Capítulo XV

559 35 0
                                    

Porque tá me olhando assim? — Giovanni questionou ao perceber meu olhar sobre si.

Eu me sentia como uma criança de três anos que acabara de ficar de castigo, enfiada numa cadeira infantil e com um bico trombudo nos lábios. Meu cérebro estava prestes a explodir com a frequência absurda de pensamentos homicidas, e, nesse meio tempo de reflexão eu fingia que a garrafinha de água era a cabeça do Bustamente.

Ela agora parecia que acabara de ter um derrame.

Giovanni conseguiu minha atenção depois de tentar responder minhas perguntas anteriores, pois cada frase de Giovanni era seguida de um resmungo ou xingamento meu.

Resumindo a história, o projeto de cacatua contou que havia ouvido uma briga de Tomás e Diego mais cedo, bem antes de todos acordarem, Diego aparentavam estar bastante irritado e Tomás apontava as fotos na sua direção. O demente não conseguiu ouvir sobre o que se tratava a briga, mas parecia ser relacionado as benditas fotos e assim que Bustamante as escondeu na mala, foi a deixa pra Giovanni fazer o que faz de melhor: Bisbilhotar a vida dos outros.

— O que tinha na sua foto? — Perguntei ainda sem desviar o olhar.

— Porque você acha que tem alguma?

Meu riso foi sarcástico.

— Você não me entregaria essas fotos se não tivesse alguma vantagem sobre isso, você quer se vingar e achou que a melhor pessoa pra fazer isso seria eu, a arqui-inimiga do Bustamante, o cara que tirou fotos comprometedoras suas. — Disse convicta do que falava — Eu te conheço, Giovanni, e não é de hoje.

Ele desviou o olhar colocando os cotovelos apoiados no joelho, e então riu.

— Não imaginei que você fosse descobrir isso tão rápido — Ele ignorou minha pergunta, e continuou: — O que vai fazer?

Coloquei a mão no queixo.

— O que Diego mais preza nessa vida?

— A genética abençoada dos Bustamante — Giovanni respondeu sem hesitar — Ah, não podemos esquecer da popularidade no colégio.

— E se acabassemos com tudo isso? Deixaríamos o Bustamante sem chão... Ah merda, esqueci do Tomás, o que a gente faz com ele?

— Eu já cuidei disso.

— O que...? Como?

TRACK

— SEU FILHO DE UMA PUTA! EU VOU ACABAR COM VOCÊ!

Pulei da cadeira com o susto, os gritos eram tão altos que Joaquim estava á vários metros de distância e eu podia ouvir perfeitamente o que ele dizia.

TRACK

— VOCÊ PENSA QUE VAI PEGAR MINHA MULHER E AINDA FICAR VIVO?!

Concentrei toda minha atenção na cena e reparei logo de imediato uma cadeira de plástico, ou o que sobrou dela nas mãos de Joaquim, e, mais pra frente um Tomás curvado pra frente com o semblante de dor no rosto.

Em um rápido movimento os dois estavam embolando na areia, quase sendo impossível ver quem realmente estava surrando quem.

Eu apostava no Joaquim.

Voltei a olhar Giovanni e ele continuava imóvel com um sorriso quase imperceptível nos lábios.

Foi quando minha ficha caiu.

— Você fez isso? — Perguntei boquiaberta.

Giovanni deu de ombros.

— Joaquim não merecia ser traído e continuar sem saber disso.

InevitávelWhere stories live. Discover now