five

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Chris também seguia uma dieta vegana, e só pude descobrir isso porque, depois de tantas doses de whisky, e depois de uma garrafa de algum líquido forte e azul, pedidos pizzas em três restaurantes veganos da região. Era muita comida. Estávamos ficando bêbados, se é que já não estávamos. Depois de um tempo, prendi meu cabelo num coque no alto da cabeça, o qual soltava a cada cinco minutos, ou quando eu me mexia muito. Chris havia descido para buscar os pedidos, e eu resolvi passear por seu escritório.

Sua mesa estava uma bagunça: papéis para todo lado, caixas de comida, um porta retrato caído, e seu computador fechado no meio de tudo. Peguei o porta retrato com cuidado, e vi sua foto com uma mulher que parecia ser sua mãe, Rene Hemsworth. Ele tinha um sorriso encantador, e a abraçava fortemente, enquanto ela fazia uma careta engraçada. Nunca o vi com sua família, eles eram bem reservados quando se tratava de mídia. Exceto Chris, que tinha uma notícia vazada a cada duas horas: "Chris Hemsworth é visto com uma garota em Paris"; "O mais novo Hemsworth surfa no Havaí"; ou "Chris, o solteiro mais cobiçado da cidade". Não era fácil fugir dos holofotes.

Larguei o item que estava em minhas mãos de volta na mesa, e fui até a mesa de canto, enchendo mais dois copos com a primeira bebida que vi em minha frente. Ouvi a porta bater e, ao olhar para lá, vi Chris entrar com três caixas de pizza, fazendo um gesto com as mãos indicando que estava com fome. Sorri, e fui ao seu encontro, ajudando-o a pôr tudo no chão. Ele pegou um dos copos que eu havia enchido, e bebeu tudo num só gole.

—Saúde! —Riu, e vi o quanto estava bêbado.

—Acho que nós dois precisamos de um café bem forte. —Me joguei no chão, abrindo uma das caixas e pegando um pedaço. Ele fez o mesmo.

—Eu poderia fazer, mas não acho que eu consiga nesse estado.

—Nem eu.

Comemos em silêncio, e o vi me observar pelo canto do olho. Ficávamos suspirando e voltávamos a comer, e não era constrangedor, por mais que parecesse. Ele parou de comer, encostou sua cabeça na parede e ficou assim por um tempo. Achei que estivesse dormindo, até que voltou a falar.

—Sabe, eu vim aqui porque estava planejando trabalhar o máximo que pudesse, e depois dormir no escritório. —Ele abriu os olhos, e continuei comendo enquanto o ouvia falar. —E você? Por que vir até aqui tão tarde da noite?

Suspirei. Não éramos íntimos, muito menos amigos. Contar para o chefe que briguei com minha mãe por conta de um ex noivo não pegaria bem. Mas estávamos bêbados, famintos e numa exceção de proximidade. Ele me encarou, esperando por uma resposta, e eu continuei comendo. Seus lábios se contraíram num sorriso engraçado, e ele deitou sobre o chão, encarando o teto.

—Eu estava numa viagem antes de vir para cá.

—Eu sei. —Ele olhou para mim.

—Terminando um namoro. —Fiquei boquiaberta, tentando encontrar palavras para acabar com o silêncio que se instalou na sala. Não precisei, ele mesmo continuou a falar. —Ninguém sabia sobre. Nem mesmo os meus pais, foi difícil deixar em segredo, mas necessário.

—Eu sinto muito. —Ele sorriu. Suspirei, e criei coragem para contar o que havia acontecido mais cedo.

Ele ouviu atentamente. Contei sobre como quando começamos o nosso namoro, felizes e esperançosos de que seria para sempre. Como minha família o aprovou imediatamente, e torcia por nós. Até quando comecei a me empenhar na empresa, e ele virou-se para mim no momento em que disse que queria ser mais, e trabalhei mais do que eu podia, até chegar até aqui. As coisas entre mim e Alec se tornaram frias, e nós dois não nos aguentávamos mais, e não conseguíamos segurar um relacionamento que já havia acabado há tempos. E contei sobre minha mãe, que sempre exigiu muito de mim, e como eu tentava mais que tudo dar orgulho aos meus pais, mas sempre parecia impossível. E depois de ter desabafado, parecia tudo mais relaxado em mim, como se um peso fosse tirado de minhas costas.

—Acho que é minha vez de dizer que sinto muito. —Ele se sentou, e se encostou na parede, olhando fixamente para mim.

—Nós dois sentimos. —Sorrimos, e olhei para o relógio na parede, estava tarde. —Já são três da manhã, ficamos aqui esse tempo todo?

—Ficamos aqui esse tempo todo. —Ele sorriu.

—Eu realmente preciso ir. —Levantei, e vi Chris fazer o mesmo.

Não vi como aconteceu, mas acabei tropeçando em uma das caixas, e num milésimo de segundo, eu estava em seus braços. Senti a respiração dele contra a minha, com nossos corpos colados. Arregalei os olhos, sem me desvencilhar de si, e pude sentir sua mão em meu rosto, com o material gélido de seu anel sobre minha pele. Sua barba roçava em minha bochecha, e pude sentir, lentamente, seus lábios encostarem nos meus, eram macios e suaves. Ele me puxou pelo pescoço, e sua língua pediu passagem, explorando cada canto da minha boca. Passei meus braços em volta de seu pescoço e o abracei, enquanto os seus escorregavam até minha cintura. Quando percebi o que estava acontecendo, o separei.

—Meu Deus, nós não podemos fazer isso! —Ele aparecia não ligar, encostou sua testa na minha, ainda agarrando minha cintura.

—Mas nós queremos? —Não o respondi, apenas selei nossos lábios novamente, e ele correspondeu o beijo imediatamente.

Eu não acreditava no que estava fazendo, mas não queria parar. Meu coração estava mais acelerado que nunca, e senti todo o corpo se arrepiar. Chris sabia beijar muito bem, e deixava qualquer um com vontade de mais. Ele pressionou seu corpo contra o meu, e nos encostamos numa parede qualquer, derrubando o que víamos pela frente. O coque que fiz em meu cabelo desmanchou, e senti Chris afastá-los para trás, enquanto traçava beijos pelo meu pescoço, tentando abrir o fecho de meu vestido. Mordi os lábios, tentando afastar a ideia de que aquilo não podia acontecer, mas não consegui.

—Chris, pare! —Falei entre suspiros, o deixando assustado.

—O quê? —Ele arregalou os olhos, fixando seu olhar em mim. Seu cabelo estava bagunçado, e sua camisa social quase desabotoada. Seus lábios estavam rosados e molhados. Que pecado de homem! —O que eu fiz de errado?

—Nada, é só que... —Respirei fundo, e me desvencilhei de seu corpo, indo até onde deixei meus sapatos, calçando-os. —Não podemos fazer isso. Você é meu chefe, imagine o quão estranho seria depois.

—Ficará estranho se nós não fizermos isso. —Disse, e eu sorri.

—Não podemos, tudo bem? —Fui até ele e beijei sua bochecha, sentindo sua barba encostar em meus lábios. —Obrigada pela noite.

—Amélia!

Saí do escritório, indo em direção ao elevador, olhei para trás e o vi me encarar em frente à porta. Entrei e apertei no botão do térreo e, enquanto as portas se fechavam, o vi suspirar e voltar para a sala, arrumando seu cabelo para trás. Encostei minha cabeça na parede do elevador e fechei os olhos, não acreditando no que tinha acabado de acontecer, meu coração palpitava, e eu estava ofegante.

Eu estava ferrada.

the proposal • chris hemsworthOnde histórias criam vida. Descubra agora