Acordei na neve...

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Eu abri meus olhos e vi um teto diferente, claro. Me virei de lado e me deparei com uma cama diferente. Não estava em meu quarto. Onde eu estava?

Me levantei e sai daquela cama estranha e macia, imensa, com cobertas peroladas. O quarto não era grande e a porta estava entreaberta. Atravessei o batente confusa, ainda lenta e dolorida... Por quanto tempo tinha dormido...?

Alcancei uma sala pequena, com várias janelas e ofeguei. Nevava? Aquilo era um sonho? Percebi então que o chão era aquecido sob meus pés descalços e a lareira da sala estava acesa. E não era só isso, aquela era uma casa de pedra... As paredes ali não eram recobertas como no quarto, não, ali era um pouco mais rustico sem deixar de ser elegante. Era aconchegante e lindo.

Como eu tinha ido parar ali?

—  Mãe? Acordou?

Lay surgiu da entrada coberto por um casaco e trazia lenha nos braços.

Eu pude ver as enormes árvores do lado de fora e a infinita neve que seguia até onde a vista alcançava.

Eu assenti para meu querido filho que parecia estar plenamente inserido no contexto, como se tivesse visto neve todos os dias da vida, mas ele nunca viu, embora quando criança desejava ir visitar as montanhas... Eu tinha prometido, mas nunca pude cumprir. Sorri divertida.

—  Eu não cumpri minha promessa então veio por si mesmo e me trouxe junto?

Ele riu deixando visível a sua covinha antes de fechar a porta e se voltar para mim.

 —  É, também podemos ver assim.

—  E onde exatamente estamos, meu amor?

—  Alpes suíços.

—  Jura?

Abria a boca incrédula. Eu dormi por quanto tempo, como fomos parar lá? Tínhamos sido expulsos de casa?

—  Lay, meu anjo, pode ser mais específico?

—  Yifan tem essa casa aqui há alguns anos e ele nos emprestou por um tempo, achei que já estava na hora de você respirar um pouco fora daquela ilha mamãe, já que nosso passeio para o Brasil não durou quase nada, mas a ideia não foi só minha, Tao, Lu e Kris também nos ajudou.

—  Então fugimos e você foi o eleito para me acompanhar porque seus irmãos acham que você pode sair ileso quando seus pais vierem bufando atrás de nós.

—  Eles não vão vir, não fazem ideia de onde estamos, aqui vai ter nevasca pelos próximos dias, ou seja, sem sinal, e além disso, você passou por momentos terríveis e Kris vai deixar bem claro para eles que é justo suas férias merecidas. Dessa vez, eles vão ter que engolir.

Eu vi raiva no olhar de Lay e respirei fundo.

—  Por quanto tempo eu dormi, Lay?

—  Dois dias.

—  Yifan nos trouxe aqui? Como dragão?

—  Sim, você sabia?

—  Sim, eu sabia. Eu e Sehun conversamos sobre ele uma vez – Me aproximei dele e peguei seu rosto entre as mãos – Você brigou com seus pais sobre aquilo não foi?

—  Sim, mãe, eu fiz.

—  Minseok...

—  Ele ainda não tinha voltado quando partimos.

—  Não leve o que aconteceu a ferro e fogo, meu bem, tenho certeza que ele teve um motivo...

—  Não vou falar sobre isso, mãe. Não vamos falar daquilo. Eu trouxe você para descansar, relaxar, ficar bem e ter bons momentos em paz nesse lugar tranquilo e sereno. E é isso o que vamos fazer, só eu, você e minhas irmãzinhas aí dentro. Falo em nome de todos os seus filhos assim não nos deixe tristes e peça para voltar - E ele pegou meu rosto também, com suavidade – Eu quero que sorria mamãe, sempre, para mim, para você mesma e eu sei que não tem sorrido ultimamente, não de verdade, não como era quando eu era menor.

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