Não precisei sequer abrir os olhos pra sentir a ressaca me atingir como quem é atingido por um tijolo na testa. No meu caso esse tijolo vinha com grandes escrituras em letras garrafais "Procura-se dignidade" e lembranças de uma noite constrangedora.
Uma das dúvidas que eu tinha em mente era como diabos o professor Madariaga não percebeu que estávamos terrivelmente bêbadas. Que mundo alternativo era aquele em que Mia e eu dançávamos juntas sem uma tentar quebrar a perna da outra? Será que ele não percebeu que se estivéssemos sãs, alguém já teria caído daquela mesa?
E que não seria de forma acidental?
Por Deus.
Senti o sangue se aglomerar nas minhas bochechas ao recordar do Bustamante.
Ah não.
Aquilo não deveria ter acontecido.
Eu não poderia me sentir agradecida com o Bustamante, não agora, não quando meus pensamentos o envolvendo pendiam pro lado da promiscuidade. Porra. Diego poderia ser mais magro, cabeçudo, sem dentes e que não tentasse me ajudar enquanto eu rebolava pra um bando de pervertido.
Seria tão mais fácil detesta-lo nesse momento.
Não que eu imaginasse que alguém do colégio fosse capaz de tal coisa, porém, eu não podia deixar de reconhecer que Bustamente fez a coisa certa.
Eu, levemente alcoolizada, pronta pra me entregar ao primeiro que aparecesse e tirar o Bustamante da cabeça, seria uma presa fácil, provavelmente me arrependeria no dia seguinte e infernizaria erroneamente a vida de quem quer que estivesse ao meu lado.
Diego nunca saberia disso. Principalmente pelo motivo de encher a cara e querer estar com outros caras, era pra esquecê-lo — O que seria bem difícil já que estávamos dividindo uma casa...
E não...
Não. Não. Não.
Não podíamos estar dividindo a merda de uma cama.
Abri apenas um olho encontrando uma montanha coberta dos pés a cabeça ao meu lado. Meu coração disparou e no ímpeto de desespero, eu chutei o corpo, que mal teve chance de resmungar e já estava sendo jogado ao chão sem nenhuma delicadeza.
Me encolhi no cobertor deixando só os olhos de fora, só esperando o grito de raiva do Bustamante. Mas o que surgiu na pontinha da cama foi um tufo de cabelos pretos e um par de olhos raivosos e sonolentos.
— Lupi! — Exclamei fazendo menção em ajudá-la, mas o que recebi em resposta foi a palma na mão estendida pedindo silenciosamente para não prosseguir — O que está fazendo aqui?
Ela me fuzilou.
— Estava esperando o Diego?
Meneei com a cabeça.
— É o quarto dele, não é? — Minha resposta saira como uma afirmação em meio a uma pergunta.
— É, e você não deveria está aqui.
— Nem você — Rebati.
Lupita se ergueu do chão com os lençóis enterrado em cada abertura mínima do seu corpo a fazendo quase tropeçar ao se sentar na cama.
Ela suspirou, passou as mãos nos cabelos revoltos e começou a falar, de costas pra mim.
— Diego me pediu pra dormir aqui caso acontecesse alguma coisa de madrugada com você — Ela disse com a voz preguiçosa — Você sabe, vômitos, mal estar e essas coisas que bêbados costumam ter.
YOU ARE READING
Inevitável
RomansaOs alunos do último ano do Elite Way tem o privilégio de ter a última viagem antes de se formarem, o problema é que nem todos se dão bem - Diego e Roberta que o digam - Porém, conforme as situações forem se complicando ao decorrer da viagem eles per...