Pacto de Sangue || Kth + Jjk

Sentença Mortal

— Limpe. — MinHee ordenou de forma autoritária e fria, encarando Yujoon como se ela não passasse de um objeto descartável. E isso me irritou profundamente.

A pobre garota não teve outra opção a não ser obedecê-la, recolhendo os cacos de vidro com extremo cuidado e limpando o chão com a barra do próprio vestido. Um clima tenso se instalou sobre todos ali, enquanto encarávamos a cena. Eu ficava perplexo com a forma como eles lidavam com aquilo, como se fosse natural.

— Aliás, vocês se conhecem? — MinHee indagou, com a voz falsamente gentil. Era fácil deduzir o que ela pensava somente pelo seu olhar: ela estava me provocando. Com certeza sabia que eu era amigo de Yujoon, por isso fez questão de trazê-la até ali.

— Sim. — Respondi curto e grosso.

— Que interessante! Então por que vocês dois não aproveitam que estão aqui e matam a saudade de vez? — Sorriu sugestiva, fazendo Jeongguk resmungar baixo, imperceptível. — Enquanto isso, eu e Jeongguk iremos conversar um pouco. Não é, Gguk? — Segurou na mão dele e lançou um olhar inquisitivo às amigas, como se tivesse a intenção de expulsá-las dali.

— Certo. Cuide bem dela, irmão. — A projeto de Jeon piscou. — Vem Hyo, vamos.

— Eu... — Iria retrucar de alguma forma, para que Jeongguk não fosse com MinHee, mas Yujoon me impediu, tocando delicadamente no meu braço e encarando-me com um olhar suplicante. Repensei por alguns instantes. É... talvez devêssemos mesmo conversar. — Eu já volto. — Avisei Jeongguk, que mantinha o olhar firme sobre mim. Em seguida, me afastei para um canto deserto e esquecido daquele gigantesco salão. Na companhia de minha velha amiga.

— Eu estou tão feliz em te ver! — Sorriu sincera e me abraçou forte, apertando meu corpo contra o dela. Retribuí o abraço na mesma intensidade, sentindo uma saudade gutural me invadir. Ter Yujoon ali, na minha frente, era como retornar a minha antiga vida. Me sentia estranho. — Faz tanto tempo. — Se afastou minimamente e eu pude enxergar as lágrimas que já brotavam no canto de seus olhos.

— Muito tempo... tantas coisas aconteceram. Só de lembrar já me sinto sufocado. — Ri baixo. — Apesar das condições, também fico feliz em te ver aqui.

— Mal pude acreditar quando MinHee me disse que eu iria encontrá-lo. Achei que ela estava tirando uma com minha cara. Não confio nela. Mas bom, o que ela me prometeu está acontecendo, você está bem a minha frente.

— Espera... eu quero entender essa história direito. Se não houve nenhuma colheita, o que você está fazendo aqui? Como MinHee conseguiu sua posse? — A encarei de forma séria. — Ela te forçou a algo?

— Não quero falar sobre isso, Taehyung. Por favor, vamos focar só nesse momento. — Ela abaixou o olhar, brincando com as próprias mãos. — MinHee não me trata mal. Eu gosto dela, às vezes.

— Não fale isso na minha frente de novo. — Bufei baixo. — Okay, se não quer me contar, tudo bem. — Peguei em suas mãos pequenas e delicadas, que eram grotescamente enfeitadas por arranhões e ferimentos. — Mas saiba que estou aqui por você, certo? Ainda sou o mesmo Taehyung de antes.

— Não. Você não é. — Ela sorriu triste. — Você é uma versão melhor do Taehyung.

— Obrigado, Yu. — Acompanhei o sorriso dela, sentindo-me feliz e leve, como não me sentia há tempos.

Passei a admirar seu rosto, gravando cada detalhe dele em minha mente e notando o quanto ela tinha mudado. Estava uma verdadeira mulher. De repente, uma pontada de ciúmes me cortou o interior de forma rude e eu ri baixo ao constatar que o sentimento vinha de Jeongguk.

— Você cresceu tanto, aish. — Ela acariciou meu cabelo, alheia ao olhar mortal de Jeongguk, do outro lado do salão. — Sinto-me como uma irmã mais velha que perdeu o desenvolvimento do irmão.