Desci as escadas enquanto abotoava meu vestido, e senti o cheiro de panquecas pelo ar. Peguei meus sapatos, que estavam jogados pela sala, e os calcei. Quando entrei na cozinha, o vi de costas, sem camisa, e cozinhando. Sorri ao ver seu estado, e pigarreei para chamar sua atenção. Ele virou, e tinha um olhar de decepção em seu rosto depois de me ver pronta para ir embora.
—Vai dispensar minhas panquecas? —Ele pôs a comida num prato que estava em cima do balcão, e largou a frigideira em algum lugar, vindo até mim.
—Não sou filha do dono da empresa, preciso ir trabalhar. —Virei-me para ir até a porta, e senti sua mão tocar em meu braço, puxando meu corpo até o dele. —Chris, eu estou atrasada! E você também, aliás.
—Acho que mereço um beijo de despedida. E não estou atrasado, tenho uma viajem marcada para daqui a pouco.
Ele aproximou seu rosto do meu, e fingi querer beija-lo, até que encostei meus lábios em sua bochecha.
—Você tem uma vida tão fácil.
O ouvi rir, e sai de seu apartamento antes que ele tentasse me convencer a ficar, o que não parecia muito difícil de acontecer.
***
O escritório estava um caos. Liz corria de lá para cá, atrás de documentos de todos os colaboradores, e nem percebeu quando entrei em minha sala, meia hora atrasada. Hoje era um grande dia para o setor de produção, já que fechariam uma parceria quase milionária, e Liz, sendo uma das mais competentes assistentes, substituiu um dos empresários que não pôde estar presente na reunião. Era incrível vê-la se esforçando tanto, e nessa hora tive uma ideia que deixaria para discutir mais tarde com a mesma, quando estivesse mais relaxada.
Não parei de trabalhar desde que cheguei, e meus olhos ardiam de tanto ler documentos imensos sobre transações da empresa. Ser vice-presidente era meu sonho, e eu amava trabalhar no cargo, mas às vezes tudo o que eu precisava era de um pouco de paz para fazê-lo. Atuar numa empresa tão grande e num cargo tão importante era pior gatilho para ter crise ansiosa, já que qualquer erro poderia gerar coisas piores. Mas eu tentava agir da maneira mais calma o possível, e sem exigir mais do que eu podia de mim.
Ouvi batidas na porta. Um homem em um terno cinza entrou calmamente e, ao me notar na sala, seu olhar pareceu confuso. Demorei até finalmente reconhecer a figura, e levantei para cumprimentar Luke, um dos irmãos de Chris. Ele parecia não saber da troca de vices, pois procurou por Joseph, quem ocupava o cargo antes de mim, e ficou ligeiramente surpreso quando contei que havia se aposentado.
—Então, você que manda por aqui agora? —Ele foi até minha mesa, e encostou-se lá, olhando para mim de baixo para cima.
—Tecnicamente, seu irmão que manda. —Ele deu um sorriso sacana, e levantou as sobrancelhas, ainda me observando. Demonstrei desconforto, e mesmo assim ele não parou. —Eu posso ajudar com alguma coisa?
—Você pode ajudar com muitas coisas. —Ele sorriu, e franzi o cenho diante de sua ousadia.
A porta se abriu, e ouvi os passos de alguém se aproximando. Liz apareceu do meu lado, e seu rosto ficou pálido ao notar a figura do homem em minha sala. Ela prendeu a respiração, e fiquei confusa diante de sua reação.
—Elizabeth? —Chamei sua atenção, e ela sorriu fraco olhando para mim, mas seus olhos se encherem de lágrimas.
—Perdão, eu não queria atrapalhar.
E assim, ela saiu. Luke também parecia comovido, e imaginei que os dois poderiam ter tido algo no passado, mas ignorei a ideia, porque precisava tentar expulsa-lo de meu escritório. O que não foi muito difícil, já que depois daquela cena, seu semblante mudou completamente, ele parecia mais sério. O fiz sair de lá, e andei pelos corredores em busca de Liz, até chegar ao banheiro, onde a encontrei aos prantos, sentada no chão. Fui até lá e a abracei, sem perguntar o que havia acontecido, já que não queria ser inconveniente, e ela retribuiu o gesto. Suas mãos estavam trêmulas, e ouvi seus soluços ao pé de meu ouvido.
Ela se acalmou, e sugeri que fôssemos almoçar num restaurante perto do prédio, já que ela precisava se preparar para a reunião, e estava sem condições de fazer algo naquele momento. Ela concordou, e fomos num completo silêncio até o local. Seus olho estavam inchados, e ela respirava pesadamente, ainda trêmula. Quando chegamos lá, tive que fazer nossos pedidos, e ela continuava num silêncio absoluto e desconfortável.
—É ele. —Ouvi sua voz vacilar ao tentar começar a falar, e seus olhos estavam marejados novamente. —O pai de Jo e Kai.
Arregalei os olhos, e não consegui falar nada por alguns minutos. Ele os abandonou? Chris sabia disso? Ela me encarava, procurando por uma resposta, e tudo o que fiz foi segurar sua mão sobre a mesa, e ela sorriu agradecida, continuando a falar.
—Quando comecei a trabalhar com Chris, nós ficamos muito próximos, e até somos amigos. No primeiro ano que estive na empresa, ele me convidou para sua festa, e lá conheci Luke. Ele é o tipo de cara que acha que tem o mundo nas mãos, e eu não sabia disso naquela época, por isso nos envolvemos por um tempo, até que eu fiquei grávida.
Liz começou a chorar, e apertei sua mão enquanto ela o fazia.
—Ele não quis saber disso, e tentou me convencer a tirá-los, mas Chris soube à tempo, e eu pedi para que ele não contasse a ninguém sobre isso. —Ela respirou fundo, enxugando as lágrimas. —Então, ele me ajuda com as crianças, mandando dinheiro e presentes, é um ótimo padrinho.
—Ele já viu as crianças? Luke, no caso. —Ela negou.
—Mas é melhor assim, não quero que meus filhos cresçam com um pai babaca.
—Bem, você pode contar comigo para tudo. Você pode ser desequilibrada, mas eu te amo.
Rimos, e nosso pedido chegou. Liz comeu rapidamente, e apenas belisquei, não estava com fome, e não quis empurrar nada por obrigação. Ela deu um pulo, e fez uma cara maliciosa.
—Não acredito que quase esqueci... Você e Chris num encontro, como isso acabou?
—Elizabeth, estamos atrasadas, e você precisa ir para uma reunião, quem sabe depois eu te conto.
Ela bufou, e concordei, depois de muita luta, que contaria para ela depois que saíssemos do trabalho. Voltamos para a empresa, e depois disso não consegui parar de pensar na história de Liz e Luke, e como Chris a ajudou, ele tem um coração enorme. Peguei meu celular e disquei seu número, e não demorou muito para que ele atendesse.
—Alô? —Falou urgente, e pensei que talvez estivesse ocupado.
—Sabe, acho que se você comprasse o que precisamos, poderíamos terminar o que começamos hoje de manhã em minha casa. —Ouvi sua risada abafada pelo celular, e sorri juntamente.
—Pensei que não iria pedir nunca.
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oi, gente! primeiro, obrigada a todos que estão comentando e favoritando a história, vocês são uns amores, e me dão mais vontade de continuar escrevendo.
o que vocês estão achando da história? vamos bater um papo nos comentários. E O QUE VOCÊS ACHARAM DO TRAILER DE FFH????
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the proposal • chris hemsworth
FanfictionAmelia Ducain é uma das funcionárias da Hemsworth Company, a maior e mais cobiçada empresa de Nova York. Ao sair de uma reunião com os acionistas, Amelia tem uma estranha conversa com seu chefe no banheiro feminino, mal sabendo que o seu futuro na e...