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Passou uma semana desde que conversei com o André. Desde aí que nunca mais trocamos palavras um com o outro. Estava no pátio da universidade com o Pedro e a Ana à espera de entrar na nossa ultima aula do dia. Ambos pareciam tensos e isto só podia ter haver com os tais "problemas no paraíso".

- Que se passa com vocês? - pergunto tentando cortar aquele clima.

- Não se passa nada. Está tudo bem entre nós! - responde a Ana e massaja a perna do namorado e ambos sorriem um para o outro.

- Desculpem a pergunta. É só porque vocês têm uma cara de caso que me está a constranger! - dou um sorriso simpático.

Eles voltam a entre olhar-se mas desta vez seriamente. Ambos confirmam com a cabeça e voltam a olhar para mim.

- Tens falado com o André? - pergunta-me o Pedro.

- Não, porquê? - franzo a sobrancelha.

- Ele não tem dado sinais de vida já há três dias, Ana! - responde agora a Ana.

- Como assim? Eu há uma semana estive com ele!

- Eu também mas há três dias que ele não me responde e não me atende!

- Já tentaram ir aos sítios onde ele mais gosta? Ou até aos treinos? - pergunto.

- Já Ana, mas ele tem faltado! - responde o Pedro.

- Eu não sei... o máximo que posso fazer é enviar-lhe uma mensagem!

- Faz isso. Acho que tu consegues ser o único ponto fraco dele! - diz o Pedro.

Pego imediatamente no telemóvel e entro nas mensagens com o André.

Eu: Olá André. Sei que não falamos à uma semana e gostava imenso de poder marcar contigo um dia para falarmos. Irmos novamente com calma ter a confiança que tivémos. Soube hoje que não tens dito nada a ninguém nestes últimos dias. Por favor. Responde-me! Nós estamos todos preocupados! Beijinhos!!

Ouve-se o toque de entrada e juntos caminhámos para o interior da sala. A aula tinha cerca de três horas. A cada instante ia olhando para o telemóvel para ver se tinha finalmente alguma resposta por parte do André...mas foi em vão.

- Tenho de ir comprar água. Esperem aqui! - diz o Pedro. 

Tanto eu como a Ana nos encostámos à parede. Nisto passam duas raparigas completamente felizes a comentar algo que tinham visto.

- Ele é tão lindo. Nem acredito que está mesmo aqui na nossa universidade! - comenta uma das raparigas para a outra.

- Vou já já postar a foto que tirei com ele! - diz a outra.

- A minha irmã vai-se passar quando lhe disser que o André Silva está em frente ao portão a nossa universidade!!

Com isto num instante despertei. Sigo as raparigas e mando-as parar.

- Vocês disseram que o André Silva está aqui na nossa universidade? - pergunto.

- Olha mais uma fã. Yap, está em frente ao pé do carro. Segundo ele, está à espera de uma aluna daqui!

- Quem será a sortuda?! - diz a outra rapariga.

- Muito obrigada! - sorrio e volto para perto da Ana que já se encontrava com o Pedro.

- O André está aqui. Tenho de ir ter com ele! - digo assim que chego perto deles.

- Como assim? - pergunta o Pedro.

- Não sei. Foram aquelas miúdas que me disseram. Ele disse que estava à espera de uma rapariga aqui da universidade!

- Só podes ser tu! - diz a Ana. - Ele apareceu desde que lhe enviaste a mensagem!

- Vai já ter com ele e tenta perceber o que se passa. Depois diz-nos qualquer coisa ok? - diz o Pedro.

- Claro que sim. Fiquem descansados!

Despeço-me deles e a passo largo, caminho até à saída da universidade. Ao longe vejo uma enorme concentração de pessoas. Claro que queriam tirar foto com o André. Dou volta aquela gente toda e entro lado do pendura. Baixo o vidro do condutor e num instante o chamo.

- André, bora!

Ele despede-se das pessoas agradecendo o carinho e entra no carro então. Mete o cinto de segurança e acelera o carro. Ele não dizia nada durante o caminho até ser eu a cortar aquele silêncio.

- Porque andaste desaparecido?

- Só te fiz um favor! - ele diz a olhar para a estrada.

- Como assim. Não te lembras da nossa conversa à uma semana atrás?

- Sim lembro, mas fiz pela carta que me mandas-te, ou não te lembras também? - ele olha para mim com alguma raiva e angústia.

- Qual carta André? Eu não te mandei carta nenhuma!

Com uma mão ele abre o porta luvas do carro e puxa de lá um envelope que num instante me o passa para as mãos.

- Que é isto André? - olho para ele com a carta nas mãos.

- É aquilo que me enviaste na noite de quarta-feira!

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