—VOCÊS O QUÊ?
Era domingo, e Liz havia me chamado para um almoço em sua casa. Seus filhos brincavam na sala, seu irmão estava numa viagem com sua namorada, e nós terminávamos de cozinhar, enquanto eu contava o que havia acontecido com Chris. Estávamos fazendo espaguete, e a cada palavra que saía de minha boca, Liz surtava com a história. Contei como tudo começou, e sobre o beijo. Tudo o que ela queria saber era "Ele beija bem!?", e eu não pude dizer que não.
Disse que estava com medo de como as coisas ficariam a partir de agora, e se minha situação na empresa ficaria complicada, mas Liz me confortava, dizendo que Chris jamais faria algo de ruim por conta de um mero beijo. Fiquei aliviada, mas algo em mim ainda me deixava incomodada, já que não parei de pensar naquela cena desde que aconteceu.
—Bem, acho que as coisas vão finalmente ficar interessantes naquele prédio. —Disse, passando toda a comida para uma enorme travessa.
—Liz! Isso é sério, e se as coisas ficarem estranhas demais e eu for demitida? —Bufei, e ela olhou para mim, dando de ombros.
—Amélia, ele é o melhor entre todos da família Hemsworth, e sabe muito bem o quanto você lutou por esse cargo. —Ela levou a travessa até a mesa de jantar, e eu a acompanhei, enquanto ouvia o que tinha para dizer. —E daí se as coisas ficarem estranhas?
Sentei em uma das cadeiras e vi os gêmeos virem correndo até onde estávamos, parecendo famintos. Eles eram tão lindos! Joana tinha logos cabelos negros e olhos azuis esverdeados, que provavelmente puxou de Liz, elas eram iguaizinhas. O menino era um pouco mais baixo que Joana, e um pouco mais sapeca. Liz me viu encara-los e sorriu. Os dois sentaram-se à mesa, e a vi fazer o mesmo em seguida.
Comemos enquanto conversávamos, e descobri que Jo, como ela pediu para eu chamá-la, era faixa marrom no karatê, e Kai era um ótimo músico, estava aprendendo piano, mas já sabia tocar violão e flauta. Os dois com apenas treze anos já sabiam mais que eu em toda minha vida. Liz estava sempre sorrindo ao ouvi-los falar, e eu imaginava se um dia teria isso com alguém, era intenso.
Senti meu celular vibrar em meu colo, e olhei rapidamente enquanto os outros continuavam a conversar, sem perceber meu gesto. Era uma mensagem de um número desconhecido e, ao abrir, senti um choque em todo o meu corpo, enquanto meu coração acelerava.
"Red Bamboo, 140 West 4th Street às 07:00 p.m :) Não se atrase!
C.H."
Congelei, e não notei Liz me chamar até que levantou, indo ao meu encontro. Seu semblante era de preocupado, e assim que mostrei a mensagem para ela, a vi levar sua mão à boca, tentando esconder o enorme sorriso em seu rosto. Revirei os olhos, e peguei meu celular de sua mão. Respirei fundo e levantei da mesa, andando rapidamente até a cozinha, vendo-a me seguir.
—Você vai! —Ela subiu na pia e sorriu, pus meu rosto entre minhas mãos e tentei não surtar. —Vamos, Amélia, você sabe que quer.
—Não, eu não quero. —Sibilei ainda com meu rosto entre as mãos, e a ouvir dizer que não havia entendido, levantei e repeti. —Não quero! Ele é meu chefe, Elizabeth.
—E eu sou sua secretária, e você está aqui num almoço de domingo.
—É diferente.
—Dã! É óbvio que é diferente, eu sou só uma pobre moça criando seus filhos, e ele é um gostosão bilionário! —Ela deu uma piscadela, e foi até a mesa de jantar, pegando os pratos que deixamos lá e voltando para cozinha.
—Além do mais, você quer. —Continuou. —E ele também.
—Eu não vou num encontro com meu chefe. —Ela bufou, e foi até mim, segurando em meus ombros.
—Ok, Amélia. Não pense nisso como um encontro, pense nisso como um jantar de negócios, e negócios são muito importantes para você, certo? —Assenti, e ela sorriu.
—Eu vou, mas só para ver o que ele quer!
—Ai, Deus! O que você vai vestir? —Ela deu pulinhos de alegria, e voltou até a mesa, pegando o resto dos pratos, já que as crianças haviam acabado de comer, e voltou até a cozinha. —Eu tenho um vestido tão chique!
—Liz, calma! —Ri de sua empolgação, e fui até a bancada, pegando minha bolsa. —Não é um restaurante chique, e eu já sei o que vou vestir, mas preciso ir agora, não quero me atrasar.
—Se rolar alguma coisa você promete que me conta tudo? —Perguntou, enquanto me abraçava, sorri e a ignorei, indo em direção à porta.
***
Chris estava num lugar distante, bem do fim do recinto, e tive que passar por várias mesas até chegar à nossa. Ele estava distraído, e sorriu ao notar minha presença. Ele se levantou para me cumprimentar, e puxou a cadeira para que eu sentasse em frente à si. Suspirei, e tentei não parecer mais nervosa do que já estava. Seu cabelo estava desarrumado, como sempre, mas de um jeito encantador, como tudo nele, e o vi pigarrear inúmeras vezes antes de finalmente falar alguma coisa.
—Então, oi, eu acho. —Eu disse, e ele assentiu, bebendo a água que já estava ali quando cheguei. O garçom apareceu com dois menus e nós agradecemos, sem começar a escolher nossos pedidos.
—Ok, ahn, eu pensei bastante antes de finalmente te chamar, mas essa noite tem um propósito. —Franzi o cenho, e ele levou suas mãos ao ar, pedindo para que eu esperasse. —Mas não se preocupe com isso agora, temos a noite toda para aproveitar.
—Tudo bem.
Conversávamos sobre o clima e o que passou no noticiário um dia atrás, para quebrar o gelo enquanto escolhíamos nosso pedido. Olhávamos um para o outro por cima do cardápio, e Chris parecia tímido diante da situação, o que o deixava ainda mais gracioso. Me policiei diante de tais pensamentos, como Liz disse, aquilo era mais um negócio.
Seus pais estavam se mudando para uma nova casa, o Chris estava os ajudando aos poucos, enquanto tentava se manter concentrado na empresa. Seu irmão Liam acabara de se casar com uma cantora, Miley, e Luke comandava uma outra sede da Hemsworth Company, na Inglaterra. Não dava nem para imaginar quanto dinheiro aquela família tinha.
Contei à Chris sobre minha adolescência, já que ele não parava de encher o saco. Segundo ele, adolescência é sempre um tópico engraçado, e no fim das contas, acabou sendo mais do que eu imaginava. Foi uma noite divertida, e o jantar estava magnífico. Até ele finalmente começar a falar sobre o seu propósito do jantar.
—Amélia... —Ele começou quando paramos de rir, me fazendo olhar fixamente para seus olhos incrivelmente azuis. —Desde a noite passada, eu não consegui parar de pensar no que aconteceu.
Congelei ali mesmo, e arregalei os olhos enquanto o ouvia terminar de falar.
—Porém, nós dois sabemos que nada romântico pode acontecer entre nós, e você mesma não pretende sentir nada pelo seu chefe. —Assenti, vagarosamente, e o ouvi pigarrear.
—E, Amélia, eu sei que você é uma mulher incrível, forte e batalhadora, e longe de mim querer atrapalhar seus sonhos, ou estragar sua situação na empresa. E desde que você foi nomeada vice-presidente, não parei de observar seus passos e ficar impressionado com seu trabalho.
—Obrigada. —Sorri, e ele retribuiu o gesto.
—Desde aquela noite, eu comecei a pensar em como eu também preciso de mais foco e em como não posso perder tempo como relacionamentos ou qualquer coisa que me faça perder tempo enquanto trabalho. —Ele fechou os olhos por alguns segundos, respirou fundo, e depois os abriu novamente, voltando a falar. —Por isso, eu tenho uma proposta que possa agradar a nós dois.
Chris juntou as mãos em cima da mesa, olhou suavemente para mim e disse:
—Nós podemos tornar o que aconteceu noite passada em algo recorrente e casual.
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the proposal • chris hemsworth
FanfictionAmelia Ducain é uma das funcionárias da Hemsworth Company, a maior e mais cobiçada empresa de Nova York. Ao sair de uma reunião com os acionistas, Amelia tem uma estranha conversa com seu chefe no banheiro feminino, mal sabendo que o seu futuro na e...