, ele não matou a sua irmã, foi um acidente!

_ Um acidente? – se aproximou de Fernanda incrédulo. Victor entrou em sua frente temendo que a machucasse.

_ Ela teve hemorragia após o parto – sussurrou encarando-o _ Tranquei-a em casa sim, como fazia todos os dias, mas nunca quis que aquilo acontecesse. Quando cheguei... Ela já estava... Morta – soltou um suspiro e uma lágrima caiu de seus olhos _ Me perdoe por não ter sido um homem decente para sua irmã. Eu a amava como nunca amei ninguém.

_ Então, porque fez isso com ela? Por que a prendeu esse tempo todo? Por que afastou-a de nós? Você que começou tudo isso...

_ Porque ela era minha e só queria ela para mim. Era egoísta, pensava que o amor era tomar posse das pessoas.

_ O que sabe do amor? – riu com um sorriso triste afastando uma lágrima que teimava em cair _ Vai fazer isso com a Fernanda também? Já não chega minha irmã e agora ela? Quando vai parar? Você deveria ir preso!

_ Chame a policia! – levantou as mãos para o alto _ Passo o resto da vida na prisão se isso mudar o que fiz, mas nada vai mudar, Érique – parou de falar e olhou todos ao redor e baixou a cabeça rendido _ Só vim aqui para reconhecer o meu erro e pedir perdão por ter destruído a sua família. Se tivermos que resolver com a polícia, estou disposto a isso. Se precisar levar mais alguns socos, estou preparado. Mas, nada disso vai tirar o peso que carrego todos os dias por ter feito isso com a Suzane. Ela foi a primeira mulher que amei em toda a minha vida! E a Fernanda, não tem nada a ver com essa historia. Ela apenas me ensinou o que nunca aprendi...

IncondicionalOnde histórias criam vida. Descubra agora