Conversas

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01 de junho de 2017

Passei alguns dias calma, e aproveitei muito porque já faz meses que sei que esses dias de calma são momentos raros. Minha mãe e eu estávamos bem, mas voltamos a explodir como de costume então queria me concentrar em outras coisas, mas fazia 3 semanas que não sentava no divã e vou evitando ao máximo pensar nas coisas que incomodam, tendo conversas que me fazem perder o ar da maneira mais sufocante possível, mas eu seguro firme pensando estar me contendo pelo meu bem, mas acabo me sufocando mais.

Conversas podem piorar ou melhorar tudo, tive conversas que aliviaram o peito, de tanto falar sobre coisas ruins acabaram me fazendo lembrar do meu velho hábito de reparar nos pequenos detalhes. Detalhes que me fazem levantar de manhã. Uma boa xícara de café puro, o cheiro e como ele me esquenta de dentro para fora, encontrar o romance da época sentado no banquinho em frente à matriz esperando para ir de mãos dadas para a escola, abraços de bom dia, conversas arrastadas e preguiçosas das 7 da manhã. O intervalo no pátio da escola, sentar na sombra e observar as pessoas a nossa volta enquanto ouço um pedindo cigarro ao vento e outro contando sobre a última saída insana ou planejando algo para fazer, ou ficar na parte mais afastada, com grama alta onde bate sol, onde eles fumam sorrateiramente enquanto conversam sobre qualquer coisa porque nós podíamos conversar sobre qualquer coisa.

Jogar conversa fora no final da aula no prédio da esquina, fumar o cigarro casual e depois sentir o gosto na boca que deveria incomodar, mas nunca incomoda. Tomar o caminho para casa no sol de meio dia ouvindo alguém falar sobre a vida e ter conversas profundas sobre o que aconteceu, o que acontece, o que pode acontecer, ou sentar no degrau do morro da rua Brasil e trocar beijos e abraços, esquecendo de olhar a hora de propósito.

Aproveitar todas essas coisas porque é a única salvação para quem vive na linha do limite da sanidade, essas pequenas coisas, muitas vezes minha única motivação. Essas conversas de salvação mostram o pingo da importância, e são tão simples que são grande coisa. 

O céu não é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora