- Como tá o clima na sua casa? - Igor
- Melhor - David
- Conversaram?
- Sim, mas nada sério ou sobre nós.
- Tudo bem, dá mais um tempinho pra eles
- Quero te levar em casa também.
- Bom, eu sempre posso pular o muro.
David ri, mas fica preocupado quando vê o pai de Igor na entrada do prédio. Igor também fica sério.
- Podemos conversar? A sós? - Mario diz olhando para David
- Não, vou sair com meu namorado. Então o que quer que seja, fala rápido!
- É da nossa família. Nada que interesse a ele.
- Ele é mais família do que você
Mário dá um passo na direção deles, assim como Igor.
- Melhorar você maneirar no seu tom garoto. Ou eu abaixo pra você
- Única coisa que me impede de reagir como você merece é o pouco de respeito que ainda tenho.
- Tudo bem por aqui? - Victor pergunta se aproximando deles, chegando pela rua ao lado
- Victor! É bom te ver filho
- Pra mim não, por que ta aqui enchendo o saco do Igor no trabalho dele?
- Só vim conversar
- Assim que você conversa? Por que se for, eu tô louco pra bater um papo com você
Mário ri com desdém.
- Pelo menos você sabe confrontar alguém como um homem. E se eu quisesse fazer algo pro seu irmão, teria feito ontem, ou na primeira vez que falei com ele, quando ele tentou aquela nojeira que chama de beijo.
Mário ainda encara os filhos e David por alguns segundos antes de ir embora. Igor sai irritado sem falar com ninguém. David e Victor o seguem. Eles chamam por Igor mas ele não responde. Até parar metros depois
- Eu só vou perguntar uma vez - começa a falar com os olhos marejados - o que aconteceu?
- Ele não teve culpa Igor - Victor responde
- Eu não quero saber de você
- Mas vai! David nem sabia quem era ele, eu puxei ele pra fora, praticamente a força pelas mãos e fingi beijar ele, mas tava de costas pro Mário. Então ele achou que era verdade.
Igor olha para David
- Foi isso? Não foi um beijo de verdade?
- Não foi um beijo de verdade. Eu não quis te contar, você deve imaginar por quê.
Igor volta a andar, David tenta ir atrás mas é impedido por Victor
- Deixa ele sozinho
- Não!
- Ele quer ficar sozinho. Mas nunca vai pedir, então vocês vão ficar num silêncio constrangedor interminável
- E de quem é a culpa?
- Vem - Victor puxa David para dentro de uma padaria
Eles se sentam nos fundos em uma mesa pequena perto das janelas.
-Eu sou o culpado, não nego. Mas no fim você viu que eu tava certo. Nosso pai não é alguém que você quer ter por perto - Victor para de falar assim que o atendente se aproxima, ele pede mais uns minutos antes de fazer o pedido. - Você deveria comer algo.
- Perdi o apetite - David responde com tristeza em sua voz
- Faz no automático, mastiga e engole. Simples assim
- Por que você não disse a verdade de uma vez?
- Eu disse a verdade. Foi um beijo de mentira.
- Você disse uma versão da verdade.
- É suficiente pra ele. Assim ele supera logo. Só dar espaço pra ele. O Igor te ama, dá pra ver.
- Como você consegue ser assim?
- Não era minha intenção falar. - para novamente chamando o garçom, faz um pedido para si e outro igual para David - Quero um suco de laranja e uma coca? - olha para David que concorda com uma aceno de cabeça - Obrigado. Não queria falar, mas não tinha outra saída, que é realmente uma pena, acho que nós estávamos nos acertando, voltando a ter uma relação legal de irmão, Mário estragou pra mim, não queria o mesmo pra você. Não muda muita coisa mas você é alguém por quem vale a pena levar uma bala. - Victor termina de falar oferecendo uma batata frita para David e dando com um meio sorriso no rosto.

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DAVE & MAVE
RomanceDavid caminha pelos corredores do prédio comercial com uma mistura de ansiedade e nervosismo, hoje é seu primeiro dia na Pocket, uma das maiores agências de publicidade do estado. Chegando na agência ele é apresentado a Igor, um colega de trabalho...