Qual o nome do bebê?

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Otávio sustentou o corpo no pequeno vão que existia embaixo da janela de Luccino. Com o rosto avermelhado pelo esforço, o capitão deu três toques na madeira maciça e aguardou, sentindo saudade dos tempos em que Luccino dormia em seu próprio quarto, numa casa mais baixa que a do coronel. Mas ali vivia mais feliz e livre, e isso lhe engrandecia de muitos modos.

Luccino abriu sua janela, espantado ao se deparar com o corpo rígido de Otávio quase pendurado. Ele acenou rapidamente para que entrasse, dando metade de um riso nervoso em sua direção.

"Que loucura é essa, Otávio? A janela do coronel é perigosa!"

"Por um tempo pensei que você ia chamar isso de despautério. Mas o que não fazemos quando nosso amado pede, hum?" Otávio indagou. "Não foi você quem pediu que eu dormisse aqui essa noite? Ou já se arrependeu?"

"Nada disso. Só fiquei surpreso. Já estava pronto para dormir."

Foi aí que Otávio percebeu que Luccino vestia apenas um calção de dormir, o peito estava por completo exposto ao sereno. O capitão corou, sem deixar de soltar um riso descompromissado.

"Desculpe contrariar seus excelentes planos de dormir a noite toda, mas não é o que eu pretendo."

A luz passou pelo olhar do italiano, reacendendo sua altivez antes perdida pelo sono desfeito. Otávio se aproximou dele, segurando suas mãos para levá-lo até a janela. Fazia um luar com estrelas atraente aos apaixonados.

"Um tempo atrás eu estava aqui, com Mariana, vendo essas mesmas estrelas, só que confuso sobre os meus sentimentos. Agora estou aqui com você e tudo está no seu lugar."

Otávio admirou a vista, tentando compreender o ponto de vista de Luccino.

"Como você sabe que são as mesmas estrelas?"

"Eu não sei. São as mesmas, não são?"

Otávio o olhou profundamente antes de dizer:

"Tem uma que você não viu ainda."

"Qual? Bem, eu não sei muita coisa sobre isso..."

"Luccino" Otávio disse seu nome como um elogio, e o italiano, zonzo a tentar identificar qual estrela faltava, virou seu rosto para o dele. Uma das coisas aos quais Luccino tinha de vulnerabilidade (ou não) era que não sabia dissimular seus sentimentos.

"Sim?"

"A estrela de que estou falando não está no céu exatamente" Otávio respondeu-lhe, não desviando seus olhos dos dele por nenhum momento. Luccino soltou o ar, bobo.

"Ora! Eu levei a sério..."

"Eu estou falando seríssimo!" Brincou Otávio.

Luccino revirou os olhos. Otávio agarrou o rapaz por trás, levando seu queixo aos ombros e enlaçando seu tronco com as mãos. Permaneceram silenciosos por um bom tempo, sem se sentirem nauseados ou constrangidos pela ausência de fala. Logo, então, o sereno se tornou implacável e os dois fecharam a janela para que não pegassem uma friagem.

"Você não vai tirar essa roupa?" Perguntou Luccino, deixando o capitão abobalhado. "Digo, para dormirmos. Dormir de terno não deve ser nada agradável!"

Otávio concordou e começou a tirar sua roupa. Terminado o despir, o capitão decidiu se livrar da camisa e deixou o tórax magro à mostra. Luccino se ajeitou na cama, deitando sua cabeça no peito de Otávio, enquanto ele fazia o que sabia de melhor: acariciar seus tufos de cabelo mais rebeldes.

"Sabe que você fazendo isso eu fico mais calmo?"

"O quê, os redemoinhos? Bom saber."

"Ainda estou um tanto aflito... O coronel pode ser penalizado por isso... Talvez tenha algum julgamento ou algo assim... Não estou de todo aliviado. O miserável do Xavier algum dia irá pagar..."

Com amor, LutávioOnde histórias criam vida. Descubra agora