Deixa eu te ajudar

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<<Lili>>

Preciso arrumar um jeito de sair daqui. sempre que Cole vai trabalhar ele tranca a merda da casa inteira então não tem como eu sair daqui pela porta!

Será que se eu ligar para minha mãe ela me ajuda? Ela queria que eu ficasse com o Archie, talvez eu consiga enganar ela para que me tire desse lugar.

Não é que eu quero sair, mas eu to sendo como um saco de batatas para o Cole e isso em encomiada. Por amei que diga que não eu sei que canso ele, mas também sei que se não fosse por ele eu estaria morta. Não desisti dessa ideia, mas ele guarda as facas em algum lugar então não tem como eu fazer nada.

Mas eu ainda sou um poucos esperta, guardei uma lâmina de barbear que ele tinha. Todo dia eu me corto para aliviar a dor, sim, isso alivia minha dor. Como a casa de Cole tem ar condicionado geral, eu estou sempre de moletom, então ele nunca viu o que eu faço. Se descobrir, acho que vai me prender dentro do quarto até chegar do trabalho dele.

Até hoje não sei do que Cole trabalha, nem quero saber também. Ele me trata como se eu fosse um bichinho que acabou de nascer. Eu não pareceu tão frágil assim, preço?

São 2 p.m. Cole me ligou ao meio dia pra saber se eu tinha almoçado, mesmo já sabendo que eu não almoço. Me olho no espelho e vejo como emagreci desde o que aconteceu com o Andrews. Eu deveria comer mais, mas só consigo comer quando Cole está aqui.

Ele quer me pôr em um psicólogo desde que vim parar aqui, mas me recuso passar por isso. Ele disse que ajudou ele com alguma coisa do seu passado mas nem perguntei o que era, parecia muito pessoa para perguntar.

Já que não posso sair daqui, vou arrumar alguma coisa para fazer. Será que se eu pedir um cachorro o Cole me dá um? Quer dizer, eu fico muito tempo sozinha aqui, vou acabar enlouquecendo mais!

Abro a geladeira, nada me apetece. Vejo um armário que nunca tinha percebido, ele tem bebidas. Gosto de beber. Se eu beber um pouco, Cole vai ficar muuuito puto comigo? Claro que não, ele gosta de vc. Não faria isso! É tem razão

Abro o armário, passo os dedos pelas bebidas analisando o que são; whiskey, vodka, cachaça, rum, absinto, álcool retificado... álcool retificado? Que isso? Pego a gaga em minhas mãos e leio sua composição; etanol... não preciso saber de mais nada. —Tá bom é isso memo que vou beber!

Arranjo um copinho de shoot e coloco o líquido transparente nele. Isso vai dar ruim. Rio comigo mesma. Tomo o primeiro shoot e sinto minha garganta rasgando enquanto o álcool 96% desce por ela. Deus, isso é forte. Sinto a cozinha ficando densa e girando. Que doido. Eu só bebi um shoot. Se um shoot fez isso tudo, o que 10 fazem?

(...)

5:30 p.m. estou jogada na banheira com a água caindo nas minhas costas, enquanto fico sentada repensando na minha vida e, chorando —como sempre.

Bebi um pouquiiiiinho mais de 10 shoots, talvez eu tenha virado uns 15,16,17,18,20? Talvez. Não sei.

Estou rindo que nem uma criança bobinha, é bom ficar assim. Nem tanto. Porque eu estava chorando até agora e estou rindo neste exato momento.

Escuto um barulho vindo da sala, fico imóvel. Então lembro que a esta hora Cole chega em casa do trabalho. Estou com medo de levar uma bronca dele, isso não seria nada legal. Começo a rir de novo.

Os passos de Cole são pesados como sempre, ele usa aqueles sapatos de gente rica e executiva, ele é empresário né, sua idiota. Bato na minha testa. Volto a rir sozinha, chega fico sem ar e começo a tossir e, rir de novo.

Ele parece na porta do banheiro mas logo fecha os olhos. Estou pelada, é bom saber que ele tem respeito por mim.

-Vou te esperar lá no quarto, saia daí, preciso conversar com você sobre a bebida que tomou! —ele diz num tom duro.

Então quer dizer que ele sai pra trabalhar, me deixa trancada nessa merda de lugar e quer que eu fiquei quietinha? Ele nem me deixa ir embora, então eu faço o que quiser! A casa não é sua, TONTA.

Me levanto da banheira e escorrego, me seguro na barra ao lado e desligo o chuveiro.

-ESTOU BEM, OBRIGADA POR PERGUNTAR! —grito do banheiro. Volto a rir sozinha. Estou aparecendo uma maluca rindo sozinha. Talvez eu tenha virado o coringa, ke? Rio mais ainda com minha conclusão idiota.

Me seco e saio do banheiro com a toalha envolta ao meu corpo. Vou até o closet do Cole e roubo uma camisa dele. São confortáveis, não posso fazer nada. Ponho uma calcinha e saio secando meu cabelo.

-Sim capitão? —paro em posição de soldado, mas ele não parece achar nada engraçado. -Você é muito emburrado senhor Sprouse

-Não sou emburrado Lili. —seu bico lamenta. Emburrado. -Estou preocupado com você, acha que não vi seu braço ali na banheira? —meu coração não tem mais compasso. MERDA,MERDA,MERDA. -Primeiro eu chego em casa e vejo uma bebida de Spiritus quase vazia, quando entro no banheiro te vejo na banheiro com a água batendo em suas costas enquanto você ri igual a uma boba, e então vejo seu braço. —seus olhos estão carregados, sua voz vem junto da emoção. Nada nele diz que está me julgando, está apenas apontando os fatos e dizendo que se preocupa comigo. Eu amo ele por ter me salvado. -E não, eu não vou te deixar sair daqui! Você pode achar isso uma merda, eu também to achando. Você acha que é legal chegar te ver no sofá ou chorando ou só vendo tv? Caralho Lili isso machuca muito! Eu sei que tá horrível aí dentro da sua cabeça e do seu coração, eu sei tá. Mas por favor, não se machuca de propósito, não bebe essa merda de 96% álcool, isso é muita coisa! Eu sei que tá ruim, mas você nem tenta deixar eu te ajudar. Eu sei que você não acha, mas o psicólogo pode te ajudar. Porra Lili, ele me ajudou pra caralho, da pra você confiar em mim? —seus olhos estavam lacrimejando, sabia que estava falando sério. Mas não queria ir para um psicólogo.

-Cole, você precisa entender que...

-Não Lili, você não que precisa entender uma coisa. Você precisa entender que se você não aceitar isso, não irá se curar sozinha, é quase impossível que no seu nível de depressão você se cure sozinha. Pelo amor de Deus Lili, se você tem compaixão com si mesma, comigo, sei lá. Deixa eu tentar te ajudar, por favor. —ele percebe que não respondo, então continua. -Eu nunca em sã consciência te colocaria em alguém que te fizesse mal, se eu te colocar em um psicólogo, eu vou te colocar no que me ajudou e ele não é nenhum desconhecido, Lili, ele é meu amigo desde que eu me entendo por gente, então por favor, me ajuda a te ajudar nesse momento, e então —se você quiser —eu te deixo ir embora quando melhorar. Mas só quando melhorar! —diz com firmeza.

Vi lágrimas escorrendo por seu rosto quando terminou de falar. Ele estava cansado, exausto para falar a verdade. Dava pra ver nos olhos dele que não aguentava mais a minha teimosia. Eu sei que ele só está tentando me ajudar, eu sei disso! Mas não consigo ir pra esse lugar, da última vez que fui só piorei, não quero reviver o que aconteceu a 1 ano.

Eu estava chorando —de novo— e, Cole também. Me aproximo dele e seco suas lágrimas, ele fecha os olhos e me segura pela nuca apoiando nossas testas uma na outra. Isso vale mais que um beijo, mostra que ele se imposta de verdade. Aprecio em como Cole se mostra pra mim, ele não tem vergonha do que sente, sempre tenta me mostrar que não problema ser assim, ma seu não consigo ser desse jeito.

Fecho meus olhos apenas ouvindo nossas respirações, era só isso que importava: Cole. Ele é o único que se importa comigo e faz tudo por mim, Casey nunca saberia o que fazer nessas horas.

Depois de ficar assim por um tempo me convenço de que é tudo para me ajudar e resolvo que vou entrar nessa merda de psicólogo.

Ele disse que é um amigo dele que faz isso, e que ajudou ele quando precisava. Estou confiando cegamente nele, mas eu vou fazer isso! Agora em convenci disso.

-Ta. —abro os olhos e o vejo respirar fundo. Sinto que ele ficou mais leve, da pra ver que ele se suavizou com a minha resposta.

Cole me abraça forte e sinto que dessa vez quem se suaviza sou eu. Seu perfume entra em meus pulmões e ele é completamente maravilhoso, tenho vontade de nunca sair dali mas logo ele me solta e me encara sério.

-Eu juro que isso vai te ajudar! —ele prometeu.

I got the power - sprousehart historyOnde histórias criam vida. Descubra agora