Capítulo XXIV

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Naquele mesmo dia após várias doses de vodca, alguns tombos pela varanda e risadas espalhafatosas por não conseguir enxergar meu dedinho do pé, Diego me colocou dentro do quarto, contra minha vontade, alegando que eu estava bêbada demais pra poder fazer qualquer outra coisa que não fosse dormir.

Isso porque ele nunca tinha me visto fazendo sexo bebada. Eu era excelente. O fogo triplicava e eu incorporava a puta mais safada do meu cabaré imaginário. Apesar que meu fogo perto de Diego era meio impossível de aumentar, só se eu me banhasse em álcool e tacasse o fósforo — E o foda-se, pois eu morreria. 

No dia seguinte, meu cérebro parecia que iria explodir. Madariaga não achando o suficiente deu início a uma tortuosa sequência de batidas de portas pelos quartos. As sete da manhã, SETE HORAS DA MANHÃ!

Lupita se assustou, gritou e rolou por cima de mim — Que estava com o colchão no chão. E não, eu não deixaria uma grávida ficar dormindo no chão enquanto eu dividiria uma cama de casal confortável, espaçosa e a porra toda com Lupita. Ainda havia existência de decência no meu ser, mesmo que muitas vezes não parecesse.

Eu havia conseguido começar o dia com o pé esquerdo antes mesmo de me levantar.

Madariaga nos obrigou a descer e ouvir o discurso longo e entediante sobre a festa de cento e quarenta anos do Elite Way que aconteceria aquela noite. Seríamos os voluntários mais involuntários da história desse colégio, tudo por uma escapada no meio da noite — que nos fez dopar um professor, que quase matou minha amiga, me fez beijar o bonequinho de plástico e fugirmos da polícia como um bando de delinquentes.

Ele nos informou que o tema da festa era Black And Red, ou seja, mulheres de vermelho e homens de preto.

Tosco.

Enquanto Madariaga tagarelava sobre o aluguel das roupas, eu fitava de longe o motivo da minha bebedeira no dia anterior. Diego estava sentado no braço do sofá parecendo meio aéreo ao falatório do professor.

Eu não sabia como agir. Eu deveria dar bom dia? Um selinho? Dar uma pegada brusca no amigão dele? Então sem noção alguma do que merda estava acontecendo com minha vida amorosa, acabei me escondendo atrás de Miguel, que parecia mais uma porta em comparação a minha altura.

Logo após tomarmos café, Madariaga nos enfiou no ônibus e nos conduziu até a loja que cederia nossas vestimentas para a noite.

— O que você acha desse? — Lupita perguntou exibindo o longo vestido vermelho. Ele tinha um decote exorbitante que chegava um pouco acima do umbigo. — Muito vulgar?

— Eu acho… — Acomodei minha coluna em uma posição que pudesse vê-la de frente. — Que se você mexer demais seus peitos vão pular do vestido.

Ela se encarou no espelho e começou a chacoalhar os ombros provando minha teoria. Uma auréola me deu o pelo espelho.

— Merda! — Praguejou baixo se enfiando de volta no provador. Não podia culpá-la, era a quinta troca de vestido e nenhum tinha conquistado seu corpo.

Eu havia escolhido o primeiro que me coube, não tinha lá muita paciência pra ficar enfurnada em um provador escolhendo roupas. Então com meu vestido já em uma sacola, me acomodei em um dos sofás em frente ao longo corredor de provadores. Meus pés balançavam-se entediantemente sobre o braço do sofá.

— Moça? — Uma voz longe me fez erguer a cabeça, que, antes estava jogada pra trás no outro braço do sofá.

Uma mulher com uma bebê no colo e uma sacola enorme de roupas no ombro me encarava. Eu podia ver nos seus olhos que não vinha coisa boa pro meu lado. Estavam cativantes demais.

InevitávelWhere stories live. Discover now