Finalmente o meu pai já podia receber visitas. Para já pensei em não ir. Sei que fui a culpada pelo que lhe aconteceu e ir dias depois do acontecimento não me pareceu apropriado. Mas uma semana depois, pensei em encarar o assunto de frente porque apesar do que ele me disse, eu continuo a amar o meu pai.
Saio das aulas acompanhada pela Ana e o Pedro. Hoje estava minimamente feliz. A semana tinha corrido bem e algo me dizia que a visita e a conversa com o meu pai iria correr bem.
- Depois conta como foi ok? – diz a Ana.
- Fica descansada que mando logo mensagem para o grupo. – rio-me.
Entro no carro e sigo viagem até ao Hospital. Ao entrar no parque de estacionamento, vejo um carro com uma matrícula que me era muito familiar. Esse carro acaba por sair e aproveito e fico no seu lugar.
Aos poucos os nervos vão-se apoderando de mim e cada passo que dava em direção ao quarto do meu pai, era uma batida forte no meu coração. Chego perto da porta e respiro fundo. Conto até três mentalmente e assim que ganho coragem dou duas batidas na porta com as costas da mão.
Ouço um "entre". Abro a porta devagar e no fundo do quarto vejo o meu pai sentado numa cadeira perto da janela a olhar fixamente para o exterior sem saber quem estaria a entrar.
Fecho a porta atrás de mim. Caminho a passos suaves até perto dele. Pouso a não em cima do seu ombro direito.
- Pensei que não me vinhas visitar. – diz ele sem ainda me ter olhado.
- Não o quis perturbar. Estava frágil e não queria ser novamente a causadora do que lhe aconteceu.
O silêncio volta a reinar dentro da sala. Olho para o exterior e vejo então para o que é que o meu pai estava a olhar fixamente. Um senhor por volta da idade do meu pai brincava alegremente com duas crianças.
- Esqueço-me por vezes que tu e o teu irmão já não são mais dois bebés e que têm de descobrir o mundo por vocês.
- Tu não fizeste nada de mal pai. Tu és o melhor exemplo que eu e o Tiago podíamos ter.
- Eu protegi-vos demais e a vossa mãe sempre me disse isso. - ri-se.
- Fizeste o que tinha de ser feito. Hoje somos pessoas totalmente cientes de tudo graças à tua educação! - puxo uma cadeira e sento-me ao seu lado.
Pela primeira vez desde que cheguei que o meu pai olha para mim. Os seus olhos estavam marejados e pela primeira vez vi o meu pai a chorar. Ele dá-me um breve sorriso e pousa a sua mão em cima da minha.
- Tu sempre o amaste não foi? - ele diz.
- Desde a primeira vez que o vi. - sorrio.
- Ele esteve aqui hoje. Abalou por volta de uns cinco minutos antes de tu chegares!
- Que veio ele fazer aqui? - pergunto um pouco assustada.
- Veio acima de tudo pedir-me desculpas pelo que aconteceu.
- Ele tem andado super preocupado. Eu ainda o acalmei a dizer que não teve culpa nenhuma mas foi em vão.
- Eu sei. Deu para ver pela voz dele. Para além disso, ele falou-me sobre ti.
- De mim?
- Leonor, ele ama-te sabias? Ele tem-te em muita consideração por tudo o que te aconteceu e tens feito por ele. Por mais que eu gostava que ele não fizesse parte da tua vida para prevenir algo parecido como o que aconteceu no passado, eu não posso mesmo fazer nada. O que mais quero é que tu e o teu irmão sejam felizes.
Não estava de todo a acreditar na conversa que estava a ter com o meu pai mas a verdade é que tinha uma calma interior. Um enorme peso havia saído de cima dos meus ombros e não pude não deixar escapar um sorriso genuíno.
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Somebody To Love ❣️
RomanceAndré Silva vira o grande fenômeno. A ganância cresce e nem o amor consegue salvar. Porém, existe sempre um "mas"...