Bônus Amber R. Parker.
Quando eu era pequena, eu tinha alguns sonhos...
Ser médica era um deles.
Depois ter uma família completa.
Encontrar o meu pai...
Sorrio com sarcasmo...
Eu não tive uma infância ruim... Eu tive a presença do meu pai até os meus seis anos de idade e era divertido porque ele costumava brincar comigo, conversar, passear... Essas coisas de pai.
E o resto..? Tia Anne sempre proveu.
Ela não foi uma má tia... Foi até mais do que uma mãe...
Sempre presente.
Dando bons conselhos.
Sempre me escutava quando eu precisava...
Não tenho do que reclamar.
Quando levei aquele maldito tiro, daquela vadia malhada, metida a loira oxigenada, cai na real.
Eu tinha que contar pra Jenny quem eu realmente era...
Eu sou Amber Reinold Parker, tenho 21 anos, sou estudante de medicina fetal, filha de Louren Parker e renegada de Humberto Reinold.
Pelo menos foi isso que eu entendi daquela porcaria de relatório do detetive Kaio.
Me sento no banco do hospital e me encosto contra a parede fechando os meus olhos.
Puxo a respiração pesada lentamente.
Eu queria tanto encontrar o meu pai...
Mas acabei encontrando um tesouro bem maior.
Jennifer Reinold, é a melhor pessoa que eu já conheci na vida. E olha que apesar da minha pouca idade, eu já conheci muita gente na vida.
Mas a Jen é diferente...
Eu sabia muito bem quem era ela quando me aproximei a dois anos atrás.
Mas ela não...
Ela não me conhecia. Nunca me viu. Se quer trocou qualquer palavra comigo.
E mesmo assim, naquele pátio, depois de um simples Oi, ela me abraçou e depois de uma conversa amigável, ela confiou em mim e me chamou pra morar com ela.
Eu vim para NY com a cara e a coragem, não disse nada a ninguém, simplesmente arrumei minhas malas e vim.
Sabia exatamente quem procurar. Onde e quando procurar.
Uma semana depois começar a morar no apartamento da Jen, a realidade me bateu e eu me senti péssima.
Jen não era feliz.
Não teve uma infância feliz.
Muito menos uma adolescência feliz.
Ela teve o Humberto pra ela, no mesmo tem em que o tive pra mim... E o mais chato disso tudo, é que perdemos as duas pessoas que mais amavámos praticamente ao mesmo tempo.
Os dias foram se passando e ela adquiriu mais confiança em mim. Foi se abrindo, desabrochando e eu fui apostando as minhas fichas na nossa relação meia irmãs.
O problema é que quanto mais o tempo passava, menos coragem eu tinha de me abrir com ela.
Me doía, quando por muitas vezes, a via sofrendo com a sua baixa estima.
Jen se sentia pequena demais. Magra demais. Fé a demais. Tudo demais.
Não foi fácil reconstruir a sua alta estima... Por isso sempre que o Cris pisava na bola, a minha vontade, era de arrancar as suas bolas.
Filho da puta!
Eu tinha um ódio mortal daquela paquita do capeta, que fez isso com ela.
_ Aí está você!_ O leãozinho diz em um tom divertido, se sentando ao meu lado.
Não é uma boa hora, definitivamente.
Eu suspiro.
Abro os meus olhos e encaro os cabelos loiros e cheios e um par de olhos verdes me olhando.
_ Porque está aqui sozinha?_ Adam pergunta preocupado.
Acho bonitinho essa preocupação que ele tem comigo.
Mas também acho desnecessário.
Sempre fui independente.
Sempre resolvi os meus problemas sozinha.
Tal como uma vez, que um cara bêbado ou drogado, sei lá, invadiu o meu quarto de dormitório na faculdade. O filho de uma égua veio pra cima de mim cheio de mãos. Eu não pensei duas vezes. Dei uma joelhada firme nos cornos dele e ele caiu bonitinho de joelhos aos meus pés. Pra terminar, segurei firme em seus cabelos e o fiz me encarar.
Ele se contorcia de dor.
Olhos nos olhos disse a frase que o fez estremecer... " Da próxima vez que você olhar pra mim, eu vou arrancar essas bolsas, agora sai do meu quarto".
O infeliz saiu pintando dizendo que eu era uma louca.
Rio internamente.
_ Estou remoendo os últimos fatos da minha vida._ Resolvo lhe responder.
Adam se inclina para beijar o meu rosto carinhosamente.
Eu o encaro louca pra perguntar... Mas eu simplesmente engulo a pergunta de volta e volto a fechar os meus a olhos, escorando a cabeça na parede.
Ele suspira de modo audível.
Eu sei que estou sendo uma pessoa difícil.
Que podia ser mais maleável.
Podia aproveitar a sua presença e deitar a minha cabeça em seu colo e deixar que apague os meus cabelos.
Eu não sei o porquê...
Eu sempre fui bem tranquila.
Adepta a carinhos e aconchegos. Sempre me deixei levar pelos momentos.
Sempre fui de festas, de farras...
Com o leãozinho eu não consigo me deixar levar.
Por mais que eu tente e eu tentei... Juro que tentei. Eu tenho medo de me entregar, de deixá-lo entrar no meu sistema.
_ Tem certeza que não quer conversar Pimentinha?_ Inquire.
Rio do apelido que me deu.
Ele disse que sou quente como uma pimenta na cama e fora dela eu sou ardente. Impulsiva.
_Olha só pimentinha, eu posso não ser o cara das palavras, mas eu sou o cara de atitudes... Conversa comigo._ Ele pede.
Eu puxo a respiração e volto a encará-lo.
_ O que você faria a se descobrisse de repente que é um bastardo? Um erro do passado?_ Jogo a bomba de uma vez em seu colo.
Adam arregala os olhos claros e fica um tempo em silêncio, apenas me encarando.
_ Pois é... Eu também não sei..._ Digo irritada._ Estou me sentindo um lixo._ Digo sentindo um nó sufocar a minha garganta.
_ Quer saber Amber? Eu não acho que o seu pai te achava uma bastarda. Você mesma disse que ele sempre te acompanhou de perto...
_ Isso foi antes de descobrir que ele engravidou a melhor amiga da mulher dele. E por esse motivo, vivi sempre escondida, longe dele e de todos. Por isso não conheci a minha meia irmã...
_ Sua..? Você tem uma meia irmã?_ Ele inquire pasmo.
_ A Jennifer Reinold é minha meia irmã._ Digo de uma vez.
Vejo os olhos grandes e verdes se tornarem ainda maiores e lindos.
Seria cômico, se não fosse trágico.
_ A Jennifer é sua meia irmã? Porra!_ Ele rosna.
Eu assinto, encarando a parede a minha frente.
_ Pois é... Não que eu já não soubesse disso. Mas saber a maneira como fui gerada é foda sabe?_ Digo.
Adam me puxa para um abraço apertado.
E eu me deixo levar e inclino a cabeça sobre o seu ombro, me acochegando ali.
_ Não acho que o seu pai te via como uma bastarda Amber. Ele cuidou de você, quando você nasceu, enquanto crescia... Ele era um homem muito rico e casado, como acabou de dizer. Tenho certeza que se ele podesse te mostraria ao mundo... A Jennifer sabe disso?_ Pergunta de repente.
Assinto.
Ele beija os meus cabelos.
_ E como ela se sentiu?_ Indaga.
_ Melhor do que eu. _ Dou de ombros._ Acho que até fez uma festinha interna.
_ Viu? Não é uma bastarda. Não foi algo que eles planejaram. Mas seu pai e sua mãe te quiseram o tempo todo.
Vendo por esse lado, ele tem toda razão.
Se a paquita do capeta 1 não tivesse matado a minha mãe, ela com certeza, estaria comigo até hoje... E o meu pai também, ainda me visitaria. E a paquita do capeta 2 não teria arruinado a infância da Jen, porque a sua mãe ainda estaria viva Também.
Tudo isso está acontecendo por culpa dela.
Aquela Paquita do capeta vai me pagar bonitinho!
Em meio a raiva que eu sinto, os olhos ardem com as lágrimas que começam a se formar.
O bip do leãozinho começa a soar e ele solta um xingamento baixo.
_ Eu preciso ir. Você vai ficar bem?_ Inquire atencioso.
Eu assinto.
_ Prometo te dar toda atenção assim que sairmos daqui tá bom?_ Diz me dando um beijo rápido.
_ Tá bom.
Enquanto ele se afasta de mim, tomo uma decisão...
_ Preciso ver a tia Anne._ Digo em um tom baixo.
Levanto do banco e sigo para o terceiro andar, onde fica a sala do doutor John.
Sigo a passos largos, até parar da frente para sua sala.
Soltar um suspiro audível.
Com ansiedade bato levemente a porta, entrando em seguida.
_ Parker? Aconteceu alguma coisa?_ Ele pergunta assim que me ver.
_ Ah... Sim. Doutor John, eu preciso sair por uma hora, pra resolver umas coisas pessoais. Será que..?
_ Tudo bem. Desde que volte em uma hora Amber. Estamos precisando de toda ajuda aqui hoje.
Dou um meio sorriso.
_ Um hora doutor. Prometo.
Ele assente e eu saio como um foguete da sua sala.
Tia Anne pretende voltar a Michigan em três dias. Não vou deixa-la escapar dessa vez.
Entro no elevador e mando uma mensagem para o meu leãozinho.
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11. E Se Eu Te Beijar? - RETIRADA 1° DE SETEMBRO
RomansaCristopher Ávila é o filho mais velho de Daniel Ávila e ainda muito jovem sofreu a sua primeira decepção amorosa. Isso o fez tomar a decisão de ir estudar fora do país e mesmo após se formar, Cris decidiu morar de vez nos EUA. Contudo, ele não conta...