Sede

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Assim que adentramos o quarto, Jeongguk já foi me abordando com uma pergunta inoportuna e que parecia tê-lo perseguido o dia todo:

— O que foi aquilo no refeitório?

Não fiz o favor de respondê-lo, o ignorando por completo, mais centrado em tirar aqueles tênis apertados que machucavam meus pés. Mas Jeongguk parecia realmente empenhado em me importunar aquele dia.

— Eu estou impressionado Taehyung. Você falando que gosta de mim? — Ele sentou-se em sua cama e observou a janela entreaberta onde era possível enxergar a noite estrelada. — Estou à espera de uma chuva de meteoros, ou talvez o fim do mundo.

— Me lembre de nunca mais demonstrar nenhum sinal de afeto por você, Jeon Jeongguk. — Joguei os sapatos para longe, num movimento bruto.

— Desculpe. — Ele riu, tampando os lábios com a mão assim que meus olhos — que faiscavam de raiva — se encontraram com os seus. — Eu só fiquei surpreso, mas não quer dizer que não gostei. É um avanço, eu quero ser seu amigo, mas na maioria das vezes você se esquiva demais.

— Tudo bem Jeongguk, podemos ser amigos. Talvez colegas.

Ele sorriu.

— A que se deve essa sua mudança repentina? Posso saber?

— Sei lá. — Dei de ombros, levantando-me e retirando o casaco, a noite estava abafada demais. — Eu só me conformei que eu terei que te aguentar de qualquer forma. Não dá pra nadar contra a maré eternamente.

— Inteligente da sua parte.

— Claro. — Procurei por minha toalha, devidamente dobrada num dos compartimentos da gaveta do guarda roupa, e a joguei para trás, pendurando-a no meu ombro. — Agora se me der licença, eu vou tomar o meu banho.

— Fique a vontade. Aliás... — Olhei para trás, a tempo de captar o sorriso malicioso em sua face. — Posso ir junto?

— Pode. Claro que pode. Mas só quando meu destino for o inferno.

E fechei a porta, sem mais diálogos, sem mais dores de cabeça.

Mas até que não seria uma má ideia tomar banho junto com Jeongguk...

Aí meu Deus. O que eu tô pensando?

Se tivesse algum psiquiatra naquele colégio eu deveria certamente contatá-lo o mais rápido possível.

Estava ficando louco.

Jeongguk... Ele estava me deixando louco.

...

Jeongguk estava dormindo, podia perceber isso através do laço, estava sereno.

Levantei-me da cama num pulo, não conseguia dormir, esfreguei os olhos e bocejei alto, coçando o topo da cabeça e caminhando até a janela, coberta por uma grossa cortina negra, que impedia que os raios do sol invadissem o quarto.

Agarrei as duas partes do pano e com cuidado as empurrei para lados contrários, por poucos centímetros, deixando a luz da manhã adentrar o cômodo. Tentei ser o mais cuidadoso possível, não queria acordar Gguk.

Soltando mais um bocejo, me aproximei da escrivaninha, onde o livro de capa grossa estava posicionado. Sentei-me na cadeira de madeira e suspirei antes de abrir a capa pesada e encarar as folhas amareladas a minha frente. Virei a primeira página, onde só continha o título; a segunda, uma folha vazia e na terceira eu parei, encarando o índice com certo interesse. Levei o indicador até a página sentindo a aspereza da mesma contra minha pele, deslizei o dedo pelos títulos dos capítulos, lendo-os de forma sussurrada e guardando em minha mente aqueles que mais me interessavam. No entanto logo parei sobre um deles, um que me interessou muito, era aquele.

Pacto de Sangue || Kth + JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora