Capítulo 4

3.1K 261 25
                                    

Minha tempestade

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Minha tempestade.

Após um dia cheio no hospital, tomo um banho por lá mesmo e resolvo não ir para casa. Sigo para o pub próximo ao trabalho, me sento em um canto reservado, peço uma garrafa de uísque e encho o copo. Não pretendo esvaziá-la, só quero ficar quieto no meu cantinho e deixar o tempo correr. Daqui há dois meses terei que voltar ao Brasil pela primeira vez desde a noite que marcou a minha vida para participar o baile de Alice e serei forçado a enfrentar os fantasmas do meu passado. Agora entendo o meu pai. Daniel Ávila passou anos sofrendo com a dor de um passado que quase o destruiu. Ele se autodepreciava, se matava aos poucos com o álcool e se entregava ao trabalho. Era doloroso vê-lo assim. Sei que essa situação é bem diferente da outra, mas dor de coração partido é dor seja separado pela morte ou pela própria vida. Encho o segundo copo quando a adentrar pela porta do Pub pouco movimentado. Ela parece triste, deprimida e desolada. Contudo, quando ela entra, os olhares masculinos a acompanha. De alguma forma isso me irrita e não sei explicar o porquê. Jeniffer Reinold é realmente uma mulher muito bonita apesar do seu jeitinho tempestuoso e arrisco dizer que ela é sexy. A garota se senta em um banquinho próximo ao balcão e pede uma bebida. Ela observa atentamente a pista de dança, mas parece perdida em seus pensamentos. Minutos depois, pede outra bebida, isso é preocupante. Resolvo não beber mais e ficar de olho na minha assistente. Quer dizer, ex assistente. Ainda estou me perguntando por que ela me revogou? Foi uma surpresa quando Jhon me passou a informação no final do horário. Assim como foi uma surpresa ela o ter procurado. Naquele instante Reinold parecia determinada. E pensar que procurei o meu amigo para fazer o mesmo pedido que ela fez. No entanto, nem cheguei a falar com ele. Outra bebida em menos de meia hora, que droga está acontecendo com? Por que está bebendo tanto assim?

Não sei o que acontece comigo, mas de alguma forma Jennifer Reinold mexe comido. Não é amor, eu sei que não. É mais um tipo de tensão sexual. Mesmo sem perceber, me pego olhando demais para a garota e aprecio o seu jeito maluquinho, desastrado e inocente. Ela parece uma virgem do século vinte. Sorrio desse pensamento absurdo. Ajeito-me no banco e fico em alerta quando a minha assis... ex assistente sair do banco meio cambaleante e caminha para a pista de dança. É engraçado que uma pessoa sobrea tropece nos seus próprios pés e bata tanto contra os objetos inanimados, mas bêbada ela tenha tanto equilíbrio e autoconfiança. Essa é a Jennifer, uma contradição ambulante. Ela começa a dançar. Uma dança sensual, desprovida de qualquer timidez. Suas mãos passeiam pelo corpo esguio, enquanto ela se mexe lentamente, descendo subindo, e tudo isso de olhos fechados. Mmeu coração pulsa rápido demais quando percebo o quanto ela é sexy pra caralho. É excitantemente demais e mexe com o psicólogo de qualquer homem, mesmo um fodido como eu. Seus passos leves me lembram Bianca, a minha bailarina. Tomo o resto do uísque do meu copo e me levanto da mesa, porém, não tiro os meus olhos de cima dela. Jennifer dança outra música, depois outra e mais outra.

Cacete!

Meus olhos passeiam agora pelo seu corpo, envolvido em um vestido azul-marinho, colado como se fosse uma segunda pele e está ainda mais colado devido o suor que escorre por sua. Os cabelos estão presos em um coque frouxo, mas tem algumas mechas coladas no seu rosto e minhas mãos coçam de vontade de arrumar aquela bagunça linda. Quando está dançando Jennifer parece viajar, ela não está exatamente aqui. É como se estivesse em um lugar mais calmo, desprovido de quaisquer problemas. Eu sei, porque o seu semblante mudou totalmente para mais aliviado e feliz. Engulo em seco quando os meus olhos passeiam ávidos pelos movimentos lentos dos seus braços, quadril e pernas. É linda, muito linda e parece não perceber isso. É tão sexy que poderia ter o homem que quisesse aos seus pés, mas ela nem sabe que tem esse poder. A música termina, ela respira fundo e abre um sorriso apreciativo, voltando para o balcão e pede outra bebida. Droga, ela está exagerando! E digo mais, estou irritado com a sua atitude, o pior, é que eu não devia estar, pois a vida é dela e ela pode fazer o que bem entender. Entretanto, não posso mentir, estou muito preocupado com ela e puto também. A garota esvazia o copo como se não houvesse amanhã, ajeita a sua bolsa no ombro e sai do estabelecimento pisando firme. Rapidamente jogo uma nota de cinquenta dólares na minha mesa e saio atrás dela. Que merda ela pensa que vai fazer? Não posso acreditar que será irresponsável ao ponto de sair dirigindo por aí, não depois de quatro doses generosas de Martini. Ela segue andando firme e decidida para o estacionamento, enquanto mexe na sua bolsa. Uma porra de contradição de pira a cabeça de qualquer um. Como ela consegue? Definitivamente o cérebro dessa garota precisa ser estudado. Ela entra no carro e eu decido ir impedi-la.

11. E Se Eu Te Beijar? - RETIRADA 1° DE SETEMBROOnde histórias criam vida. Descubra agora