Insubmisso

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— Você tem uma personalidade forte. — Pronunciou-se após certo tempo de um silêncio inquietante, um sorriso tomou sua face logo em seguida. — Mas eu gosto disso.

Revirei os olhos. Ele não tinha que gostar de nada...

— Tá, vamos apressar as coisas, certo? Estou cansado.

— Oh! Me desculpe. — Inclinou o corpo numa reverência. — Vamos logo então. — Se aproximou com as mãos em meus ombros. — Esse é um ritual de inicialização obrigatório e indispensável, então espero que não fique desconfortável com isso. — Afagou-me numa carícia simples e praticamente imperceptível. Mantive-me parado e em silêncio, sem demonstrar reação alguma aos seus atos amistosos, mas também sem conseguir desviar meu olhar do seu de maneira alguma.

— Qual seu nome? — Perguntei no automático, as palavras fugindo de minha boca antes que eu pudesse, de fato, controlá-las.

Estava começando a ficar nervoso com toda aquela situação, meus músculos chegavam a retesar de medo como se meu corpo estivesse sendo petrificado.

O garoto por sua vez parecia muito feliz por minha iniciativa de comunicação.

— Sou Jeon Jeongguk. Prazer em conhecê-lo, Taehyung. — Sorriu.

Ele sorria demais.

— Hm, que seja. — Virei o rosto e cruzei os braços, encarando qualquer ponto da sala que não fosse seu rosto. Não queria que ele sonhasse alto demais e achasse que de uma hora para outra eu havia, milagrosamente, me tornado comunicativo e gentil. Afinal, isso estava longe de se tornar realidade.

— Você se incomodaria se eu... — Ele interrompeu sua própria fala e pareceu ficar um pouco sem graça, rodeando meu corpo com seus braços longos e me apertando num abraço fraco do qual eu não fiz questão de retribuir.

Aquilo era estranho.

O contato perdurou por poucos segundos e ele logo se afastou, encarando-me um pouco envergonhado e com seu famoso olhar indecifrável em face.

Suas mãos se elevaram em direção ao meu pescoço e com as duas palmas ele o segurou, firme e sem hesitação. Meu corpo se petrificou. Ele iria me morder? Talvez me matar por ser tão malcriado... Ou pior, iria me transformar em um ser igual a ele... As possibilidades eram infinitas e transbordavam em minha mente, enquanto ele inclinava meu pescoço com leveza, aproximando seu rosto do local descoberto e fazendo-me arrepiar. Seu nariz encostou-se no vão pálido de minha pele e esfregou-se contra minha tez, antes de fungar o ar e sentir meu cheiro, que pareceu delicioso para si, deixando isso claro quando soltou um suspiro baixo em deleite. A ponta de sua língua pressionou a superfície de minha pele, mas logo se afastou, sem nenhuma mordida ou arranhão. Quando me percebi livre soltei a respiração, que ao menos notei que estava prendendo.

Ele então se afastou num passo longo, parecendo meio zonzo e perdido.

— Essa é uma avaliação onde testamos todas as qualidades que buscamos nos humanos que escolhemos, para assim decidirmos se o queremos ou não. — Explicou. — Mas sinceramente, não sei porque estou fazendo isso e principalmente porque me obrigaram a estar aqui, sendo que... — Seu rosto se aproximou, o toque gélido da ponta de seu nariz se esbarrando contra a pele aquecida do meu. — ...eu tenho certeza de que quero você.

Meu coração disparou, não soube dizer se por medo, ódio ou outra sensação distinta que não pude decifrar. Tentei me afastar, mas já havia alcançado o limite da porta. Ele estava tão próximo... Quis empurrá-lo, mas não o fiz. Por fim afastei aqueles sentimentos confusos da minha cabeça e o encarei com o olhar profundo e um falso deboche.

Pacto de Sangue || Kth + JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora