Cabeças iluminadas

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24 de julho de 2017

A mesma fase de insônia permanece se alongando por semanas que formam meses. Já não sei dizer quantas horas de sono estão acumuladas e quando foi a última vez em que eu dormi por mais de três horas. Cochilo em uma pequena distração, mas os pesadelos me despertam e eu não me assusto mais, apenas abro os olhos e suspiro cansada, me viro na cama, ando pela casa, canso os olhos na tela do celular, fico cada vez mais entediada. Inevitavelmente ando distante e com menos vontade de sair do quarto, sinto falta das pessoas, sinto falta de ter forças para sustentar essas relações.

Sinto que andei perdendo amigos com essa ausência, alguns porque precisam ser regados todos os dias sem falta, outros porque precisavam de mim, mas eu não posso ajudar agora, estão ocupados com seus próprios problemas e não posso culpa-los, mas me culpo a todo momento por estar tão inerte. Preciso me sentir viva e voltar a me sentir ativa, preciso correr para a Francisco Lobo e falar e falar, e ouvir também, preciso ouvir essas pessoas, sinto falta dessas pessoas.

Fiquei muitos dias em silêncio pensando sobre a importância dos laços, de trocar palavras, me ligando nessas conexões que parecem frágeis, por pouco se soltam e com a mesma facilidade podem se unir de forma decisiva. As mentes brilham, sempre brilharam, auras sozinhas vagam por aí absortas em suas filosofias sem nexo, mal formadas, até se depararem com a essência certa; duas mentes brilhantes se colidem causando uma explosão de versos inspirados, aventuras literárias, momentos legendários. Elas se ligam, duas mentes atiçando o fogo uma da outra, fazendo o sono parecer um luxo descartável, pura insanidade, criando vontades de pôr o pé na estrada e não olhar para trás, criando a sensação perigosa de coragem insana, de ser destemido e impulsivo. Essas coisas deveriam ser evitadas?

Ah, mas se só bastasse isso, faíscas momentâneas levam um espírito jovem para seu ápice, se alguém der corda ele voa mesmo, para longe, para o leste, para o oeste, para o espaço. Mas não basta só isso. A vida é limitada demais para todos esses desejos e sonhos, e aí eu volto para casa, para a cama, para os olhos vidrados da insônia, querendo mais um dia, para uma nova chance. 

O céu não é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora