O pesadelo só está começando. Pelo menos para Michael.
O policial confere as notas no envelope e o coloca na gaveta de sua mesa.
— É melhor não deixar isso aí. — Digo, apontando para sua mesa e ele assente uma vez.
— É é melhor você se apressar, não temos muito tempo. Vamos, ele está logo ali.
— As câmeras estão desligadas, certo? — Pergunto ao seguir o policial.
— Estão sim, como você pediu. Você tem apenas 10 minutos, é tudo o que eu posso te oferecer.
— Deve ser o suficiente. — Digo, tirando meu paletó.
— Dez minutos. — O policial diz ao parar em frente a uma porta e eu concordo.
Ele abre a porta e eu entro. A sala é pequena, deve ser usada para fazer interrogatórios ou coisa parecida.
E lá está ele, algemado à mesa. Não sei exatamente o que estava esperando, mas eu devia imaginar que Michael seria um homem jovem e atraente.
Ele levanta a cabeça e olha confuso para nós dois.
Quem o vê assim não imagina que ele é um monstro. Mas eu sei do que ele é capaz. Amélia me contou tudo.
Nunca senti tanta raiva na vida como naqueles minutos em que ela me confessava tudo. Acho que não senti esse tipo de raiva nem mesmo quando apanhava do meu pai. Tive que me controlar quando Amélia me contou sobre seu namoro pois não era da minha raiva que ela precisava naquele momento, mas agora eu não tenho motivo nenhum para me segurar.
— Tire as algemas dele. — Digo, desabotoando os punhos da minha camisa e dobrando as mangas.
— Como? — O policial pergunta.
— Você é o advogado do meu pai? — Michael pergunta, seus olhos estão fechados e a cabeça está jogada para trás. Ele parece extremamente entediado.
— Não posso brigar com ele se ele não tiver como se defender. — Digo ao policial e Michael abre os olhos.
— Brigar?
O policial tira as algemas de Michael e nos deixa sozinhos.
— Eu conheço você. — Michael esfrega os pulsos e se levanta.
— É mesmo?
— Você é o amante patético da minha...— Não o deixo terminar. Pulo pra cima dele e o acerto com um soco.
— Ela não é sua! — Berro, com raiva.
Lembro das palavras de Amélia, lembro de como ela estava triste e com medo quando me contou sobre os abusos dele. Eu vou transformar a vida dele em um inferno!
— Mas que porra, cara! — Michael reclama, a mão no nariz, provavelmente quebrado e que jorra sangue.
— Você não tem ideia no que você se meteu. — Digo, sombrio.
— Não, é você que não tem ideia no que se meteu. Você sabe quem eu sou? Quem minha família é? Cara, quando eu sair daqui eu vou...
Outro soco. Michael geme e cai no chão.
Então não consigo mais me segurar. É quase como se algo muito ruim me possuísse.
Agarro Michael e o forço a se levantar. Dou-lhe mais um soco e bato sua cabeça contra a parede e depois o jogo na mesa.
Seguro sua roupa com uma mão e com a outra, fechada em punho, acerto seu rosto repetidas vezes. Com toda a minha força.
— Seu desgraçado! Eu te odeio! Eu vou acabar com sua vida de merda, seu filho da puta!
Michael não tenta mais se defender, acho que está desmaiado ou morto, mas não importa, simplesmente não consigo parar.
Minha fúria me deixa cego e eu tomo uma decisão. Eu vou bater em sua cabeça até que ela se abra e até que esse verme pare de respirar.
Eu vou matá-lo!
— Puta merda! — Ouço alguém entrar na sala e então sou puxado para longe de Michael. Ou o que sobrou dele.
— Me solta! — Grito.
— Você não disse que iria matá-lo! Isso não estava no acordo! — O policial grita e chama ajuda.
Outro policial aparece e me agarra, me puxando para fora da sala.
— Você me deu 10 minutos! Me solta e me deixa voltar lá! — Grito e um terceiro policial surge.
Os três me agarram e me puxam para longe. Eles me seguram com força e me jogam para fora do prédio com violência.
— Vá embora nesse exato momento ou eu vou prendê-lo.
Desabo na escadaria em frente ao prédio. Respiro com dificuldade por causa do esforço, minhas mãos tremem e sou inundado por adrenalina.
Ele mereceu, é tudo o que consigo pensar.
Olho para os nós dos meus dedos, eles estão bem machucados. Respiro fundo e vou embora antes que aquele policial imbecil decida me prender.
O que eu acabei de fazer não muda nada. Não muda o fato de que Amélia, a mulher que eu amo sofreu, mas me ajudou a me sentir um pouco melhor.
Se depender de mim, Michael vai apodrecer na cadeia e todo dia será como um inferno para ele.
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Amélia - Filhos da Paixão #1
RomanceEsse é o primeiro livro da série Filhos da Paixão, spin-off da Série da Paixão. Amélia é o livro que dá inicio a série e conta a história da única filha do Vince e da Ella (Paixão em Jogo). ESSE LIVRO NÃO É ACONSELHÁVEL PARA MENORES DE 18 ANOS.