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Hoje o meu pai ia ter alta hospitalar e tanto eu, como a minha mãe e o meu irmão, fomos para o ir buscar. Sorrimos mutuamente quando o vimos a vir na cadeira de rodas empurrada pela enfermeira.

- Que bom que saíste pai! - abraço-o com toda a felicidade do mundo.

- Não exagerem. Só passei uns dias fora! - diz com a maior brincadeira.

Saímos do hospital e decidimos ir almoçar ao Burguer King. Fazia anos que não tinha um almoço destes com a minha família e hoje o dia estava a correr tão bem que não queria que ele acabasse.

Mais tarde fui para a faculdade. Contei as novidades ao Pedro e à Ana e de seguida saímos do edifício com destino a casa.

Porém, ao sair pelas portas principais, avisto um enorme movimento no parque de estacionamento. Tiro o telemóvel da mala e tenho duas mensagens do André a pedir que fosse ter com ele.

Despedi-me do meu casal favorito. Caminhei a passo largo até ao carro atropelando a fila que se estava a formar. Ouço pessoas a reclamar mas ignoro pois hoje nada me podia deitar abaixo.

- Vamos embora! - digo enquanto meto o cinto de segurança.

Ele sorri. Arranca com o carro e partimos viagem até ao desconhecido.

- Onde vamos? - quebro o silêncio.

- É surpresa! - ele ri-se.

Estava nervosa pois não sabia o que ia na cabeça do André. Porém estava um pouco triste com ele. Acho que era correto ele dizer-me que foi visitar o meu pai ao hospital.

- Chegámos!

Olho para o lado e vejo que estávamos em Baguim do Monte. Há anos que não vinha a esta aldeia.

- O que viemos aqui fazer? - pergunto ao fechar a porta do carro.

- Viemos recordar os velhos tempos! - sorri. - No fim de semana passado estive cá e passeei por aí. Sabes onde fui parar?

- Onde?

- À nossa antiga casa da árvore!

- A sério que ela ainda está intacta? - pergunto estupefacta.

- Parece mentira mas sim, ela ainda está bem intacta. Gostava de te levar lá!

- Podes crer que vou aceitar! - digo com um sorriso nostálgico.

Durante todo o caminho, relembrámos as nossas brincadeiras de infância nesta aldeia. o Afonso fazia parte delas todas. Era ele o nosso alvo e o nosso pombo correio. Lembro-me na altura de o meu pai me proibir namorar por ser nova demais. Claro que nunca damos ouvidos aos nossos pais. Por sorte ele sempre adorou o André e quando contámos ele apenas sorrio e disse para termos juízo.

Chegámos à nossa antiga casinha. Subimos as escadas de madeira já escuras da chuva. Entro na casinha e reparo que houve uns reparos recentes.

Sento-me em cima de uma manta nova que por ali estava. Olho para o André à espera de uma explicação.

- Talvez te tenha omitido alguma coisa. - ele sorri. - Pensei em reestruturar a casinha. Ela sempre foi muito importante para todos e acho mal ela estar ao abandono!

- Nisso concordo contigo. - sorrio. - De certeza que é seguro estar aqui? - franzo a sobrancelha a brincar com ele.

- Não tenhas medo que eu deixei as obras para os experientes! - gargalha. - Só tratei da decoração. Espero que gostes!

- Adoro. Está super cute!

O André havia preparado várias surpresas para mim sem saber o porquê. Admito que estava a gostar mas tinha medo do que por aí vinha.

Almoçámos com muitas conversas aleatórias. As gargalhadas tomavam conta de nós e a nostalgia trazia um ainda mais brilho ao nosso almoço. A sobremesa havia sido melancia cortada em cubinhos com palitos espetados. Tal como eu sempre amei.

- Leonor, eu preciso de falar contigo! - diz num tom mais sério.

- Que se passa André?

- Há uns bons aninhos atrás, o que está a acontecer hoje, aconteceu aqui neste mesmo sítio, com a mesma sobremesa que tanto gostas. Não sei se sabes mas eu fui ao hospital falar com o teu pai. Eu não  podia deixar que ele me odiasse mais e tinha de o fazer porque para mim eu serei sempre o culpado pelo que aconteceu ao te pai. Conversámos durante horas e por fim saí com a consciência tranquila de que tinha voltado a ter um grande amigo. 

- O que queres dizer com isto tudo? - pergunto impaciente.

- Leonor, eu amo-te. Sempre te amei e nunca vou deixar de te amar. Eu fui um completo merdas em te ter deixado e sei bem que a fama me subiu à cabeça de uma maneira que nem te sei explicar. Não é desculpa para os meus atos mas eu quero tanto mostrar-te que o André que tu conheceste ainda existe. Quero provar-te todos os dias que... - nisto eu colo os meus lábios nos dele.

Iniciamos um beijo calmo e apaixonante. As suas mãos vão de encontro das minhas bochechas e por fim colamos as nossas testas. Um sorriso escapou por entre os lábios de ambos.

Olho para ele e vejo nos seus olhos o André por quem eu sempre fui apaixonada.

- Eu juro que tentei esquecer-te. Tentei tapar a dor que tinha mas não consegui. Sempre foste tu em todos os momentos! - digo.

- Quando soube que estiveste entre a vida e a morte, eu chorei todas as noites. Tinha tanta vergonha de mim mesmo. Tirei semanas para mim. Pedi para não contarem comigo naquela temporada. Eu estava de rastos. O Afonso é que me conseguiu fazer sair de casa e aparecer finalmente. Tinha a proposta do Porto e claramente que não a pude recusar. Era o útil ao agradável! - massaja a minha bochecha.

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⏰ Última atualização: Sep 06, 2019 ⏰

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