Capítulo 26

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Mudo a posição do celular, o colocando em minha orelha esquerda.

— Então você está me dizendo que irá fazer o teste? — Pergunto e me aconchego mais em meu sofá.

— É sim, acho que vou. — Kathleen responde.

— E você já sabe quando vai ser?

— Na segunda semana de Novembro. Devo saber se eu entrei um mês depois disso, eu acho.

— Vai ser incrível ter você por perto, prima. Você sabe que pode ficar comigo, não é? É claro, se quiser ter o seu próprio espaço vou entender.

— Talvez eu nem tenha opção, talvez até lá você já esteja casada e morando com o seu maridinho.

— Cala a boca! — Digo, mas não consigo evitar o sorriso que surge em meus lábios. Kathleen ri.

— Seja honesta, você já fantasiou com isso.

— Talvez, mas...

— Que barulho é esse? — Kathleen pergunta, as batidas em minha porta soando altas o suficiente para que ela escute.

— Alguém na porta. — Respondo, levantando-me.

— Essa hora? Quem será?

— Não sei, vou atender e depois te ligo. Beijos.

— Te amo.

— Também.

Encerro a chamada e deixo o celular no balcão antes de girar a chave e abrir a porta.

No mesmo instante um corpo enorme cai em cima de mim e eu tenho que dar um passo para trás para não cair.

— Nate! — Exclamo, tentando segurar seu peso.

— Amélia! — Meu nome sai de seus lábios de uma forma estranha, enrolada e devagar.

Hoje era o dia em que ele e Abigail iriam encontrar Libby para conversar. Depois de muita tempestade Nate acabou concordando com o encontro, mas apenas para dizer tudo o que estava entalado em sua garganta. Ele não foi ao encontro com intenção de perdoar ninguém, mas algo deve ter acontecido, porque Nate está bêbado como um gambá.

— Amor, o que aconteceu? — Pergunto, tentando arrastá-lo para o sofá.

Nate fala algo, mas soa como outro idioma para mim.

— Não entendi. — Digo e o jogo no sofá, respirando com dificuldade por causa do esforço.

— Ela é louca...nem sequer...e depois ela teve a coragem de...daí eu disse...e minha avó disse que eu...mas eu não vou mesmo...

Franzo a testa e descanso as mãos em minha cintura, tentando montar o quebra-cabeça que é os resmungos bêbados de Nate.

— Por favor, diga que você não veio dirigindo até aqui. — Peço, mas Nate não me responde, então vou até a janela e afasto a cortina.

Ao ver o carro dele parado na rua solto um suspiro chateado. Quer dizer, eu sei que ele deve estar se sentindo muito mal com tudo o que está acontecendo, mas...cara, que irresponsabilidade dirigir em um estado desses. É um milagre que ele não tenha se matado!

— Nate, você nunca mais pode fazer isso! Você poderia ter se machucado ou machucado outra pessoa, meu amor.

— Como você acha que eu me senti? Ela estava lá e...de repente era como se eu estivesse...e eu não sabia como...

Percebo que Nate continua com suas frases desconexas e me aproximo. Ele se cala por um momento e levanta a cabeça, seus olhos encontram os meus.

Ele abre a boca para dizer algo, mas não diz. Seu lábio inferior treme e vejo as lágrimas se acumularem como mágica em seus olhos.

Amélia - Filhos da Paixão #1Onde histórias criam vida. Descubra agora