Vícios

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09 de novembro de 2018

Toda vez que me pego distraída pensando em meus desejos do vício me sinto fraca. A diversão dos tolos adolescentes inconsequentes e intocáveis, mas eu não me sinto tão intocável assim, as consequências me atingem brutalmente, eu sinto as escolhas que eu tomei criando forma e pesando em minhas costas.

Saciar os vícios atrasam meu raciocínio, atrasam meus objetivos, me entorpecem demais na satisfação momentânea, e eu quero algo duradouro, quero mais perguntas para procurar mais respostas, quero tirar as correntes que me prendem na caverna, quero mergulhar sem medo de afogar, quero aprender para nunca ficar à mercê, nunca me alienar e tudo exige sobriedade; tudo exige foco. Não posso mais brincar de faz de conta na minha mente, às vezes eu sento e penso, e às vezes eu só sento.

Bate na porta o peso dos compromissos que eu fiz comigo mesma no início do ano. Disse que iria, disse que abriria mão de tudo para ir, mas ainda não sei para onde vou. Trabalhei muito, mas gastei a maior parte do dinheiro em vícios, em momentos que não aguentava ficar comigo mesma, e agora me resta alguns trocados e penso o quão comprometida eu estou com todos esses sonhos; não consigo ver eles saindo do mundo das ideias.

Sigo jurando para mim mesma que não é tarde para manter o foco, então me esforço muito para me manter sóbria e saudável, mas às vezes esses objetivos ficam tão pesados, estou com medo do próximo passo.

Lá fora completa o terceiro dia de tempestade. Os bancos da praça estão encharcados, não dá para ficar andando por aí com tênis furado. Os esconderijos estão lamacentos, os bares estão solitários. A chuva obriga todos a pensar sozinho ou a se molhar por nada na sarjeta. Ninguém está se lamentando aqui, mas eu digo estar satisfeita enquanto penso em uma garrafa de vinho, guardada no armário da sala, com selo de importância de visita. Ah, como eu ainda estou presa. 

O céu não é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora