Joguei-me no sofá, tirando os saltos e as jóias do meu corpo; estava exausta, e com um turbilhão de pensamentos me atormentando. Encarei o teto por alguns minutos, tentando me concentrar apenas na minha respiração. Por que ele me trataria desse jeito se nunca nem nos conhecemos?, pensei. Eu não seria mais uma na sua listinha de mulheres que ele tem certeza de que são fáceis. Eu não sou, não quando minha profissão está em jogo. Fechei os olhos, afastando toda a negatividade que exalava em mim. Ou pelo menos tentando. E se ele me colocou no cargo só por causa de algum plano de conquista? Respirei fundo. Amanhã eu resolveria isso com ele mesmo, não aceitaria isso e muito menos calada. Mas agora era hora de dormir, não aguentaria dormir com tanta coisa enchendo minha mente.
***
Bati na porta duas vezes antes de entrar, meu coração palpitava, quase saindo pela boca, e pude sentir o suor escorrer pelas minhas costas. Ouvi sua voz, grave e urgente. Talvez estivesse ocupado. Entrei, tentando manter a postura e confiança de quando tomei a decisão de enfrenta-lo. Seus olhos pairavam sobre mim, e ele jogou o documento que estava em suas mãos em algum canto de sua mesa. Seu terno estava sobre a cadeira, e ele usava apenas sua camisa social e gravata.
-Senhorita Ducain? -Ele pigarreou, e saiu detrás de sua mesa, vindo em minha direção.
-Senhor Hemsworth. -Sorri timidamente, e fui logo ao assunto, antes que ele pudesse voltar a falar. -Eu gostaria de conversar sobre minha situação nessa empresa.
-Sua situação? -Ele franziu a testa, levantando sua sobrancelha direita, tirou suas mãos dos bolsos de sua calça e cruzou os braços, parecendo confuso.
-Quando eu aceitei o cargo de vice, o senhor... -Pude ver em seus lábios se contraírem quando o chamei assim. -Você disse que já estava de olho em mim para o cargo há muito tempo.
-Sim, o antigo vice me falou sobre você.
-E isso não tem nada a ver com suas tentativas de aproximação comigo?
-Perdão, minhas tentativas de aproximação? -Ele riu, e levou sua mão à testa, e depois voltando a cruzar seus braços. Franzi o cenho, tentando identificar qualquer indício de arrependimento em seu rosto, mas nada. -O que você quer dizer com isso?
-Bem, me comprar um vestido para o baile? Me pedir uma dança em meio à tantas outras mulheres, que eu tenho certeza que aceitariam sem questionamentos? Dizer que sou uma funcionária especial? -Falei mais alto do que deveria, e notei a confusão em seu rosto. Respirei fundo, e continuei: -Eu não sei o que você acha que sou, mas não gosto de joguinhos.
-Você havia dito que não tinja um vestido! -Ele aumentou o tom de voz também, mas parecia ofendido com as acusações. -Tentei poupar seu trabalho de procurar um por aí, além do mais, eu disse que era uma forma de agradecimento.
-Agradecimento por ter feito minha obrigação como vice-presidente? -Cheguei mais perto, e o vi levar às mãos ao rosto, respirando fundo antes de me encarar.
-Agradecimento por ter feito muito bem o seu trabalho em apenas poucos dias que foi promovida! -Ele foi até uma mesa de canto que havia na sala, e pôs um pouco de alguma bebida num copo, depois voltou até mim bebendo o líquido. -Uma vez, dei um cavalo ao antigo sócio do meu pai, e nem se fala no Joseph, a quem presenteei com uma casa numa praia em Massachusetts para que ele pudesse passar as férias com a família. E Liz, sua secretária? Quando foi contratada, comprei um carro para que ela pudesse levar os seus filhos à escola que fica do outro lado da cidade e ainda conseguir chegar cedo para trabalhar.
Fiquei imóvel em sua frente, tentando encontrar palavras para reparar o acontecido, e ficamos nos encarando por algum tempo, enquanto ele terminava de beber o que estava em seu copo. Depois que terminou, olhou para mim uma última vez e voltou à mesa de canto, largando o copo lá e voltando à minha direção. Ele suspirou, enquanto me via abrir e fechar a boca algumas vezes, Talvez tivesse cansado daquilo, pois voltou a falar.
-Olhe, perdão se deixei algo a entender, principalmente por ter dito que você é especial ou algo assim, ninguém gosta de ouvir que é especial, foi um erro. -Ele debochou, e engoli o seco tentando não sair dali correndo. -Tento ser gentil com todos que conheço, vou tentar não me aproximar mais da senhorita a partir de agora, serão só negócios.
-Desculpa, eu realmente...
-Eu sei. -Ele sorriu fraco e me deus as costas, voltando a trabalhar com o documento que havia jogado em sua mesa quando cheguei.
Não pude falar mais nada, nem mesmo se eu quisesse ou conseguisse falar mais alguma coisa. Saí da sala indo em direção ao banheiro, onde fiquei me encarando no espelho por alguns longos minutos. As lágrimas ameaçavam sair de meus olhos, e tive que me conter, não poderia rodar pela empresa com cara de choro. Eu não queria que tivesse acabado daquele jeito, mas realmente achei que alguma coisa estivesse acontecendo.
Ouvi a porta bater e me assustei, indo lavar as mãos para evitar um momento constrangedor com qualquer um que tivesse entrado. Olhei para o espelho e vi de relance Liz se aproximar de mim, parecendo tentar decifrar o que estava acontecendo. Sorri ao vê-la, fingindo estar tudo bem.
-Oi, você estava demorando, achei que algo tivesse acontecido. -Ela sorriu, se encostando na pia e passando a me encarar. -Tudo bem por aqui?
-Você não vai acreditar no que eu fiz. -Não iria adiantar tentar disfarçar, nas últimas semanas acabamos nos aproximando, e acho que confio o suficiente nela para contar o desastre que aconteceu. Ela subiu na pia e cruzou suas pernas, fazendo caretas para fingir ser uma psicóloga.
-Sou toda ouvidos, meu amor. -Nós duas rimos, até que comecei.
Contei tudo o que aconteceu, da noite do baile até quando conversei com o Chris, e ela parecia saber que pisei na bola. Liz disse que quando entrou na empresa também achou que algo estava acontecendo, ninguém dá carros a funcionários do nada, mas depois de um tempo percebeu que ele tratava todos os seus funcionários mais próximos como se fossem amigos íntimos. Ele era gentil, e eu não havia percebido sua graça. Eu escutava tudo com o rosto entre minhas mãos, tentando conter um grito de vergonha.
-Enfim, se ele disse que te trataria sem aproximações, ele com certeza o fará. -Ela enrolava seu cabelo entre os dedos enquanto falava. -Mas não se preocupe, ele não é rude, só não vai mais tentar... Se aproximar?
-Talvez seja melhor assim. -Ela deu de ombros e desceu da pia, indo em direção à porta.
-Se precisar de alguém para desabafar, sou uma ótima atriz e posso fingir ser sua psicóloga. -Ela mandou um beijinho pelo ar e saiu porta à fora, voltando ao trabalho.
Era o que eu precisava fazer também. Esquecer da acusação que fiz contra o Chris e seguir minha vida. Pelo menos agora nada iria me perturbar, eu acho.
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the proposal • chris hemsworth
FanfictionAmelia Ducain é uma das funcionárias da Hemsworth Company, a maior e mais cobiçada empresa de Nova York. Ao sair de uma reunião com os acionistas, Amelia tem uma estranha conversa com seu chefe no banheiro feminino, mal sabendo que o seu futuro na e...