Dois dias depois!
A Casa das Rosas tinha um movimento acima do esperado para uma manhã de sábado. Adultos e crianças circulavam pelo Espaço Cultural, jardins e a cafeteria. O colorido das roupas, as conversas animadas e risadas infantis davam vida e preenchiam a atmosfera com uma vibrante e contagiante energia.
A quantidade de pessoas circulando pela propriedade dificultava o início do trabalho de sua equipe, mas não era esse o fato que estava roubando sua paz de espírito.
Ele estava nervoso! Theo admitiu para si mesmo.
Já passavam das dez horas da manhã e nada de Eva aparecer...
Ele tentava se concentrar nas medições e testes de solo. O sistema de irrigação seria mais complicado do que imaginara no início. Bas viera para ajudar na análise do solo e decidir qual a técnica de plantio que seria escolhida para o os arcos que eram o imponente marco do lugar.
Tinha uma vontade imensa de mudar a fonte para um lugar onde ela ficaria mais destacada. Mas o imóvel era tombado pelo patrimônio histórico. Então a solução seria destacar o lugar onde a fonte estava. Ficaria tão colorido e convidativo que o cantinho especial rivalizaria com o caminho dos arcos, disse para si mesmo.
Uma movimentação próxima à entrada chamou sua atenção. Os olhos buscaram entre os visitantes recém-chegados a imagem de sua dama de olhos cor de whisky.
Ela não estava entre eles.
- Merda! – resmungou ao consultar o relógio pela décima vez aquela manhã.
Toda vez que alguém cruzava o portão baixo, sentia um buraco se abrir em seu estômago.
Porra! Xingou em silêncio.
Era a primeira vez que partilharia a paixão que tinha por seu trabalho com uma mulher. Esse era o motivo de sua ansiedade.
As poucas mulheres com quem tentara ter algum tipo de relacionamento tratavam seu trabalho como um hobby, um passamento sem compromisso ou um capricho do herdeiro de uma das famílias mais tradicionais do país. Não aceitavam quem ele era em essência.
O tempo mostrara que essas mulheres, com quem se relacionara, não desejavam conhecer o homem com coração de jardineiro e gostos simples. Queriam o homem rico de sobrenome importante. O que nenhuma conseguia aceitar é que ele vivia com o que ganhava em seu trabalho. Com exceção da casa comprada com a herança do avô, não usara um tostão da sua parte dos dividendos da família. Não sentia que esse patrimônio lhe pertencia. Não fizera nada para merecê-lo, então também não merecia usá-lo.
Não existiam dramas quanto a isso. Pelo menos para ele.
Guardara sua paixão pelo manejo com a terra como algo sagrado, partilhado apenas com as pessoas que sentiam o mesmo entusiasmo e tesão pela terra e paisagismo que ele. Sua equipe e Sebastian eram os únicos com quem partilhava o prazer de trabalhar a terra e ajudar um colorido jardim nascer e impregnar o mundo com seus perfumes.
Até Eva entrar em sua vida...
Sentiu o coração aquecer, ao recordar as palavras que ela dissera, no dia que enfim se reencontraram, naquele final de tarde, no coreto do Jardim da Luz:
“Nada mais fascinante aos olhos de uma mulher, do que um homem que tem a força necessária para extrair uma árvore e a delicadeza suave para tocar uma flor”.
- Ei chefe! A gente precisa do senhor aqui! - Érico gritou do jardim lateral do Edifício Cultural Paulista, localizado no terreno atrás da Casa das Rosas.
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DEGUSTAÇÃO - Meu Destino é Você
Ficção GeralVocê acredita em amor à primeira vista? Ele não. Theodoro Santini, apesar de pertencer a uma família com uma confortável situação financeira, sempre apreciou as coisas simples da vida: família, amigos, uma cerveja gelada, sexo sem compromisso e suj...