Fúria

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Kris entrou na suíte que receberam no palácio do rei dos vampiros e viu seu pai de frente a janela de cristal, sim as janelas ali eram de cristais, o palácio estava encravado no meio de montanhas geladas da Sibéria, era lindo, infinitamente mais lindo que o palácio da ilha e Lay com certeza iria gostar de estar ali em seu lugar, mas infelizmente era ele, e não Lay ali. Disfarçadamente aprisionado no reino dos vampiros.

Ele sabia que vinha se saindo bem, ele e Vivi, incrivelmente sua irmã estava se comportando, agindo quase como uma dama, seu pai era um perfeito diplomata, então aparentemente tudo estava saindo conforme o plano mirabolante do rei. Não entendeu por que seu pai parecia prestes a matar alguém, Kyungsoo raramente perdia a paciência budista que ostentava.

—  O que houve papai?

Ele colocou as mãos nos bolsos e suspirou.

—  Só estou pensando em sua mãe.

—  Sinceramente papai, se quer ir vê-la, vai - Ele se virou para Kris de olhos arregalados e Kris riu. Mas era tão simples, por que eles faziam tempestades por tão pouco? – Eu sabia que não ia conseguir ficar mais de um dia longe dela, vocês são grudados, pior do que Tao e Luhan, só estava esperando. Ainda temos tempo, estamos fora da ilha, se você disser que precisa sair, ninguém vai te impedir, chegamos em Moscou e então pegamos um voo para São Paulo, simples assim, o que nos impede? Nada papai, você pode fazer tudo o que quiser.

Ele sorriu aos poucos e Kris evitou rolar os olhos. As vezes seus pais eram tão dramáticos.

_Olha, não vou mentir, eu também quero sair daqui, quero ver a mamãe, eu sinto que tem algo acontecendo e sei que você sente também, Vivi precisa de uma lição? Sim, precisa, mas por que ela não pode aprender lá? Ela tem se comportado esses dois dias, estou muito surpreso, acho que ela pode ser gente quando é preciso. Estou impressionado.

E ele riu sabendo que seu pai iria se irritar. Dito e feito.

_Não fale assim dela Kristian!

_Uol papai, não me chame assim, é assustador, só a mamãe faz isso.

E ele fingiu estremecer, seu nome verdadeiro era segredo, sua mãe lhe deu ele depois de ficar chateada dele ser chamado por Kris e apenas Kris, ela achava que era apelido, não nome.

_E então, vamos ou não vamos?

Seu pai se voltou para a janela de novo e para a neve eterna do lado de fora. Kris esperou e após longos minutos, seu pai assentiu.

_Busque sua imã, nós vamos até sua mãe.

Aquilo era um pesadelo, um terrível pesadelo do qual ele precisava acordar desesperadamente. Atravessou ruas e mais ruas só pensando que precisava desaparecer do mesmo lugar em que aquela mulher estava. Não podia ser verdade, uma humana não poderia ser sua companheira, ele era muito novo, tinha muitas coisas para fazer, ele não podia ser dependente de uma fêmea, não mesmo! Como assim? Aquilo ia complicar a sua vida, ele precisava se dedicar a sua mãe, era essa sua tarefa, cuidar dela, ficar ao lado dela, não havia espaço em sua vida para outra mulher. Principalmente outra humana, uma humana que conhecia o mundo deles, uma humana furiosa que era capaz de entrar na casa de um vampiro para matá-lo, com balas de prata! Como uma assassina! Ele podia ver o ódio nos olhos daquela mulher, era real, palpável, sentimentos extremos eram questionáveis, eram errados, eram perturbadores, tudo o que fugia do equilíbrio era perigoso, ele convivia com machos controladores todos os dias, sabia o que o emocional causava na mente, era horrível, e ela... Pelos deuses, ela era insana.

Lay deixou seus sentidos assumirem, se transformou em lobo e correu para a mata que surgia no horizonte, ele precisava de terra, de verde, de paz. De equilíbrio, precisava despertar daquele pesadelo onde o destino amarrava sua vida a uma mulher perigosa... Ele fechou os olhos e uivou, não queria aquilo, nunca quis, como poderia conviver com aquela realidade? Sua mãe era a única em sua vida, não havia lugar para mais ninguém.

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