Pacto de Sangue || Kth + Jjk

Noite de Lua Cheia

— Não faço a mínima ideia. — Fui sincero em minhas palavras. Quando se é humano, não são muitas as coisas que você sabe sobre o mundo.

— Tudo bem, eu já esperava. — Deu de ombros, satisfeito com minha resposta, continuando a seguir pelo longo corredor, os passos leves e descontraídos, quase como se não estivesse prestes a me revelar algo.

Era tarde da noite e o movimento se mantinha quase nulo, por conta da presença do Rei no colégio. Ainda assim precisávamos prosseguir em alerta, atentos a tudo e mantendo a usual normalidade, pois vez ou outra esbarrávamos em algum professor ou aluno.

— Depois eu vou explicar tudo direitinho, não se preocupe. — Falou ele.

Mais adiante passamos por dois guardas, parados em seus postos, próximos da soleira da porta que dava acesso ao jardim. Eu estava nervoso e temia que a qualquer passo alguém pudesse me encurralar, ainda mais depois da ceninha que proporcionei com o Rei. Mas na presença de Namjoon, um Leste, eles sequer olharam em minha direção.

— Eu só espero que você não esteja planejando me meter em nenhuma furada, Namjoon. — Acelerei meus passos, para acompanhar os dele. O encarei de soslaio e apertei os olhos em desconfiança, eu realmente esperava que ele soubesse o que estava fazendo.

— Eu? Claro que não. Você já faz isso por si só. Aliás, o que foi aquilo no discurso do Rei?

Contornamos mais um corredor, adentrando em outro.

— Eu agi por impulso, foi sem querer.

— Sem querer... Claro. — A fala escorreu de sua boca​ carregada de sarcasmo, fazendo-me revirar os olhos.

Cortei o assunto, antes que ele se prolongasse por algum caminho do qual eu não gostaria que chegasse:

— Tá, mas o que raios é licantropia? — Aproveitei que estávamos sozinhos para indagar. A curiosidade me consumia.

— Vamos começar pelo básico. — Namjoon foi cessando os passos aos poucos, até enfim paramos frente a uma porta de madeira cinza e desgastada, divergente a de todas as outras do corredor. — Esta daqui é a sala do zelador. — Explicou-me.

— Certo, mas o que uma coisa tem a ver com a outra?

Antes de responder-me, os olhos inteligentes de Namjoon desviaram-se para os dois lados do corredor, observando a movimentação do local — ou a falta dela —, para só então abrir a porta e me empurrar para dentro do apertado cubículo, que cheirava a produtos de limpeza.

Cambaleei para dentro do quartinho escuro, me envolvendo no completo breu e esbarrando em uma das estantes do lugar, sem enxergar nada.

Namjoon entrou logo após, fechando a porta num baque surdo. A única luz, que provinha do corredor em que estávamos anteriormente, se extinguiu.

— Essa pequena sala, meu caro, guarda mais do que simples vassouras velhas ou panos encardidos. — Ele se abaixou, arrastando algo contra o chão, qual eu não sabia necessariamente o que era. Continuei onde estava, esperando por alguma ação de sua parte. — Aqui temos uma passagem "secreta". — Ergueu uma espécie de porta de aço presa ao chão, que rangeu com o barulho. O espaço aberto revelou luz, iluminando onde estávamos. Pela brecha era possível enxergar uma ampla sala branca, que ficava abaixo de nós. — Um alçapão.

— E para onde isso vai nos levar? — Agachei-me ao seu lado, tentando enxergar mais através do vão.

— Desça as escadas e veja por si próprio. — Se ergueu, dando-me espaço.

— Não sei se confio em você e desço ou fujo daqui. — Suspirei, aproximando-me da escada que dava passagem ao andar de baixo. — Maldito. — Ouvi ao fundo o ressoar de sua risada.