Prison (Frerard) *Repostagem

Soap

Minha vida passou diante de meus olhos. Vários flashs, seguidos a sons a quais nunca mais quero ouvir. Lembranças e fatos que me marcaram, pois eu vejo que as coisas ruins realmente ficam nos atormentando por muito tempo, porém as coisas boas simplesmente se vão.

O policial deu voz de prisão ordenou que eu me rendesse.

Eu estava roubando um restaurante.

Eu devia ter corrido, mas eu falhei.

Respirei fundo, pensando em uma maneira de sair. Não havia.

- Acabou, filho da puta, largue a arma e saia com os braços para cima! - Eu achei que ninguém nunca iria me pegar, mas bem, merdas acontecem. Neste mesmo momento larguei minha arma e a mesma deslizou pelo chão. Um policial veio correndo para apanha-la e me rendi no mesmo momento.

Eu não esperava por isso, nem me render naquele momento, mas eu precisei entender desde o começo que estava tudo acabado, eu não tinha mais como fugir ou por onde correr. Coisas fodidas acontecem com pessoas estúpidas, as impulsivas e as que não pensam muito nas consequências. Eu tive um porquê de fazer isso, por umato desesperado da minha vida, precisei. Eu so tinha feito aquilo por...

O policial negro de quase dois metros de altura vinha atrás de mim puxar meus braços para trás e logo senti a gélida textura da algema prendendo meus pulsos. Ele me puxou bruscamente e quando me virei em direção ao vidro do estabelecimento, na parte de fora vi as viaturas e as luzes, o barulho da sirene e as pessoas curiosas vindo ver o que estava acontecendo. Eu só sentia vergonha.

Eu mereço até, certo? Mereço porque falhei como sempre. Mereço porque meu irmão tinha razão: Eu era um verdadeiro trouxa, eu deveria ter ficado na minha, mas quis pagar de herói e eu sempre me fodo quando quero me pagar de herói.

O policial gigante conduziu-me para fora do restaurante, enquanto todos olhavam e me xingavam.Eu entendo, direito dessas pessoas, não impora que eu fosse preso, eu de verdade queria ver o meu irmão bem.

Quando eu passava pela horda de pessoas, algumas cuspiram em mim. Abaixei a cabeça para disfarçar a possível cara de bunda que eu estava no momento, porque eu estava totalmente assustado e tinha vergonha de que as pessoas me vissem assim. Que merda eu tinha na cabeça?

O policial abriu a porta de trás do carro e me jogou ali. Segurei-me na grade que separava os bancos da frente e de trás, suspirei forte sentindo a ansiedade tomar conta de todo o meu corpo. Tentei imaginar como minha vida seria daqui pra frente.  O policial entrou no carro, logo depois o outro entrou também.

- E então, está gostando de ser preso? - Perguntou o policial que estava dirigindo, mas eu não respondi. Na verdade, o policial tinha que realmente zombar de mim.

Eu era um completo idiota.

- Tome cuidado, princesinha, porque agora você vai para a cadeia - O outro que se sentava no passageiro disse me olhando de canto - Cuidado com a cadeira!

- É foda apontar arma em um restaurante que tem crianças, falta de noção - O policial falava e eu só queria focar minha mente em algo e sair daquele lugar. Na realidade nem na minha mente agora eu poderia sair, até porque claro, eu teria que aguentar toda essa porra de pressão.

Eu fui traído e abandonado aqui, meus amigos foram embora. Eu sei, não é totalmente minha culpa, mas sinto que as coisas vão ficar bem complicadas para mim agora.

***

Um flash, meus olhos ardiam; outro flash, mudei a posição e continuei com aquela feição assustada; outro flash, outra luz forte na minha cara. Era isso que eu fazia agora na delegacia, tirando fotos pra colocar no meu passaporte para o inferno. Na verdade, esse era o passaporte para um presídio qualquer, mas eu queria torcer que fosse um presídio tranquilo no qual eu pudesse pagar minha pena e ir embora, coisas assim. Eu não me importo de estar em um presídioporque agora eu não tenho mais porra nenhuma a perder. A única esperança que eu tinha de salvar meu irmão foi por água abaixo.