Somebody To Love ❣️

0.2

Setembro de 2017

A vida sem o André tem sido meio estranha. Primeiro sinto que foi o melhor como depois sinto que não devia ter feito isto. Ele foi para Itália. Não se despediu de mim e nem me disse nada. Também decidi não lhe dizer nada. Cortámos relações mesmo e ao estar a meter conversa com ele só me vou confundir.

A Ana e o Pedro não estavam à espera de que ele escolheria ir para Itália. Inclusive o Pedro nem sabia dessa história. Todos os mais próximos dele estavam estupefactos com esta decisão mas mesmo estando contra, ninguém falou.

Aluguei uma casa só para mim. Não quis voltar para a casa dos meus pais talvez por vergonha. Apostei tudo na pessoa errada e isso meteu-me super desconfortável comigo mesma. Também decidi ficar numa casa sozinha por causa da universidade. A casa dos meus pais é longe e assim fica mais fácil, até mesmo a nível de transporte.

- Mãe, não te preocupes, eu logo passo por aí para lhe dar um beijinho! - digo enquanto caminho para dentro do metro.

- Vou dizer ao teu irmão para depois te ir buscar aí. Já vens tarde e eu não quero que venhas sozinha!

- Não é preciso mãe!

- Ver se ficas atenta às horas! - grita o meu irmão do fundo e eu rio.

- Chatos! - sorrio. - Mas bem, tenho de desligar que o metro está cheio. Até logo! - mando beijos e guardo o telemóvel na mala.

Assim que chego a casa meto a pizza no forno e vou até à casa de banho. Almoço tranquilamente enquanto vejo as notícias. Começa o departamento do desporto e k primeiro nome a ouvir-se é: André Silva. Tento não ligar ao que o jornalista diz mas é mais forte que eu. Parece que o clube ainda não lhe começou a dar o devido valor mesmo já ter provado que é uma mais valia para a equipa.

Felizmente acabado de almoçar. Lavo a loiça, desligo a televisão e saio de casa para mais uma aula.

- Leonor, vais já para a universidade? - pergunta-me o Rodrigo ao chegar perto de mim no metro.

- Vou sim, então?

- Nada, assim vou contigo! - dá um sorriso e eu retribuo.

- Tudo bem!

Fomos o caminho todo a falar das aulas e de como está a correr o nosso segundo ano na universidade. Parece que para ambos tudo está a correr pelo melhor.

- Sabes, há uma coisa que admiro muito em ti!

- O quê? - pergunto com uma sobrancelha arqueada.

- O facto de teres aguentado o fim de namoro com o André Silva. A sério, não te deixaste ir abaixo e isso é excelente!

- Agradeço imenso mas por favor não vamos falar sobre isso! - dou um sorriso forçado.

- Claro, desculpa! - sorrio para o tranquilizar.

//////

- Como estás meu grandalhão? - abraço o meu irmão.

- Bem melhor agora pequenina! - dá-me um abraço apertado.

- Como está tudo lá por Dublin?

- Está tudo altamente. Ver se me vais lá visitar um dia! - despenteia-me.

- Pára com isso Tiago! - irrito-me.

- Aí que a princesa está de mau humor! - goza. - Vamos andando?

- Vamos!

Entro no carro do meu irmão e seguimos viagem até à casa dos meus pais.

- Tão bom voltar a ter os dois aqui! - abraça-nos a minha mãe.

- Bem que podiam ter aqui a Leonor mas ela é burra! - diz o meu irmão.

- Não comeces Tiago! - diz o meu pai ao qual agradeço por ter parado o meu irmao.

- Vamos jantar meninos. Está tudo na mesa!

As saudades que eu tinha disto. Por um momento esqueci todo o meu passado que ainda hoje me deita abaixo. Ríamos com as história do meu irmão e do meu pai. Parece que tinha agora os meus 16 anos, quando ainda todos vivíamos juntos e tínhamos destes jantares.

Sempre foi hábito ter a televisão ligada enquanto jantávamos. Começa se a ouvir o nome do André e o meu pai muda logo de canal. O meu pai amava o André. Ele é ferrenho do futebol clube do Porto e quando comecei a namorar o André, ele amava-o ter lá em casa. Agora já nem pode ouvir o nome dele e muito menos ver a sua cara. Ouço-o falar baixo quando ouve o jornalista a dizer o nome dele. "Já enjoa". Foram estas as palavras dele.

Tudo isto me doía. Mas eu não podia fazer mais nada. O que importa agora é esquecer e viver as nossas vidas mesmo que custe.