Máscaras

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A ação de Jeongguk deixou-me boquiaberto e sem reação. Por alguns segundos até mesmo esqueci onde eu estava, qual era o meu nome e qual o propósito de toda aquela cena que se sucedia a minha frente. Eu estava em choque, e não muito diferente de todos os vampiros ao meu redor, que observavam o vampiro real do Sul matar sua própria prometida, com as mãos. Os murmúrios espantados tomavam o corredor e me enchiam os ouvidos como zumbidos, mas eu apenas os expulsava para longe. Naquele momento minha atenção tinha um único foco: Jeongguk.

Ele largou o corpo mole de MinHee no chão, como um peso morto que já não valia de nada, o rosto expressivo encarando a garota com nojo, sem remorso algum do que havia feito segundos atrás. Em seguida, limpou as mãos na calça, como se alguma doença transmissível tivesse tomado suas palmas ao encostá-las na garota. Depois, ao se recompor com um longo suspiro, Jeongguk avançou. Marchando pelo corredor com pressa e a passos pesados, o semblante furioso enquanto ele se aproximava cada vez mais de mim. Em resposta, engoli em seco, assustado com sua atual situação, e mesmo fraco, não poupei esforços para me levantar do chão, tendo de me agarrar à parede atrás de mim para manter o equilíbrio.

Ele estacionou os passos a uma curta distância e me encarou por cima.

— Espero que tenha uma boa explicação para o que acabou de acontecer. — Chiou irritadiço.

— Você a matou? — Indaguei, perplexo demais para focar em alguma pergunta sua. No momento, eu precisava de respostas.

— Você não me respondeu. — Bufou. — Ah, dane-se, vamos conversar em um lugar melhor. — Agarrou meu pulso, puxando-me com agressividade pela extensão do corredor, ao qual percorremos a passos rápidos e furiosos, de sua parte. Eu sentia minhas costas pesarem, tamanho a força dos olhares que pairavam sobre nós.

Tropecei em meus próprios pés segundos antes de alcançarmos a porta de nosso quarto, porém a força de Jeongguk em meu pulso fez-me recuperar o equilíbrio, mantendo-me em pé enquanto ele puxava a maçaneta da porta com agressividade.

Fui empurrado para dentro do cômodo, ainda mantendo o cenho franzido em total confusão. No meu interior meu coração batia acelerado, a sucessão de fortes emoções que se sobressaiam umas as outras estava me deixando apreensivo. E minhas questões não pareciam nem perto de serem sanadas.

Jeongguk soltou meu pulso e fechou a porta atrás de si, virando-se para mim no segundo seguinte. Ele estava sedento de ódio, totalmente divergente do Jeongguk que eu tanto conhecia, e eu percebi isso com clareza.

— Eu mandei você ficar aqui dentro! Qual parte disso tudo você ainda não entendeu? — Aproximou-se possesso. — Taehyung, você não é o herói dessa história, pare de tentar se exibir e aprenda de uma vez.

— Isso é sério? — Ri em descrença. — Certo, vou fingir que não estou ouvindo isso sair de sua boca. Para o nosso próprio bem.

— Sem rodeios, Taehyung. Você sabe que é o único errado nessa história. Desde o começo eu disse que seria perigoso sair deste quarto em sua situação. Você deveria ter feito o que eu pedi.

— E foi o que eu fiz. — Avancei alguns passos, sentindo meus membros se locomoverem com mais facilidade. Estava recuperando minhas forças, sentindo-me revigorado. — Obrigado por ouvir meu lado antes de tomar decisões precipitadas, Jeongguk, muito obrigado. — Ironizei. — E se você quer saber, eu, em momento algum, fiz algo contrário ao que você pediu. E a única culpada em toda essa história é aquela maníaca. Ela invadiu a droga desse quarto, ela me machucou, ela me humilhou na frente de todo mundo! Então não tente pôr a culpa em mim. — Empurrei seu corpo num ato de fúria, fazendo-o tropeçar dois passos para trás. — Você adora se passar de bonzinho da história, mas o único que traiu pelas costas aqui foi você. Ou realmente achou que eu não ia sentir quando você mordeu outra pessoa? Sou tão estúpido assim na sua percepção?

Pacto de Sangue || Kth + JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora