Notebook

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Fui levado de volta para minha cela úmida e escura pelo policial debochado e adentrei andando em passos lentos. O tal de Gerard estava deitado de barriga pra cima no beliche, provavelmente dormindo. Fazer muito barulho não seria uma boa opção. Subi para a cama fiquei ali, tentando pensar em algo que me tirasse da realidade em que eu estava.

Eu sentia falta do meu irmão, sentia falta do tempo em que eu tinha o apoio dele, mas parece que tudo foi jogado fora, tanto por ele e por mim. Abaixei a cabeça para tanta gente durante a minha vida que esqueci de realmente mostrar quem sou. Quando chegava minha chance, eu sempre dava a porra da vez para outra pessoa.

E a porra da chance chegou, mas as consequências foram enormes.

- E então, descobriu meu nome? - Uma voz veio de baixo e era ele ainda deitado.

- Gerard Way - Respondi, depois de um bom tempo tentando o ignorar. Engoli em seco, sentindo calafrios por todo meu corpo.

Ok, eu não deveria ignorar, eu não poderia demonstrar que sinto medo dele. Talvez, se ele saber que sinto medo dele, possa usar isso contra mim uma hora.

- E sabe o que eu faço? - Ele dizia em um tom de voz calmo e tranquilo. Como se o que ele fizesse fosse totalmente normal!

Sei, dur. Você é o fodão da cadeia, desculpa.

- Você mata pessoas. – Reviro os olhos, mordendo os lábios forte e tentando segurar meu medo. Ele provavelmente deve ter percebido.

- Bom garoto.

- Então é isso ai, amanha eu não sei se vou estar vivo. - Soltei como um desabafo, mas acho que ele não se importa muito.

- Se você soubesse o que irá te acontecer aqui, iria implorar para que eu te matasse. Boa noite.

Meu Deus, eu não queria ter ouvido isso. Eu

Ele se calou. Eu não sabia o que pensar, não sabia o que seria de mim ali dentro. Eu estava com medo, dele, daqueles homens, de tudo.

- Eu faço o que você quiser em troca de proteção - Eu disse engolindo em seco. Caralho, o eu tinha que fazer? Eu queria poder acordar em casa e ver que tudo isso não passa de um sonho!

Foi ai que ele levantou de sua cama ficando de frente para mim. Continuei deitado, apenas o observando. Ele sorria malicioso novamente, com aqueles olhos verdes...

- De tudo, mesmo? - Ele lançou um olhar sarcástico.

- Eu não vou dar pra você - Revirei os olhos e ele começou a rir.

- Como assim? Não vai dar pra mim? Você disse de tudo! Da próxima vez seja mais específico - Ele bufou, fechando a cara.

Tremi de medo, ok eu estava fodido, realmente.

- Você é tão idiota - Ele revirou os olhos - E muito inocente.

- Tudo bem, eu posso ser bobo, tonto e burro. Mas você também está aqui. Você também foi pego!

- Eu me entreguei. - Ele disse sem emoção alguma, apenas me olhava com aquele olhar doentio... - Eu não tenho o que perder, mas já você...

- Por quê? Por que se entregou? - Perguntei.

- Porque sim, isso não diz respeito a você - Disse piscando pra mim, dando de ombros.

- Então eu não quero a sua opinião. Se sou burro ou amador... O problema também é meu! - Eu disse, dando de ombros.

- Você é uma criancinha chorona, Frank, eu posso ver em seus olhos - Ele sorriu de lado - Essa sua vontade de atenção, que sua mamãe te proteja, não é? Ela nunca vai te proteger, não comigo do teu lado...

Prison (Frerard) *RepostagemOnde histórias criam vida. Descubra agora