Companheiros

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Yifan o viu primeiro. Sorriu antes que pudesse se controlar. Zitao era perfeito. Ele parecia encantado com a multidão ao seu redor e estava distraído o suficiente para ser observado tranquilamente. O jovem príncipe mantinha os fios louros, repicados, levemente bagunçados em torno do seu rosto oval. Sorria como uma criança se divertindo com o entorno. De fato era um recluso, estava escrito em seu olhar.

E o perfume da pele do jovem lobo alcançou seu olfato como um furacão. Era inebriante, adocicado, desejável. Sua pele formigou exigindo contato enquanto Yifan se concentrava em ouvir o coração do jovem loiro bater suave, sereno, hipnótico. Era seu companheiro, nenhum outro perfume tinha aquele efeito em si.

Olhou para o irmão alguns passos atrás e teve a confirmação. Kris segurava o peito ofegante, embora fosse discreto, enquanto seus olhos estavam cravados no distraído príncipe há alguns metros deles.

—  Eu vou me aproximar, fique em algum recanto discreto, vou levá-lo até você.

Falou baixo para que apenas seu irmão ouvisse. Então se encaminhou lentamente para o garoto pegando uma taça de vinho no caminho. Olhou a redor em busca de um dos pais, ele sabia que Zitao não estaria ali sozinho. Ele tinha ouvido os burburinhos da semana, era esperado que um dos companheiros viria junto com a consorte do rei, Meandra e três dos príncipes. Com as outras crianças ele não se preocupava, mas com um dos maridos dela, sim. Principalmente se fosse Suho. O alfa era tão irascível quanto ele. E o fato de Zitao ser seu companheiro ainda era algo que ele e Kris planejava levar a fogo lento, sem alarde. Desejava conhecer o jovem primeiro, queria conquistá-lo, antes de declarar que o loiro já era seu, desde antes de nascer e que Kris já o esperava desde sempre. Yifan queria seu companheiro, claro, mas seu irmão o desejava desesperadamente e, se tinha algo no mundo que o importava, era Kris. O resto era apenas o resto e ele tratava assim, agora havia Zitao também, além do seu irmão, para se importar.

Se aproximou a menos de meio metro e sorriu um pouco ao ouvi-lo sussurrar consigo mesmo. Adorável. Deu mais um passo e parou ao lado do menor.

—  Gostando da festa?



Tao estava se divertindo, era tanta gente diferente, várias raças que ele nunca tinha visto pessoalmente e a música tocava alegre, que ele até poderia se esquecer de que nunca viu aquilo e como sua mãe aconselhou, relaxar e se divertir. Sabia que estava seguro naquele salão, sabia que podia aproveitar.

Um dos serviçais passou de novo com a bandeja do que ele sabia ser vinho tinto e ele quase pegou, só que sabia que não deveria beber coisas alcoólicas, por enquanto, afinal em algum tempo não muito longe, ele teria seu primeiro cio e era bom evitar coisas que pudesse potencializar o calor. Vinho era um grande potencializador. Então ele sentiu uma presença fria ao lado e seu corpo agiu sozinho. Se retesou involuntariamente.

—  Gostando da festa?

A voz baixa, grave, escura soou muito perto e Tao se voltou para ela um pouco ofegante, se deparando com o homem mais atraente que alguma vez pudesse ver. Seus olhos castanhos eram misteriosos, sérios, sua boca cheia e pequena em um rosto de proporções perfeitas. Cabelos negros em uma pele extremamente branca, muito branca, leitosa e aparentemente macia. Ele era alto e estava vestido todo de negro, mantinha uma taça em uma das mãos enquanto mantinha a outra no bolso do casaco. Zitao sentiu um desejo imenso de tocá-lo, e ficou um pouco chocado por desejar aquilo.

—  S-sim.

Respondeu baixo. O estranho deu meio passo mais para si e praticamente ficou rente a ele. Zitao foi preenchido pelo cheiro inebriante da pele do outro, mas que ele não podia identificar, não era doce, não era madeira, não era frutado, não era nada que seu olfato já tivesse sentido.

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