Alfas

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Eu assumia, era temperamental, era uma garota difícil e que tinha sérios problemas de irritabilidade, mas eu simplesmente na podia me controlar. Quando eu pensava o que precisava fazer no futuro, o que o destino queria de mim e o que eu de fato queria para minha vida, o que eu de fato queria para mim mesma e o quão divergentes esses dois caminhos eram, eu ficava louca e quando ficava louca, descontava em alguém.

Ainda assim eu tinha meus pontos fracos, eram poucos, mas existiam e um deles era, minha mãe. O outro, era o ódio que eu tinha pela violência que outros sangues neutros sofriam. Eu era uma sangue neutro, eu fui planejada para ser serva de um mestre vampiro maligno, eu tinha sido quase sequestrada pelo meu pai, meu próprio pai biológico quando era ainda um bebê, para ser dada em troca de sangue de vampiro, eu odiava a situação como um todo. Eu era uma defensora fervorosa das fêmeas que tinham o mesmo sangue que o meu.

Assim quando minha mãe me convocou para ajudar uma sangue neutro, o que eu podia fazer? Dizer não, negar as minhas próprias crenças, as poucas que eu podia assumir sem ser apontada como uma rebelde sem causa? Como eu poderia? Mesmo se eu fosse uma egoísta eu não conseguiria fazer.

Estava furiosa com o fato do meu irmão assumir um lugar que era o que eu desejava mais do que tudo no mundo? Sim, estava, loucamente furiosa.

Ele tinha culpa? Não. Eu ia infernizá-lo mesmo assim? Ia, se estivesse perto.

Assim a minha terceira opção estava lá, sumir por uns dias, deixar a poeira abaixar e minha raiva passar e ao mesmo tempo ajudar uma humana a se livrar da sua dependência. Proteger uma sangue neutro de si mesma. Como eu poderia dizer não?

Eu não poderia. Mesmo ela sendo irmã da odiosa companheira de Lay.

Assim, lá estava eu, caminhando devagar e anormalmente com calma, com Ametista ao meu lado, silenciosa e pensativa. Ela tinha a mesma dúvida que todos tinham, como eu, uma humana poderia ser marcada? Como?

Só de lembrar o plano mirabolante da dupla Mehun, eu me sentia tentada a rir, rir como uma ensandecida, por que a verdade era que eu odiava o rei por ele ser o que era, o homem que iria roubar o meu destino e minha vida em menos de três anos. Ele era meu companheiro e eu seria sua rainha, sua maldita bonequinha de luxo sentada em um maldito trono para todos os malditos súditos idiotas irem me lamber os pés em troca de favores do rei. Como se eu fosse uma reles humana vazia e plastificada, como se eu pudesse servir de enfeite para aquele maldito palácio! Ah, só em pensar eu enlouquecia furiosa.

Entretanto ele era o melhor amigo/inimigo da minha mãe e os dois juntos era um poço de entretenimento. Eu tinha crescido no meio das infinitas discussões daqueles dois e tinha me habituado a isso. Inclusive as ideias idiotas de ambos que vez ou outra sobrava para mim. Assim não foi tão absurdo para meus ouvidos treinados, ouvir qual era o plano da vez.

Eu tinha ficado chocada? Um pouco, pela audácia de tudo aquilo, mas tinha que confessar que era uma ótima ideia, ia permitir que eu tirasse a garota do palácio com direitos e tudo, ia permitir que eu me livrasse temporariamente da raiva que seria ao ver Kris como líder e treinador dos guerreiros, ia me ajudar a espairecer por que eu teria de cuidar de Ametista e isso ia me distrair das outras coisas. Fora que a desculpa era ótima para que eu pudesse usar em um futuro não muito distante contra o próprio rei. O que era a coisa mais interessante em toda aquela farsa, então eu aceitei numa boa me passar por marcada daquela garota frágil. Tínhamos a marca, o álibi, toda a farsa coberta, quem poderia negar?

Quem poderia saber que o rei podia reproduzir uma marca tão perfeita? Que ele tinha acesso a uma tinta especial feita de sangue de lobo reproduzindo perfeitamente uma marca real? Quem poderia rebater o fato de que pelo rei ter sido marcado por uma recém-nascida, no caso eu, a influência dele sobre mim, não tivesse afetado meu DNA a ponto de eu ser suscetível a uma marca? Quem poderia alegar que eu não poderia ser marcada por uma fêmea quando meu próprio companheiro amava um macho?

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