eighteen

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Quando o avião decolou na manhã seguinte, minha cabeça ainda latejava graças à noite passada, que fez com que eu ficasse acordada por toda a madrugada. Chris e eu estávamos em lugares distantes em seu jato particular, mas seu olhar sempre cruzava com o meu por todo o caminho, deixando-me mais nervosa do que eu estava. Não era para isso estar acontecendo.

Tentei me distrair lendo alguns contratos que seriam usados na conferência, mas estava impaciente demais para lidar com aquilo, e eu não poderia passar oito horas tentando evitar a única pessoa presente no jato comigo, além do piloto e copiloto na cabine, que estava separada de nós.

Andei cambaleante até o assento em frente ao de Chris, e o notei com os olhos fechados enquanto eu colocava o cinto em volta de minha barriga, ele não pareceu notar minha presença, e por um segundo achei que pudesse estar dormindo. Mas seus olhos se abriram alguns segundos depois, e pude ver sua expressão sonolenta enquanto ele me encarava, piscando seus olhos vagarosamente.

-Oi. -Falei baixo, e ele sorriu de canto, talvez eu precisasse deixa-lo dormir. -Cedo demais para você?

-Passei a noite em claro. -Ele virou seu rosto em direção a janela do avião e fechou seus olhos. Quando achei que havia finalmente adormecido, ouvi sua voz ecoar pelo recinto, chamando minha atenção. -Me conte algo sobre você.

-Como o que? -Ele deu de ombros, ainda com seu rosto virado e olhos fechados, respirando num ritmo lento. -Tudo bem, ahn, quando eu era criança, quebrei meu braço depois de apostar com alguns garotos da escola que eu conseguiria pular os portões do prédio.

Chris riu alto, e suspirou depois de alguns segundos, abrindo os olhos para olhar para mim. Sua expressão estava calma, e vi sua mão ir em direção ao seu rosto para coçar sua bochecha esquerda, depois voltando novamente para seu colo.

-Você conseguiu?

-Acha que eu deixaria alguns idiotas dizerem que eu não conseguiria e sair sem provar o contrário?

Ele riu novamente, e percebi a perfeita composição que era o seu sorriso combinando com seu olhar de sono, que continuava a me encarar.

-O que sua mãe disse sobre isso? -Ele passou a mexer em seu anel, e suspirei ao lembrar dos gritos constantes de minha mãe quando isso ocorreu.

-Ela não me deixou em paz por muito tempo, na verdade, não me deixou em paz até hoje. -Ele riu, e se encostou mais na poltrona em que se encontrava. -Mas papai foi o primeiro a assinar em meu gesso, foi maravilhoso.

-Ele parece ser um cara legal.

Assenti, e um silêncio estranho pairou sobre nós, minhas pernas começaram a balançar num ritmo que eu não conseguia mais controlar. Olhei para as nuvens através da janela, e o tempo parecia não querer passar. Quando me virei para Chris novamente, ele já havia caído no sono, e me arrastei até meu assento novamente, checando meu relógio só para descobrir que ainda faltavam seis horas até Veneza. Era a viagem mais longa que eu já havia feito em toda a minha vida.

*****

Abri meus olhos com dificuldade após um longo cochilo, e pisquei meus olhos rapidamente para tentar me acostumar com a luz na cabine do avião, que estava cada vez mais forte de acordo com o tempo. Esfreguei minhas mãos nos olhos para tentar ajudar, e quando as abaixei novamente, vi Chris se aproximar do assento em frente ao meu, com um pote de sorvete em suas mãos.

-Oi, Bela Adormecida. -Ele pôs seu cinto, e ofereceu o pote para mim, que recusei balançando minha cabeça. -Ainda faltam quatro horas, antes que pergunte.

the proposal • chris hemsworthOnde histórias criam vida. Descubra agora