Chapter 04 » Não precisa ter medo.

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➤ Allysa Daltton.

Um silêncio pertubador ocorreu em todo o jantar. Eu estava concentrada em minha comida, Thomas mexendo no celular e meus pais, as vezes, se entre-olhavam.

Desde a nossa pequena discussão, minha mãe não falou mais nada, provavelmente ela não queria mais brigas, ou ela sabia que eu estava certa, mas por conta do seu orgulho ser grande demais, ela não queria concordar. Seja como for, aquela situação estava me deixando desconfortável, pede meu pai pra que me deixasse terminar o jantar no quarto, depois que ele concordou, peguei meu prato e subir as escadas.

Ao chegar no quarto, tranco a porta e sento-me na cama, terminando de comer minha lasanha. A muito tempo não comíamos isso, mas depois do adiantamento do senhor Mendes, meus país fizeram algumas compras. Talves fosse paranóia minha ou talvez tudo isso seja penas coincidência. Afinal, ele não me fez mal algum ontem, pra que eu duvidasse dele.

Balanço a cabeça, espantando esses pensamentos que já estavam me deixando confusa. Só então percebo que havia terminado de comer.
Desço as escadas e todas as luzes estavam apagadas, fui até a sala e Thomas estava assistindo um jogo qualquer, provavelmente meus pais estavam dormindo.

Quando já estava de volta a cozinha, percebo que ninguém havia lavado a louça, volto até a escada tentando não fazer nenhum barulho, mas no meio do caminho ouço Thomas falar "A louça é sua hoje!" Reviro os olhos e bufo, voltando para a cozinha.


[...]


O relógio marcava 23:00, quando terminei de lavar a louça. Com certeza eu era única nessa casa - e talvez no bairro - que ainda estava acordada.

Volto para o meu quarto, coloco meus fones de ouvido e me jogo na cama, começo a fazer alguns rabiscos no meu caderno de desenho, já que não estava com tanto sobo. A música parar e quando eu estava pronta para colocar outra, ouvir o som de alguma coisa bater na minha... janela? Franzir a testa, me aproximo da mesma e abro, levando uma pedradada na cabeça.

─ Cameron! ─ Grito, mas então lembro que não devo fazer barulho.

─ Desculpa. ─ ele prende o riso.

─ O que você quer?

─ É que meus pais foram jantar fora, provalvelmente só voltam amanhã. Eu não quero ficar sozinho, vamos fazer alguma coisa?

─ O quê? ─ digo depois de apoiar meus cotovelos no batente.

─ Você me disse que queria aprender a andar de Skate... ─ olho para suas mãos e uma delas segurava um Skate de madeira.

─ Quero, mas não de madrugada!

─ Por favor, Ally. ─ Ele implora. ─ Se não...

─ Se não o que? ─ junto às sobrancelhas.

─ Eu acordo o seus pais e digo que você quebrou o vaso de decoração do Jardim. ─ ele sussurra.

─ Mas ele ta inteiro. ─ digo depois de olhar para o lado de Cameron e ver o vaso lá, completamente inteiro e lindo, era o vaso preferido da minha mãe.

─ Quer arrisca? ─ ele diz me dando um olhar de: Não duvide de mim, eu quebro o vaso.

─ Tudo bem, espera. ─ digo esticando a mão e procurando a escada que fiacava escondido atrás de algumas plantas que cresciam por aquela parede. Depois de encontrar, seguro firme e apoio um pé e depois o outro, desço as escadas rapidamente e vou para rua com Cameron.

Ficamos alguns minutos assim, ele segurava minha mão e eu tentava me manter em pé encima do Skate. Mas nem sempre eu conseguia, a rua estava vazia, e como sempre, fazia muito frio.

─ Você não parece nem um pouco animada. ─ ele suspira, enquanto fazia manobras, eu estava sentada na calçada, o observando.

─ Hoje não foi um dos melhores dias, acredita que vão alugar o galpão?

─ Sério? Então talvez eu possa me mudar pra lá. ─ ele sai de cima do Skate e abaixa a cabeça.

─ Como assim? ─ Me levanto, indo na sua direção.

─ Ally, meu pai foi promovido. Vamos nos mudar para londres. ─ ele levanta a cabeça me encarando, sentir um frio na barriga.

─ O quê? Não...você não pode ir! ─ tento evitar, mas minha voz sai embargada.

─ Eu também não queria ir. ─ ele dá de ombros, tentando esconder sua tristeza ─ Mas não tenho opção, eu quero te dar isso. ─ ele me entrega o Skate. ─ É o meu favorito. ─ ele sorrir e eu sinto nó se forma na minha garganta.

Eu o abraço e deixo que algumas lágrimas escapem. Ele sempre foi meu melhor - e único, amigo. Nós sempre fomos grudados, sempre fizemos tudo juntos, quando nós faziamos alguma besteira e meus pais reclamavam, ele dizia que a culpa era dele. Ele nunca deixou que os garotos da escola mexessem comigo, nem as garotas.

─ Mas e a escola? ─ pergunto fungando.

─ Meus pais já arrumaram uma escola de gente metida, por lá. ─ ele faz uma careta e eu sorrio.

─ Você vai voltar? ─ enxugo as lágrimas.

─ Claro! Você não vai se livrar de mim tão fácil, Allysa Daltton. ─ nós rimos. Ficamos por mais uns minutos alí conversando, até que Cameron olha o relógio em seu pulso e suspira. Nós se despedimos e ele atravessa a rua indo na direção da sua casa.

─ Vê se não me troca, por quem vai morar no seu quintal! ─ ele grita depois de parar em frente sua porta. Sorrir.

─ Pode deixar! ─ digo e ele assenti, logo em seguida, ele entra em casa, e eu fico alí.

Mas porque tudo tem que ser assim? Logo agora, que eu mais vou precisar de Cameron ele vai embora.
Dou um chute no Skate, mas acabo escorregando e caíndo. Abro os olhos devagar e sinto uma sombra em encima de mim, percebo que se trata de uma pessoa. Ele me olhava atentamente, como se estivesse esperando que alguma coisa acontecesse, o mesmo estende sua mão e eu a seguro. Mas me assusto depois de perceber de quem se tratava. Mendes.

─ Ta tudo bem? ─ ele pergunta, sua voz estava mais rouca do que eu lembrava.

─ Sim. ─ digo e solto sua mão, ele parece não gostar do meu ato.

─ Acho que você se machucou. ─ ele aponta para minha testa, levo minha mão ao lugar e quando retiro vejo sangue.

─ Não foi nada demais. ─ caminho para atrás.

─ Não precisa ter medo de mim. ─ ele pisca um olho e joga o Skate pra mim, eu o pego, e entro em casa tracando a porta e me escorando na mesma.
Me levanto do chão e vou até as janelas, abro um pouco as cortinas, ele ainda estava lá, de pé, olhando a frente da minha casa, olhando pra mim. Ele ainda usava o mesmo terno e o mesmo chapéu, o "look" dele, me recordava alguns filmes que eu assistia quando criança.

Não Abra A Porta Para Estranhos ➤ Shawn Mendes↳Adaptação↲Onde histórias criam vida. Descubra agora