Avanti, amore mio!

120 7 14
                                    

"Otávio?"

O capitão virou para Luccino, intentando escutar-lhe melhor.

"Você não me leva a mal... Eu gosto muito da sua ajuda. E ainda mais da sua companhia, é claro. Mas é que pela hora você não tinha que estar no quartel?"

Otávio soltou uma risadinha. Luccino já o chamava somente pelo nome há algum tempo, mas era sempre uma surpresa escutar seu nome inteiro saindo da boca do italiano, demonstrando a sinceridade que ambos concordaram em manter depois que Otávio quase fora embora do Vale. Como Luccino havia dito, um dia de cada vez... Além do mais, o rapaz demonstrava uma preocupação carinhosa com o capitão que muito lhe agradava. Eles se importavam com o bem estar um do outro.

"Eu vou pedir pro coronel Brandão pra ser reintegrado. Mas... Só amanhã. Sabe lá Deus quando eu vou ter um dia livre de novo? Além de tudo, não tem outro lugar onde eu queira estar senão aqui, perto de você."

Luccino levantou, aprumando a silhueta corpulenta com manha.

"E eu sou esse motivo?"

"Esse motivo? Você é o meu motivo, Luccino. E se você me permitir, eu não vou mais ficar longe de você."

"Então eu posso dormir tranquilo sabendo que você não vai mais embora do Vale?" Indagou o mecânico, sorrindo e chegando perto de Otávio.

O capitão soltou o ar com suavidade.

"Se você tiver de dormir será nos meus braços, a tantas horas da noite e... Cansado de tanto me amar."

"Amar você não me cansa. O que me deixa exausto é a sua falta. Bom, e algumas latarias aqui da oficina. Nada que não passe. Não é?"

Otávio riu, colocando as mãos nos ombros de Luccino, trazendo-o para perto de si. O corpo do mecânico perto do seu, a quentura de quem acabara de sair debaixo de um carro. Luccino ainda, assim mesmo, preservava seu cheiro natural, uma fragrância que só ele possuía. O capitão o abraçou, deixando que suas mãos percorressem as costas de Luccino, sua cintura, apertando-a para que de algum modo pudessem ser um só. Otávio foi distribuindo beijos pelo ombro de Luccino, enquanto este sentia sua respiração toda estilhaçada e seu corpo reagindo aos carinhos. A cabeça tombava para onde o capitão queria que fosse, estranhamente obediente aos seus movimentos. Para aquela guerra, Otávio fora preparado devagar: uma guerra que Luccino e ele venciam.

Dos ombros, o rapaz do exército passou para o pescoço do italiano, que gemeu baixinho com o toque molhado e doce. O bigode de Otávio em sua nuca lhe dava boas cócegas. Luccino falou quase sussurrante, num daqueles movimentos onde se precisa dizer o que se sente, mas quase sem palavras:

"Você ama o meu cheiro, não ama?"

Otávio ruborizou, sem no entanto voltar os olhos para Luccino. Parou os carinhos, ofegante, e usou as mãos para acariciar os tufos fartos de cabelo do mecânico; macios, volumosos, extremamente atraentes, ainda mais quando bagunçados na cama.

"Não só o seu cheiro. Talvez tudo em você."

"Talvez tudo, capitão?" Luccino provocou.

"Talvez... Porque podem existir partes de você que ainda não descobri."

"Ah, é? E se eu te mostrar todas, mesmo assim você não foge?"

"Não fujo."

"E se eu te mostrar todas, você aprende direitinho?"

"Tanto quanto eu aprendi a dirigir..."

Luccino riu. Como ainda estavam abraçados, o riso do mecânico soou perto dos ouvidos de Otávio, tão sutil que ele se arrepiou com aquele timbre leve fazendo a trilha sonora das suas vontades.

Com amor, LutávioOnde histórias criam vida. Descubra agora