CAPÍTULO 14

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Pov Camila

Lauren deixou a faca cair no chão e chutou-a para longe da cama, sorriu para mim daquele jeito sádico, - Eu avisei que era minha vez. – Ainda segurando meus braços num agarro vicioso com uma só mão, atacou meus lábios. 

Um calafrio percorreu meu corpo de uma ponta a outra e fiquei imóvel ao assalto brutal que Lauren imponha aos meus lábios. 

O beijo foi tudo menos carinhoso, ou animal como de cedo. Esse beijo era duro, selvagem, com intuito claro de castigar. Ela poderia ter escondido sua raiva bem, mas este beijo selvagem dizia o quão ela estava raivosa comigo.

Que Deus me proteja.

O ser humano possuía dois instintos que sobrepunham todos os outros: 

Sexual. 

Sobrevivência. 

E eu e Lauren estávamos nos lados opostos da moeda. Pelo jeito que as coisas iam só tinha duas possibilidades disso acabar: Lauren me violentado— coisa que eu negava a ceder. Ou eu a matando — melhor plano. 

E nessa dança de instintos animais — pois Lauren estava turvando pelo sexual e eu pela sobrevivência — optei pela minha última possibilidade. Iria mata-la hoje. Nem que isso custasse minha humanidade, iria fazer isso.

Lutando como nunca lutei na vida, por mim, pela minha dignidade, minha vontade de viver, de ser livre. De um jeito mágico consegui chutar Lauren para longe do meu corpo e desfiz-me do seu agarro vicioso.

Um grunhindo de dor se ouviu quando a desgraçada aterrou no chão duro e eu corri a faca descartada no chão. No automático peguei-a, não tive tempo para esboçar meu passo a seguir porque ela veio em cima de mim pelas costas, agarrou-me pela cintura, tirando do chão, e eu gritei loucamente tentando soltar-me, mas dessa vez não larguei a faca. Nem morta cometeria esse erro de novo. 

Onde estavam aqueles brutamontes!? 

Mas que pergunta minha! Claro que eles não se intrometeriam nos negócios do sua patroa bandida! E mesmo que viessem pelos gritos, com certeza não era para acudir-me. Então estava só. Só eu ou o lobo ira sobreviver, jurei! 

Implantei meus pês na parede e impulsionei meu corpo para trás com ajuda das minhas pernas e Lauren se  desequilibrou e caiu para trás duramente. Mesmo no seu colo senti o impacto doloroso da colisão. Boa garota!  Instantaneamente Lauren largou-me e uivou de dor. 

- Puta merda! – Chiou raivosa. 

Isso era para ela aprender a não se meter comigo também! Não era só ela que era a fodona da parada. Eu tinha alguns truques na manga, pois passei muito tempo como o único amigo do meu irmão mais velho, ai já viu nem...

Tive que aprender a lutar como um rapaz para defender-me das "brincadeiras" do meu irmãozinho querido que meteu-me nessa fodida situação. Família, não se escolhe, por se escolhesse-se...oh... garanto que já teria deserdado aquele desgraçado do Shawn!

Não perdendo um minuto sequer saltei ao ataque! Chutei Lauren com todas as minhas forças e tive um prazer imenso quando ouvi ela grunhir de dor, mas não banquei a vitoriosa. Ajoelhei-me no chão, mas dessa vez fora da sua cintura, essa tática não tinha dado certo e eu aprendia depressa, empurrei a faca ao seu pescoço. 

Uma espessa linha de carmesim escorregou no seu corpo suando e eu congelei. Meus sentidos entraram em transe ao ver o que eu estava prestes a fazer. Iria mesmo matar uma mulher? 

Seria isso que definiria toda minha vida daqui para frente? 

Uma assassina... 

Não. Eu não era assim. Nunca fui assim. Por mais que Lauren tivesse me feito mal, eu nunca poderia tirar a vida de outro ser daquele jeito inescrupuloso. Essa não era eu. Eu não matava. Minha família educou-me melhor que isso.

Um soluço escapou dos meus lábios secos. 

- Que foi Camila? Não consegue? Termine o serviço. Vai... - Lauren provocou-me a ir fundo em sua garganta, mas minha faca não se mexeu do lugar. Estava assustada, aterrorizada, e confusa demais para tomar qualquer atitude. 

Ela gargalhou maldosamente. – Eu sabia que não tinha estômago para fazer o que era necessário. Vê só, Camila Cabello... a mulher que não conseguiu salvar sua própria vida com faca — literalmente — e queijo na mão! Ah! Fala sério! 

Suas palavras chamaram-me a ela. Seus olhos assombrados. A questão na minha cabeça era porquê ela não estava defendendo-se vigorosamente como antes. Porquê ela não me parou. Porque com certeza ela poderia ter feito isso a qualquer momento. Mas estava deixando-me segurar a faca no seu pescoço. Ter o controlo da sua vida nas minhas mãos. 

Como se finalmente estivesse aliviada de que alguém estivesse fazendo o serviço sujo por ela. O eliminar da face da terra. Matá-la. Fazendo-me cometer o maior pecado da humanidade: tomar a vida de outro ser. Vi nos seus olhos a verdadeira mulher que ela era.

Foi aí que tudo iluminou em meu redor e pela primeira vez vi a verdadeira mulher que Lauren Jauregui era. Não aquela impostora que ela tentava ser. A mau. A temível. O monstro. A mafiosa que não tinha medo de ninguém e nada. 

Mas a menina que Marta insistia em dizer que ela era. Talvez fosse truque da minha mente talvez fosse finalmente a claridade. A noção de que Lauren não passava de uma mulher que carregava um a vasta carga de culpa nas costas. 

Que vivia cada dia querendo se redimir dos seus pecados e só por isso que ela estava deixando-me segurar a faca, ameaçando sua vida. Ela queria libertar-se da sua vida. E a noção disso encheu meu coração de algo. Pena? Compressão? Compaixão? 

Não sei. Só sei que foi este sentimento que levou-me a largar a faca no chão e cobrir os olhos chorando toda minha infelicidade e a dela, dos caminhos do destino que nos puseram numa situação dessas. 

Lauren não disse nada. E eu não olhei para ela. Mas foi como se todo meu corpo estivesse acesso a cada movimento seu. Ela levantou do chão. Caminho a porta, abriu e deu a ordem ao brutamonte que lá estava para levar-me ao meu quarto.

Quando o brutamonte chegou, não lutei. Deixei ele carregar-me no seu corpo gigantesco em direção ao meu corpo. Não olhei para Lauren, mas senti seu olhar fixo em mim como se ela estivesse estudando-me. 

Cansada, com o corpo a tremer e lágrimas secas no rosto aconcheguei-me na minha cama, no escuro da minha vida e fechei os olhos a nova realidade que ela era hoje.

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