Sagrado

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17 de dezembro de 2017

Eu observo seus movimentos acelerados, embora seus olhos pesados estejam te dando um ar lento ultimamente. Eu sinto seu corpo longe demais, e a cada passo que você dá eu me apresso tentando acompanhar, e cada dia que passa tenho mais certeza do quão incontrolável você é.

Eu pensava que tinha me adaptado a sua liberdade, mas a sua inconstância ainda me deixa insegura. Você se parece com uma droga, a qual eu sei todos os efeitos e malefícios e ainda assim escolhi aplicar altas doses em minha veia.

Olho no fundo dos seus olhos ou nas suas pálpebras agitadas enquanto dorme, e consigo ver uma história trágica sendo escrita, toda dor que você pode causar, toda o estrago que você pode fazer, mas prefere me tratar com carinho, me poupando, pelo menos por agora.

Eu ouço sua respiração e me pergunto sobre as coisas que você sonha. Noto seus efeitos em mim, os psicológicos, fazendo com que eu me sinta destemida e viva, e os físicos que vão além dos desejos de toque carnal, dilatando minhas pupilas, deixando meus sentidos aguçados, meus ouvidos atentos para sua voz, meus olhos em shows psicodélicos, com cores brilhantes, o frio na barriga, o arrepio na espinha, a respiração ofegante, a boca que as vezes não sabe emitir sons, mas sabe onde ir.

Na minha cabeça eu escrevo páginas e páginas sobre você, não consigo mais deixar de pensar em metáforas sobre sua íris, sobre cada fio de cabelo, sobre suas roupas e seus hábitos. Escondo teu nome, tento não parecer tão óbvia, mas cada linha tem uma palavra sua. Você e suas palavras de alvorada no domingo fresco com gotas de orvalho, você e suas filosofias do escuro da noite, você e seu cheiro de nicotina e espírito juvenil, você e sua liberdade pura, absoluta e radical. 

O céu não é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora