[+18] A chave do seu corpo

309 11 14
                                    

"Oh, obrigado, Capitão Otávio".

Luccino chegou à oficina com uma caixa de ferramentas enorme e mais algumas peças que poderia reaproveitar em outras carroças e automóveis. A luz da tarde já traçava sua despedida, e a oficina cerrava-se numa penumbra substancial. Otávio deixara a porta aberta para Luccino passar, já que estava com as mãos ocupadas. Sentou-se numa carroça qualquer e observou os movimentos do italiano a arrumar o local de trabalho.

"Quer dizer que depois de oitenta e quatro anos e senhor Luccino resolveu tirar as teias de aranha da sua oficina?"

Luccino olhou para ele, desconfiado.

"Eu sou uma pessoa organizada."

"Deu para perceber."

"Não faça troça de mim, capitão. Um dia o senhor pode nem perceber e já estará junto da minha confusão."

Otávio riu.

"Venha cá. Pare com essa andança. Depois ajudo você a bagunçar tudo de novo".

Luccino largou as ferramentas de mecânico e se sentou do lado oposto ao de Otávio na carroça. O capitão pareceu desapontado. Com as mãos, apontou o lugar onde o mecânico deveria sentar - no espaço ao lado do dele.

"Muito pequeno para mim, não acha?"

No que o capitão devolveu:

"Quanto menor o espaço, maior a proximidade."

Luccino se arrumou na carroça e ficou esmirrado ao lado do corpo do capitão, demonstrando desconforto. Ele fez uma expressão tão engraçada que o capitão não segurou o riso. O italiano cruzou os ombros, amuado.

"Ora! O senhor tirou o dia para fazer-me chiste!"

"Homem, é só pedir e eu abraço você. Assim seu corpo fica mais livre."

Luccino ruborizou.

"Ou podemos simplesmente sair desta carroça."

Otávio refletiu algum tempo.

"Já sei. Você fica do lado de cá e eu do lado de lá."

Então, os dois se arrumaram na carroça. Otávio ficou no alto e Luccino embaixo. Assim, eles poderiam estar próximos e conversar melhor. As frestas do telhado da oficina iluminavam partes do rosto de Otávio que Luccino não havia reparado, e em Luccino davam contornos às suas feições amorosas, gentis. O capitão queria desesperadamente manter qualquer espécie de contato com o mecânico, mas, sobretudo o físico.

"Se eu soubesse... Não teria lhe dado a chave da oficina. Assim você acha que pode fazer pouco de mim..." Luccino brincou, fazendo um bico. Otávio se levantou bruscamente da sua posição na carroça, a olhar para um apavorado Luccino por cima. Seu susto lhe causava um arco irreconhecível nos lábios, a não ser pelos olhos atentos do capitão. E este fato o tornava terrivelmente convidativo a um beijo.

"Eu faço pouco de você? Hum?" Otávio sussurrou.

Luccino respondeu baixinho, impactado pelo ar que ia e vinha do capitão.

"Faz. Faz pouco de mim. Porque poderia fazer muito mais do que faz."

"Ah é? Que é que eu poderia fazer mais por você?" Otávio foi assertivo, olhando para os lábios de Luccino e respirando com dificuldade. Ele se ajeitou na carroça para prender as pernas de Luccino perto das suas.

Pairava na oficina uma agonia silenciosa. Ou era o silêncio que agonizava? Luccino enrijeceu seu corpo quando os joelhos de Otávio friccionavam com suavidade a região das suas coxas, massageando-os ali com a clara intenção de deixá-lo excitado.

Com amor, LutávioOnde histórias criam vida. Descubra agora