thirteen

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Andei até minha sala cambaleante, tentando equilibrar as sacolas de comida em meus braços, já que passei num restaurante antes de chegar ao prédio. Larguei tudo em um pequeno sofá que comprei para o escritório algumas semanas depois de ter sido promovida, e fui até à mesa para pegar a papelada. Não havia muito, e se eu organizasse tudo por hoje, teria tempo na semana para fazer outras coisas e minha agenda não ficaria apertada.

Guardei tudo na minha bolsa, e num momento súbito gritei ao sentir as mãos de alguém em minha cintura. Virei-me para checar se era Chris, e me deparei com Luke, com um roxo em seu olho esquerdo, e com uma expressão assustadora. Me desvencilhei dele num movimento rápido e me afastei.

-O que você pensa que está fazendo? -Gritei, e ele sorriu de lado de um jeito malicioso.

-O que? Acha que pode dar para o meu irmão e achar que está tudo bem? -Ele ia se aproximando de mim lentamente. -Acho que irmãos devem compartilhar seus bens.

-Você ficou louco? -Continuei tentando me afastar, e meu nervosismo deixava toda a situação pior. -Acha que pode fazer o que quiser e sair impune?

-Vamos lá, Amelia! Não vai me deixar provar um pouco disso? -Ele gesticulou para o meu corpo, e deu uma piscadinha para mim. Era nojento.

-Você é casado! -Me enfureci, falando tão alto que, se houvesse funcionários no escritório, eles definitivamente ouviriam. -Acha que pode me tratar assim só porque é um homem? Não pode me desrespeitar assim! Não pode desrespeitar nenhuma mulher assim!

Peguei as bolsas que estavam no sofá e fui até à porta, mas ele me puxou pelo braço, deixando uma marca no mesmo. O empurrei, fazendo com que ele batesse sua cabeça na parede. Ele cambaleava de um lado para o outro, parecendo bêbado, e talvez estivesse. Ele sorriu, e vi que não estava em bom estado, mas isso com certeza não justificava seu ato.

-Se encostar em mim de novo, arranco seus olhos. -Corri até o elevador, e respirei fundo, um tanto em pânico, quando consegui sair do prédio.

Consegui um táxi na cidade movimentada, e o trânsito até minha casa me deu tempo para pensar no que fazer depois do que aconteceu, mas minha mente não conseguia trabalhar com tanta informação.

Quando cheguei em casa, demorei até finalmente conseguir comer, e toda a papelada que busquei no escritório ficou largada na mesa pelo resto do dia, eu teria que arrumar um jeito de lidar com aquilo, e trabalhar estava fora de cogitação. Recebi algumas mensagens de Chris, mas me neguei a responder qualquer coisa que aparecesse em meu celular.

Lidar com assédio não era fácil, eu sabia disso desde que os homens passaram a agir como se meu corpo fosse apenas um pedaço de carne, e isso era algo sofrido diariamente. Mas sofrer assédio de um cara rico que tinha tanto poder? Seria a minha palavra contra a dele, e já era difícil o suficiente com os outros. Mas aquilo não podia acontecer novamente, e eu teria que arrumar um jeito de enfrentá-lo.

Quando menos imaginei, já era tarde, e meus olhos lutavam para ficarem abertos. Cochilei por várias horas no sofá, até ter forças o suficiente para ir até meu quarto, o dia seguinte seria longo.

                                     *****

O escritório estava agitado. Era um dia importante, como todos os outros: reuniões com sócios bilionários. E era mais importante ainda porque Anthony Hemsworth estava lá, o dono da companhia, e pai de Chris. Ele era um homem importante, e ter uma reunião com ele era algo grandioso em minha carreira, por isso era um dia para dar o melhor de mim. Eu não estava com cabeça, mas tinha que fazer o meu trabalho.

Fui para o meu escritório evitando chamar atenção de qualquer um que pudesse querer falar comigo, inclusive Chris. Separei todas as pastas que deveria entregar e deixei-as sobre minha mesa, começando a me preparar para a reunião de mais tarde. Era algo fácil, a única coisa preocupante era não me sair bem diante do dono da Hemsworth Company, e isso não seria algo bom de se acontecer.

Às dez, fui até a sala onde todos os acionistas se encontravam, e Chris estava na cadeira principal, com seu pai ao seu lado. Ele notou quando entrei na sala, dando uma piscadela para mim, que retribui apenas com um sorriso fraco. Ele pareceu notar, pois num segundo seu semblante parecia confuso.

Quando a reunião começou, me policiei para que nada corresse diferente do que planejei, e foi o que aconteceu: tive um bom rendimento, e todos me elogiaram minhas propostas. Chris e eu trocávamos olhares o tempo todo, e ele parecia distante da situação, inclusive quando seu pai conversava com ele sobre algo em seu ouvido.

No fim, pude me despedir de todos com frios apertos de mãos, já que era assim que todos se tratavam por ali, e consegui fugir para o banheiro mais próximo num curto período de tempo. Meu rosto estava pálido, e minha pele gélida, e controlar as batidas aceleradas do meu coração era uma tarefa impossível.

Ouvi a porta abrir, e já sabia quem estava entrando. Aparentemente, banheiros eram o nosso ponto de encontro, por mais nojento que parecesse. Chris entrou meio hesitante, e tentei buscar em seu rosto algo que dissesse o que ele estava pensando, mas não pude encontrar nada. Ele se aproximou de mim, tocando gentilmente em meu braço, e só ali pude perceber que o roxo que Luke havia deixado em meu braço no dia anterior estava exposto.

-Contou ao seu irmão que transamos? -Perguntei, e sua feição parecia cada vez mais confusa. -Contou?

-O quê? Não! -Ele pôs sua mão em meu rosto, acariciando minha bochecha com seu polegar. -Por que eu faria isso?

-Bem, de algum jeito ele sabe, e usou isso contra mim quando me assediou sem nem um pingo de vergonha ontem. -Chris se afastou, parecendo mais abalado do que achei que ele ficaria.

-Porra! -Ele levou suas mãos ao rosto, respirou fundo. -Como isso aconteceu?

Contei a ele tudo o que se passou no dia anterior, e ele ouviu atentamente cada detalhe, estremecendo com as informações. Sua respiração estava falha, e seu olhar sobre mim
vacilava. Quando terminei, ele segurou minhas mãos fortemente e em seguida me abraçou.

-Eu juro que não faço ideia de como ele descobriu. -Ele pôs meu rosto entre suas mãos e olhou em meus olhos. -Precisa confiar em mim, Amelia.

Assenti, me afastando lentamente. Ele bufou, se apoiando no mármore da pia enquanto parecia pensar em algo.

-Ele não muda nunca! -Disse, e olhou para mim. -Nós vamos resolver isso com ele, tudo bem? Podemos denunciar, usar isso contra ele no caso de Elizabeth, qualquer coisa. Não ligo que ele seja meu irmão, ele não tem o direito de fazer isso.

Encarei o teto por alguns longos segundos, e pude sentir o olhar de Chris me encarar, buscando por algo, alguma resposta. Suspirei, balançando a cabeça, e o encarei.

-Obrigada por ajudar.

Ele veio até mim e depositou um beijo em minha testa, enquanto acariciava minha clavícula. Em seguida, me deu um selinho demorado, e pude sentir sua respiração em meu rosto. O afastei e sorri fraco, roçando meus dedos em seus lábios.

-Pare com isso, vai parecer que temos algo além de sexo. -Ele riu falsamente, coçando sua nuca.

-Meu pai está aqui, eu estava indo resolver as coisas da empresa, posso aproveitar esse tempo para falar sobre o Luke, ok? -Assenti, e ele foi em direção à porta, virando-se para mim em seguida. -Você vem?

Iríamos resolver o que aconteceu, e talvez Luke pudesse pagar por agir como um completo idiota, a maioria não paga por isso, e agem achando que são donos do mundo. Fiquei feliz por Chris me apoiar nessa situação, e meu coração ficou aliviado por ele não ser igual a qualquer outro homem abusador. Daríamos um jeito, e talvez isso pudesse ajudar na causa com os filhos de Elizabeth.

Tudo ficaria bem.

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acho que dei mais um motivo pra vocês odiarem o luke rsrs

eu não respondo comentários porque é muita coisa pra acompanhar (mas se mandarem mensagem respondo facinho) KKKKKKKK mas me acabo de rir com as reações de vocês, de verdade

beijos babies

the proposal • chris hemsworthOnde histórias criam vida. Descubra agora