Capítulo 05. 🌲🖤🌲

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— ELLAIJA! FILHA, VOCÊ PRECISA ACORDAR!

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— ELLAIJA! FILHA, VOCÊ PRECISA ACORDAR!

Acordei assim, ouvindo a voz da minha mãe do outro lado da porta. A primeira coisa que senti ao abrir os olhos foi uma tremenda dor de cabeça que me fez gemer e me contorcer na cama. Meus olhos ardiam e mesmo ainda estando deitada, me sentia tonta como se tivesse girado sem parar durante horas; as paredes pareciam molengas, como se fossem feitas de gordura e estivessem derretendo. Rolei na cama para o lado e caí estrondosamente no chão. Gritei.

— Ellaija? Está tudo bem? – perguntou minha mãe, ainda do outro lado da porta. Eu não conseguia responder sem emitir gritos de dor. Minha nuca parecia inchada e pulsava a cada vez que eu me movia. Ela começou a insistir em abrir a porta, estava trancada. — Seu pai disse que o padre Jiuse vem nos visitar hoje ao entardecer e preciso da sua ajuda.

Ouvi seus passos se afastando, ela parecia estar atarefada demais. Imaginei que quisesse preparar doces e doces para empanturrar o padre Jiuse como todos no vilarejo faziam quando ele realizava visitas. Eu queria levantar e ajudá-la; queria minha disposição de volta. Me sentia vazia de energia. Lembrei de tudo o que aconteceu durante a noite. Eu tive certeza de que não fora um pesadelo pois meu vestido estava enlameado e com ramos finos de arbustos enganchados aqui e ali. Fora isso, eu não duvidaria por conta da dor de cabeça que me restara. Mas, o que aconteceu?
Consegui me levantar e sentar em uma cadeira de frente a minha penteadeira. Meus olhos estavam profundos e avermelhados; meu cabelo estava desgrenhado e quando levei a mão para tocar minha nuca, senti a dor aumentar ainda mais, porém não sangrava. Encarei meu reflexo no espelho e comecei a chorar enquanto todo o meu corpo estremecia. Enquanto buscava compreender os acontecimentos anteriores, me sentia mais tonta e as dores de cabeça aumentavam como se fossem uma esfera de energia crescendo no meu cérebro, algo que agora estava do tamanho de uma laranja.
Olhei para o meu vestido e estava com pequenos estragos e rasgos na barra enlameada; o casaco que eu usara para não ser identificada estava jogado em um canto da parede do meu quarto. Eu precisava de respostas para o que estava acontecendo; ainda precisava entender o que significava aquele objeto e por que ele me mostrara uma visão que no final acabou se concretizando diante de mim. E acima de tudo, eu precisava saber o que havia me acertado na cabeça na noite anterior e como eu fui parar no meu quarto. Eu precisava conversar com uma pessoa e não poderia esperar mais.

— Bom dia, minha querida! Você dormiu um pouco em excesso — disse minha mãe, mexendo em uma panela que borbulhava no fogo. O cheiro era agradável e meu estômago fez questão de me lembrar de uma fome brutal. — Seu pai saiu mais uma vez, ele anda bem ocupado ultimamente, você sabe. Mas jurou que estará aqui antes da chegada do padre Jiuse.

— Ele precisa mesmo vir aqui hoje?
Ela apenas girou para me encarar e bufou voltando sua atenção para o que fazia. Senti minha nuca esquentar e eu estava suando um pouco demais. Cruzei os braços, encostei-me na parede e fiquei em silencio, mas precisava sair dali. Precisava correr para a casa de Rivana. Eu precisava falar com ela.

Além da Floresta | Versão Wattys 2020Onde histórias criam vida. Descubra agora