Derek é um homem com um passado cheio de brigas, dor e morte. Por anos teve que conviver com a dor da culpa e hoje se vê obrigado a mais uma vez relembrar de tudo. Quando está prestes a perder sua mente e entrar em um caminho sem volta, conhece a mu...
Um pequeno bônus sobre a visão da Mãe de Derek diante de tudo que aconteceu com a família Foster.
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Eu simplesmente não fui capaz de ouvir o que meu marido estava preste a dizer ao meu filho. Sei que foi covarde da minha parte, mas foi mais forte que eu.
Sempre criei meus filhos com amor. Confesso que as vezes exigi demais deles, principalmente de Derek por ser o mais velho. Meu marido na maior parte do tempo tratava Derek como se fosse seu filho, mas depois da chegada de Ethan as coisas mudaram um pouco.
Hoje vejo como fui cega de não perceber a grande diferença sentimental entre pai e filho. Eu pensava que as reclamações de Derek sobre o comportamento do pai fosse apenas por ciúmes do irmão, mas hoje tudo ficou mais claro. Eu amo meu marido e amo a família que construí.
Ver Ethan morrer diante dos meus olhos foi mais do que eu conseguiria suportar. A dor que estou sentindo não tem descrição. Derek é o homem mais forte dessa casa, eu me orgulho do homem que ele se tornou.
O ouço entrar em seu quarto, sinto um aperto em meu peito e uma vontade maior ainda de chorar. Me levanto e estou prestes a ir vê-lo quando meu marido entra no quarto batendo com brutalidade a porta atrás de si.
- Já passou da hora desse moleque ir embora daqui. - grita enquanto anda de um lado para o outro.
- Ele é meu filho! Eu não posso perder os dois filhos que tanto amo nesse mundo. - digo entre soluços. Eu não suportaria perder Derek também.
- Querida eu te amo, mas esse filho nunca foi meu de verdade. Eu perdi o único filho que tive na vida, sangue do meu sangue. Esse garoto matou meu filho. - Meu garoto não teve culpa e está tão assustado quanto eu. Irei ficar aqui com ele ainda que eu tenha que perder meu marido.
- Eu vou ficar com ele. Se ele sair eu também saio. - O ouço gargalhar ironicamente e depois sorrir com malícia. Nunca vi meu esposo assim.
- Faça o que bem entender, mas não hoje. Deixe que ele se vire um pouco. - ele tranca a porta do nosso quarto fazendo com que um calafrio percorra minha espinha. Seus olhos estão negros, mais do que de costume.
Me deito na cama e permaneço imóvel. Sinto seu corpo gelado contra o meu, seus braços me agarram e é como se eu não reconhecesse mais o homem com quem me casei.
- Descanse querida, amanhã será o enterro do nosso filho. - Faço uma oração pela alma do meu menino e tento dormir.
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Acordo no meio da noite assustada com um pesadelo. Meu marido dorme tranquilamente enquanto eu me sinto quebrada. Me levanto e vou até o quarto de Derek. Seu guarda roupa está praticamente cheio, talvez ele volte pela manhã e eu consiga conversar com ele. Me dirijo até o quarto de Ethan e fico de lembrando das vezes que ficava o observando dormir. Me deixo em sua cama e ali agarrada ao seu travesseiro volto a dormir.
Acordo pela luz que entra no quarto através da cortina. Confiro no relógio de cabeceira e são exatamente sete horas da manhã. Me levanto um pouco sonsa, vou até o meu quarto, pego algumas peças de roupa e tomo um banho. Quando saio ele já está pronto e nada de Derek ainda.
- Derek ainda não voltou e a maioria das suas roupas estão no armário. - ele me olha com um sorriso fraco.
- Talvez ele não volte querida. - quero pensar que isso não vai acontecer.
Termino de me arrumar se seguimos para o funeral. O corpo será velado por apenas uma hora e logo depois será enterrado. Eu prefiro assim para que minha dor não se prorrogue. É muito doloroso ver um filho morto. Você sempre acha que não vai acontecer com você e daí quando acontece tenta se enganar de todas as formas, mas não é possível porque seu corpo está bem a minha frente.
Seu semblante está calmo que poderia até dizer que está apenas dormindo. Como eu queria que fosse apenas um sonho.
Meu marido chora sobre o caixão do nosso filho e eu começo a me perguntar onde estão minhas lágrimas que não vêm mais. Vejo Derek observando tudo de longe, mas ele foge assim que me vê. Abaixo minha cabeça e volto para o meu lugar. Não quero que meu filho me odeie por ter sido covarde, quero poder dizer a ele que ficaremos juntos mesmo que eu ainda não saiba como as coisas irão se suceder.
- Vamos nos mudar para o exterior. - balbucia em meu ouvido me abraçando. Encaro meu marido sem entender o motivo e a necessidade disso. - Será melhor para conseguirmos recomeça.
- E Derek? Ele virá conosco não é? - pergunto aflita com a hipótese de ter que deixar meu garoto.
- Ele irá, apenas não irá morar na mesma casa que nós dois. - respiro um pouco mais aliviada.
Chega a hora do enterro e o momento mais difícil. É doloroso ter que dizer adeus quando não se está preparada para isso. Ethan ainda era uma criança pra mim. Graças a Deus aquele rapaz foi preso e estará longe da minha família por um bom tempo.
Algumas lágrimas rolam por meu rosto quando a terra é jogada sobre o caixão do meu menino. Meu marido me abraça apertado e eu sinto meu coração sendo arrancado de mim.
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Algumas horas depois....
- Não consigo falar com Derek. - informo aflita. O voou sai em 30 minutos e ele ainda não apareceu.
- Não se preocupe, logo ele chega. Vou ao banheiro e já volto. - afirmo com a cabeça e permaneço sentada procurando um único rosto em meio a essa multidão. Meu telefone vibra. É Derek.
"Mãe já estou quase chegando. Pode embarcar que já alcanço vocês".
Respiro mais aliviada por saber que logo estaremos juntos novamente. Pensei que ele não fosse concordar em vir conosco.
- Querida alguma notícia de Derek?
- Disse que já está chegando. - sorrio.
- Então vamos embarcando. - pego minha bolsa e sigo para a ala de embarque. Vai ser bom recomeçar em outro lugar. Nunca vou esquecer meu filho, mas mudar é necessário para diminuir a dor.
O piloto anuncia a decolagem e meu coração acelera. Procuro Derek pelos bancos e não o encontro. Uma aeromoça vem pedir que eu me sente. Encaro meu marido que parece aflito também.
O avião decola e eu entro em desespero.
- Cadê Derek? - pergunto angustiada.
- Ele não vem. - diz me mostrando o telefone que pertencia ao meu filho.
