Capítulo XIX

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— Diego? — O cutuquei de leve no braço.

O maldito conseguia ser atraente até dormindo. Diego era o anjo da luxúria que tinha em mente me levar pro fundo do poço e me afogar lá dentro, eu podia ver perfeitamente sua aura maligna caçoando do meu desespero em não acabar me apaixonando em um desses nossos delírios. Era angustiante parar pra pensar onde acabaríamos se continuássemos com tudo isso.

Os beijos.

Os amassos.

As brigas.

E os beijos cessando as brigas.

Sem dúvidas, ele poderia acabar com meu psicológico em um estalar de dedos.

Não que aquela noite havia sucedido em algo á mais que algumas carícias no rosto e uma conversa boba sobre como estaríamos em cinco anos. Estávamos lado a lado, os rostos voltados para o outro e com as mãos próximas. Diego acariciava a minha palma com os dedos, ora subindo até o punho, ora permanecendo entre as linhas acompanhando-as. Era uma sensação gostosa e relaxante.

Quando me vi, já estava acordando subitamente tarde da noite em meio a um pesadelo, o suor escorrendo pela minha testa, as costas implorando por receber uma brisa fresca e uma falta de ar angustiante. Meus olhos estavam arregalados diante toda aquela escuridão, aos poucos minha visão foi se acostumando e a claridade escassa do lado de fora da janela me fez enxergar Diego ressonar na mesma posição de antes.

O cutuquei no braço, mas foi a mesma coisa de cutucar um poste. Resolvi fazer as coisas naquele quarto por minha conta, engatinhei até a ponta da cama e saltei como um felino desastrado, sem fazer nenhum ruído, mas perto de arrancar o dedo mindinho do pé ao aterrissar no chão.

E lá estava meu alvará de soltura: A janela.

Eu realmente achava incrível como toda aquela casa era moderna, tecnologias mais avançadas, porta de entrada de três metros, móveis importados, mas a porra do ferrolho da janela custava a emperrar.

Só podia ser alguém lá de cima tirando uma com minha cara.

Suspirei pesadamente.

"Ok, não vamos surtar, é só uma onda de calor"

Dei a volta na cama e marchei até o lado onde Diego dormia. O cutuquei de novo, dessa vez com mais força.

Ele piscou devagar, tão lento, que me fez ter vontade sacoleja-lo para agilizar a situação.

— Onde tem ventilador? — Perguntei me curvando parcialmente sobre o mesmo.

— Pra quê você quer ventilador? O ar condicionado tá ligado — Ele murmurou ainda sonolento.

— Não tá não.

— Claro que tá, não tá sentindo?

— Se eu estivesse não estaria atrás de um ventilador — Retruquei impaciente. Refiz meus passos até o meu lado da cama e subi sobre a mesma, balançando as mãos na abertura do ar condicionado. Realmente estava ligado, mas não era frio o suficiente para cessar aquele mormaço horrível. — Não tem mesmo um ventilador nessa casa?

Diego bufou.

— Tira a roupa já que tá com tanto calor — Sugeriu.

Semicerrei os olhos em sua direção.

— Você quer me ver pelada por acaso?

— É sério essa pergunta? — Diego ergueu a sobrancelha, insinuante.

Revirei os olhos.

Aquela pergunta não fazia o mínimo sentido depois das mensagens de texto que trocamos mais cedo. Assentei na cama me escorando na cabeceira almofadada, os pés esticados e as mãos repousando sobre um travesseiro.

InevitávelWhere stories live. Discover now